Orelhão

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Chegando no bar, estavam todos, menos o Cesar, o Richie e a Mônica.

- Oi! - disse Joe, vindo nos cumprimentar. Gelei! Ele apenas se virou na nossa direção e mais nada. Não cumprimentou o Fernando e nem a mim. Achei que fosse me cumprimentar de alguma maneira especial depois de ontem, mas não. Ficou imóvel, como se nada tivesse acontecido entre nós. - Por que vocês demoraram tanto? - Joe continuou.

- Espere e verá - eu disse, tentando ser amigável. Realmente me senti como se o chão tivesse saído de baixo dos meus pés.

- O quê? O que devemos esperar para ver? - indagou Rony, que ouvia toda a conversa.

Marianne, que estava distante do Rony e do Joe, se aproximou.

- Oi, Li! - Ela veio me dando um beijo no rosto. - Oi, Fernando. - E ficou parada.

- O quê? Sem beijo para ele? - perguntou Joe. Ela deu uma risadinha e foi dar um beijinho no rosto do Fernando. Este ficou todo sorridente.

- Oi! - começou o Fernando. - Você está bonita hoje.

- O quê? - perguntou Joe.

- Estou dizendo que ela está bonita.

Marianne ficou toda vermelha e dava risada de nervoso.

- Ai, obrigada - ela disse, por fim, se recompondo.

Chegaram Jud e Carlos, e ambos me cumprimentaram com um beijinho no rosto.

- Depois eu quero falar com você - falou Jud no meu ouvido.

- Tá - respondi.

- "Jud!" - Espirrou Fernando mais uma vez.

E então ficamos ali, todos de pé, perto do balcão, exceto pelo Rony, por mim e pela Marianne, que ficamos de pé. Eu fiquei mais quieta hoje. Afinal, depois da demonstração do Joe, eu não sabia mais o que realmente havia acontecido na noite anterior. Não falava quase nada.

- Que foi? - perguntou Jud.

- Por quê?

- Você está quieta hoje.

- Só estou um pouco cansada.

E ficamos lá por algum tempo. Vira e mexe eu pegava o Joe olhando para mim, porque eu também estava olhando para ele.

- O Cesar não vem hoje? - perguntei para Rony. Tentei me distrair com alguma outra coisa.

- Ele deve estar ocupado.

- Por que é tão difícil me dizer o nome dela? Quem é ela?

- Lilian, parece que você está com ciúmes... Você está com ciúmes? – indagou Rony.

- Não! Eu só estou curiosa. Por que vocês estão dando tanta importância a uma garota?

- Ninguém está dando importância a nada - ele tentou.

- Você disse a ele muitas coisas sobre mim, por que você não pode me dizer uma coisinha só sobre ele?

- Porque eu só gosto de falar de você.

- Ah, obrigada, Rony! Me sinto realmente especial.

- Por que você não liga para ele e acaba logo com isso?

- Boa ideia. É o que vou fazer agora.

Então, fui direto para o orelhão lá de fora e liguei para ele.

~ ~ ~

- Alô! – Cesar atendia do outro lado da linha.

- Você não vem pro bar do Anthony?

- Acho que não. Estou um pouco cansado por causa do treino de hoje.

- Ela está aí?

- Ninguééém está aqui... - Aí ouvi alguém chamar o nome dele.

- Ninguém? - constatei.

- Ok. Você venceu, mas podemos falar sobre isso depois?

- Claro! Então depois a gente conversa.

- Ok. Tchau.

- Até.

Desliguei o telefone. Mas por que ele estava agindo assim? Não podia ser vergonha...

Ao me virar, vi o Joe do lado de fora da cabine. Que máximo!

- Oi - ele disse, chegando mais perto.

Ele pegou na minha cintura e em questão de milésimos de segundos, começamos a nos beijar. Ele me encostou na parede da cabine telefônica para isso. O beijo estava muito, muito bom. E para completar, ele estava usando aquele perfume de novo. Minhas mãos se apoiaram na cintura dele e, em seguida, subiram. O cabelo dele era bem macio, gostoso de fazer carinho. Ele já estava quase me esmagando contra a parede, e como isso era bom! Um beijo bem romântico e duradouro. Depois de uns três minutos se beijando, demos uma pausa e nos abraçamos.

- Esse maldito perfume! - eu disse. – Está me deixando louca!

Os lábios dele eram bem carnudos. Não grande, carnudos. Daqueles que instigavam a querer ficar beijando para sempre.

As mãos dele, que estavam na minha cintura, subiram pelas minhas costas, e ele me separou da parede da cabine telefônica para ficar mais perto ainda. Ele me abraçava fortemente, ainda me beijando. Eu fiquei na pontinha dos pés. Depois, ele foi me soltando devagar, e minhas mãos desciam de novo para a cintura dele. Encerramos o beijo, mas ainda dando selinhos, e ele apoiou a mão esquerda no lado da minha calça (naquele fecho por onde passa o cinto), e tocou o meu rosto com sua mão direita. Seu rosto ainda estava relativamente perto do meu.

- Nossa, que chamada longa, né? - eu disse. Ele sorriu.

- Muito... - ele dizia, agora mexendo no meu cabelo. - E estou com sede de mais beijos, então vamos fazer esse telefonema demorar um pouco mais. - E demos início a outro beijo. Agora eu queria sentir as costas dele, mas antes que a minha mão começasse a subir, alguém fazia isso.

- Hum-hum. - Paramos o beijo para ver quem era: Rony. - Poodle? - ele falou. - Você... tem alguma coisa pra me contar?

- Que foi um telefonema bem longo?

- Bastante - concordou Joe.

Rony pensou um pouquinho e então pareceu meio que apavorado. Levantou as mãos e começou a dar alguns passinhos para trás.

- Ah, não... Vocês não vão me envolver nessa história! - ele disse.

- Ron? O que você vai fazer no próximo sábado? - perguntou Joe, separando-se de mim. Começamos a andar em direção ao bar.

- Pode esquecer - ele disse. - Eu não vou acobertar vocês.

- Claro que você vai - falei. - A propósito, qual é o seu número de telefone?

Joe sorriu para mim. Rony ficou meio perdido. Ele abriu a porta, mas antes que eu e Joe entrássemos, demos um último selinho.

Real.Doc - O que veio antes - Parte 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora