Quando o elevador chegou ao meu andar, ao mesmo tempo que eu estava saindo, Net e Eduard estavam entrando. Parecia que durante os almoços, eles aproveitavam que não tinha praticamente ninguém lá para conversar.
Assim que cheguei na minha mesa, liguei para Cesar. Ele logo atendeu.
- Alô? - ele disse.
- Vocês nunca trabalham? - perguntei.
- Do que você está falando? Eu estou trabalhando!
- Certo, certo. Mas, enfim... Sabe aquela história de que falamos ontem?
- O lance do Les?
- Sim. Aquele cara apareceu hoje para falar comigo.
- O cara das rosas?
- Isso. O nome dele é Marc Gutierrez. Você conhece algum Marc Gutierrez?
- Não... mas isso não prova nada. Muitos imortais mudam de nome para conseguir coisas diferentes. É muito comum.
- Como assim não prova nada? Ele não é Thompson. Até perguntei se ele tinha algum Thompson em seu nome.
- E o que ele disse?
- Disse que tinha orgulho de suas raízes hispânicas e que jamais se permitiria ser chamado de Thompson.
- Ele soou hispânico?
- Sim.
Ficamos um tempo em silêncio.
- O que eu vou fazer agora, Cesar?
- Lilian, você tem que ficar calma, e por favor, não faça nenhuma besteira. Se você vir o Les, tenha cuidado. Preciso de um tempo para pensar, mas volto a falar com você. Não se preocupe, vamos resolver isso.
- Mas como?
- Vamos encontrar uma maneira...
- Porque talvez eu pudesse passar mais tempo com ele, mas...
- Não!
- Talvez seja a única maneira.
- Não, Lilian, você não vai ficar com ninguém! Com exceção do Joe, é claro. - Após uma breve pausa, continuou: - Olha, eu preciso ir agora, mas vou ver se consigo pensar em algo.
- Tá bom.
- Você espera por mim, ok?
- Ok.
- Falo com você mais tarde.
- Tchau.
- Até - ele disse, então nós dois desligamos o telefone.
Voltei a trabalhar, mas não conseguia pensar em outra coisa. Talvez o Marc tenha razão. A única maneira de acabar com tudo isso é matando o Les. Mas como conseguiríamos fazer isso? O cara tem uma verdadeira fortaleza construída em volta dele...
Alguém chegou e tapou os meus olhos por trás, como se dissesse: "Adivinha quem?".
Prestei atenção, mas tive certeza de que não era nenhum imortal.
- Desisto - falei.
A pessoa rapidamente tirou as mãos dos meus olhos e beijou o meu pescoço.
Era o Joe.
- Joe! O que você está fazendo aqui?
- Alguns caras resolveram brigar lá embaixo... Mas como você está?
Aí, vi que ele estava vestido todo de preto. Incrivelmente charmoso.
- Estou bem. Mas você parece bem.
- Isso é meio que meu uniforme.
- Como você sabe onde eu trabalho?
- A Mon me contou... - Ele pareceu ter se lembrado de alguma coisa e prosseguiu: - Agorinha mesmo, lá embaixo...
- Legal. Então, como vai o trabalho hoje?
- Está mais ou menos. Nada está acontecendo nesta cidade! Não há trabalho a fazer.
- No que você estava trabalhando ontem à noite?
- Ontem à noite? Eu estava trabalhando em algumas investigações.
- Hmmmm... Que homem misterioso... - eu disse, maliciosamente, fazendo-o dar risada. - O que você estava investigando? - indaguei, me aproximando.
- Apenas a vida de um cara.
- Qual o nome dele? - questionei, já bem próxima dele.
- Por que você quer saber? - ele perguntou, gostando da minha atitude.
- Só para ter certeza de que não é nenhum dos meus amantes. - Ele sorriu. Eu dei um selinho nele, e então, voltei a perguntar: - Qual é o nome dele?
- Estou começando a... - mais uma pausa inexplicada - desconfiar um pouco dessa sua curiosidade.
- Só estou perguntando - ressaltei, dando-lhe outro beijinho. Fui abraçá-lo, mas no caminho, minhas mãos deram um daqueles "passeios safadinhos".
- He-ey - ele soltou, também me abraçando. Eu dei um beijo no rosto dele e então, parti para a orelha. - O que você está fazendo?
- Ninguém está aqui - falei.
- Por que você faz isso comigo? - ele dizia.
Ouvi o barulho do elevador e passei a beijar sua bochecha, e depois, a dar selinhos nele.
- Vai me dizer o nome dele?
Ele me olhou como se eu fosse malandra, e logo respondeu:
- Marco Antônio.
- Sim, definitivamente, um dos meus homens.
- Você é impossível.
- Pode acreditar.
- Os caras já devem estar terminando tudo lá embaixo, então eu provavelmente deveria ir.
- Ok. - E dei um selinho nele. - Diga olá ao Marco por mim, ok?
Ele só me olhou e depois, saiu.
Agora, sim, minha cabeça tinha dado um nó. Marco Antônio podia ser um nome hispânico. E Cesar disse que muitos alteravam seus nomes para determinadas coisas. E ainda por cima, o tal do Marc disse que era um orgulhoso espanhol, mas o Les queria se livrar do Joe... Isso era um quebra-cabeça sem fim.
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Real.Doc - O que veio antes - Parte 2
Roman d'amourParte 2 sobre o que veio antes. Livro quase que inteiramente dedicado ao Joe. Este livro foi escrito por uma pessoa.