Marco Antonio

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Quando o elevador chegou ao meu andar, ao mesmo tempo que eu estava saindo, Net e Eduard estavam entrando. Parecia que durante os almoços, eles aproveitavam que não tinha praticamente ninguém lá para conversar.

Assim que cheguei na minha mesa, liguei para Cesar. Ele logo atendeu.

- Alô? - ele disse.

- Vocês nunca trabalham? - perguntei.

- Do que você está falando? Eu estou trabalhando!

- Certo, certo. Mas, enfim... Sabe aquela história de que falamos ontem?

- O lance do Les?

- Sim. Aquele cara apareceu hoje para falar comigo.

- O cara das rosas?

- Isso. O nome dele é Marc Gutierrez. Você conhece algum Marc Gutierrez?

- Não... mas isso não prova nada. Muitos imortais mudam de nome para conseguir coisas diferentes. É muito comum.

- Como assim não prova nada? Ele não é Thompson. Até perguntei se ele tinha algum Thompson em seu nome.

- E o que ele disse?

- Disse que tinha orgulho de suas raízes hispânicas e que jamais se permitiria ser chamado de Thompson.

- Ele soou hispânico?

- Sim.

Ficamos um tempo em silêncio.

- O que eu vou fazer agora, Cesar?

- Lilian, você tem que ficar calma, e por favor, não faça nenhuma besteira. Se você vir o Les, tenha cuidado. Preciso de um tempo para pensar, mas volto a falar com você. Não se preocupe, vamos resolver isso.

- Mas como?

- Vamos encontrar uma maneira...

- Porque talvez eu pudesse passar mais tempo com ele, mas...

- Não!

- Talvez seja a única maneira.

- Não, Lilian, você não vai ficar com ninguém! Com exceção do Joe, é claro. - Após uma breve pausa, continuou: - Olha, eu preciso ir agora, mas vou ver se consigo pensar em algo.

- Tá bom.

- Você espera por mim, ok?

- Ok.

- Falo com você mais tarde.

- Tchau.

- Até - ele disse, então nós dois desligamos o telefone.

Voltei a trabalhar, mas não conseguia pensar em outra coisa. Talvez o Marc tenha razão. A única maneira de acabar com tudo isso é matando o Les. Mas como conseguiríamos fazer isso? O cara tem uma verdadeira fortaleza construída em volta dele...

Alguém chegou e tapou os meus olhos por trás, como se dissesse: "Adivinha quem?".

Prestei atenção, mas tive certeza de que não era nenhum imortal.

- Desisto - falei.

A pessoa rapidamente tirou as mãos dos meus olhos e beijou o meu pescoço.

Era o Joe.

- Joe! O que você está fazendo aqui?

- Alguns caras resolveram brigar lá embaixo... Mas como você está?

Aí, vi que ele estava vestido todo de preto. Incrivelmente charmoso.

- Estou bem. Mas você parece bem.

- Isso é meio que meu uniforme.

- Como você sabe onde eu trabalho?

- A Mon me contou... - Ele pareceu ter se lembrado de alguma coisa e prosseguiu: - Agorinha mesmo, lá embaixo...

- Legal. Então, como vai o trabalho hoje?

- Está mais ou menos. Nada está acontecendo nesta cidade! Não há trabalho a fazer.

- No que você estava trabalhando ontem à noite?

- Ontem à noite? Eu estava trabalhando em algumas investigações.

- Hmmmm... Que homem misterioso... - eu disse, maliciosamente, fazendo-o dar risada. - O que você estava investigando? - indaguei, me aproximando.

- Apenas a vida de um cara.

- Qual o nome dele? - questionei, já bem próxima dele.

- Por que você quer saber? - ele perguntou, gostando da minha atitude.

- Só para ter certeza de que não é nenhum dos meus amantes. - Ele sorriu. Eu dei um selinho nele, e então, voltei a perguntar: - Qual é o nome dele?

- Estou começando a... - mais uma pausa inexplicada - desconfiar um pouco dessa sua curiosidade.

- Só estou perguntando - ressaltei, dando-lhe outro beijinho. Fui abraçá-lo, mas no caminho, minhas mãos deram um daqueles "passeios safadinhos".

- He-ey - ele soltou, também me abraçando. Eu dei um beijo no rosto dele e então, parti para a orelha. - O que você está fazendo?

- Ninguém está aqui - falei.

- Por que você faz isso comigo? - ele dizia.

Ouvi o barulho do elevador e passei a beijar sua bochecha, e depois, a dar selinhos nele.

- Vai me dizer o nome dele?

Ele me olhou como se eu fosse malandra, e logo respondeu:

- Marco Antônio.

- Sim, definitivamente, um dos meus homens.

- Você é impossível.

- Pode acreditar.

- Os caras já devem estar terminando tudo lá embaixo, então eu provavelmente deveria ir.

- Ok. - E dei um selinho nele. - Diga olá ao Marco por mim, ok?

Ele só me olhou e depois, saiu.

Agora, sim, minha cabeça tinha dado um nó. Marco Antônio podia ser um nome hispânico. E Cesar disse que muitos alteravam seus nomes para determinadas coisas. E ainda por cima, o tal do Marc disse que era um orgulhoso espanhol, mas o Les queria se livrar do Joe... Isso era um quebra-cabeça sem fim.

Real.Doc - O que veio antes - Parte 2Où les histoires vivent. Découvrez maintenant