Capítulo 6 - Volcano

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Minho

Não havia sido a melhor das noites se levasse em consideração o quesito conforto, afinal, aquela era uma cama de solteiro, então era de se esperar que nós dois não fôssemos dormir tão bem ao dividi-la. No entanto, a manhã seguinte compensou qualquer incômodo que eu pudesse estar sentindo no meu corpo por ter apagado naquele pequeno espaço, pois como despertei antes de Han, tive a sorte de poder reparar que nós dois acabamos mudando de posição durante o sono e agora ele estava aninhado sobre o meu peito e com o braço passando por cima da minha cintura, e por mais que eu soubesse que não era muito prudente me deslumbrar por aquela aproximação inconsciente, era muito gratificante ter o cara que eu gostava me abraçando daquele jeito.

Inspirei fundo, porém com cuidado para não acordá-lo, e alcancei meu celular no bolso para poder conferir o horário. Eram apenas seis horas da manhã, não tinha necessidade de levantar ainda, pois se eu começasse a ensaiar a partir das sete, certamente faria o dia render como gostaria. Eu sempre tinha sido muito responsável com os meus compromissos profissionais, então até questionei se não estava pegando muito leve comigo mesmo apenas para poder curtir mais um pouquinho daquele momento, porém, quando Jisung apertou mais a minha cintura com o braço durante um reflexo onírico, eu tive certeza de que havia feito a escolha certa e sorri por estar ali com ele.

Eu nem tinha grandes motivos para estar feliz, era óbvio que eu havia ficado contente por saber que ele gostava de mim, mas Han estava muito inseguro e relutante a respeito dos seus próprios sentimentos, o que poderia significar que talvez não houvesse futuro para nós. Entretanto, o fato de existir uma pequena probabilidade de dar certo, já me preenchia com esperança suficiente para garantir o meu bom humor naquele dia.

Era bom sentir o peso dele sobre mim, mesmo que eu soubesse que estava ali apenas cumprindo a função de um travesseiro. Ainda que desejasse passar a mão pelos seus cabelos, eu não queria acordá-lo no susto com uma carícia que talvez nem fosse bem-vinda, então apenas permaneci quieto e apreciando em silêncio o arfar tranquilo da respiração dele.

Jisung era fantástico e eu sabia que ele devia ter conhecimento do quanto era especial, mas ele não manifestava isso para outras pessoas porque realmente gostava de se manter humilde. As únicas vezes em que eu o presenciara contando vantagem por algum de seus dons, havia sido totalmente na brincadeira e sem nenhuma intenção de atingir alguém ou despertar inveja.

Certamente a sua benevolência era uma das coisas que eu gostava nele, mas o carisma era o seu ponto mais alto, pois ele conseguia transmiti-lo, independente do cenário em que estivesse inserido. Han era bonito, mas isso não era nem de longe um diferencial nele, pois sua beleza era muito mais comum do que singular, porém, se o colocassem em uma sala lotada das pessoas mais bonitas do mundo, ele ainda assim seria a alma daquele lugar e roubaria os holofotes facilmente no instante em que abrisse a boca - a personalidade dele era tão atraente, que jamais passaria despercebida.

Eu podia ser considerado um cara bonito dentro dos padrões geralmente apontados pela sociedade, mas sabia que ainda não possuía grandes atrativos quanto ao meu jeito de ser e teria que trabalhar mais para poder destacar meu carisma de uma forma distinta do restante do grupo. Jisung não, ele já estava pronto, ele tinha nascido para ser uma estrela. Eu era como o início de um rascunho em uma folha branca, Han já era uma página de poesia.

Em meio aos outros garotos, eu já tinha captado os boatos sobre Jisung ser esquentadinho, e dava para notar isso quando ele e algum membro se estressavam de vez em quando, mas comigo Han era mais doce do que mau e eu não conseguia resistir a isso, pois a atenção dele aumentava o brilho do meu coração vazio e me fazia sentir especial. Diferente das pessoas que corriam do seu temperamento, eu tinha vontade de abraçá-lo. Por isso eu não me importava que ele levasse um tempo para processar suas emoções a meu respeito, pois eu não queria que ele se machucasse. No que eu pudesse, ia protegê-lo de passar por uma experiência ruim na primeira vez em que havia se interessado por um garoto.

Em Suas MãosWhere stories live. Discover now