Capítulo 4 - Chill

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Han

De todos os infortúnios que poderiam me acontecer, apaixonar-me por um garoto era a última coisa que eu desejava, porém, não estava tudo perdido ainda, enquanto fosse apenas platônico da minha parte, havia tempo para que aquele sentimento desaparecesse e nada ruísse ao nosso redor.

Entretanto, todas as tentativas de que aquela emoção se esvaísse, pareciam extremamente falhas, era como se eu estivesse tentando cortar água com uma faca, pois a cada minuto que eu vivia ao lado de Minho, o sentimento parecia apenas aumentar, sem chance alguma de reduzir. Talvez a minha única saída fosse forçar um afastamento, mas eu realmente não queria ser obrigado a isso.

Era uma sexta-feira e eu estava ciente de que passaria o fim de semana sem ter contato presencial com ele, uma vez que não andávamos ensaiando nos sábados e domingos, então imaginei que isso ajudasse a dar uma aplacada na minha angústia. Mesmo assim, embora pudesse me apoiar nesse pensamento, nada mudava o fato de que ainda tínhamos aquele dia inteiro pela frente e eu me desmancharia por cada uma das risadas contidas que ele daria até o fim daquela diária.

— Vamos? — perguntou Minho, porém eu estava muito distraído e não tomara nota do que havia sido dito antes disso.

— Vamos onde?

— No parque, como daquela outra vez. Faz mais de um mês que não passamos lá.

Eu não sabia se aquilo seria uma boa ideia, pois estava abalado demais naquele dia e poderia ser mais seguro permanecermos junto aos outros garotos para não correr risco de que eu me perdesse ainda mais nos olhos dele.

— O que foi? Você está hesitante hoje — observou Minho. — Você está incomodado porque eu tentei melhorar aquele passo? Eu só queria te ajudar, não era para soar superior, nem nada assim...

— Não, não é isso.

— Então o que é?

O garoto continuava a me olhar com certa preocupação e eu comecei a me sentir culpado por tirar a sua paz, sem nem ao menos poder lhe dar motivos do porquê.

— Não é nada, podemos ir — falei.

Deixamos a sala e fomos andando em silêncio até a entrada do prédio, mas quando saímos dele, Minho fez com que eu parasse, antes de seguirmos o restante do caminho.

— Tem certeza de que aquilo não te incomodou? — questionou novamente.

Eu respirei fundo.

— Tenho — respondi, tentando sorrir.

— Certo...

Minho aceitou a minha resposta, mas a expressão em seu rosto não parecia ter comprado ela. Continuamos a andar os quarteirões em total quietude até alcançar a praça e foi apenas quando finalmente sentamos na grama, que ele se pôs a falar mais uma vez.

— Você sabe que pode conversar comigo, se tiver um problema, não é? Qualquer que seja. Eu te contei aquela vez sobre a minha acrofobia, porque você me passou confiança, então quero que possa se sentir igual junto a mim.

Até mesmo com aquela expressão consternada no rosto, confuso entre demonstrar compaixão e estar se sentindo apreensivo quanto ao meu desconforto, ele parecia a pessoa mais bonita que eu já tinha visto. Na real, só pelo fato de ele demonstrar preocupação, a sua beleza já aumentava exponencialmente e o meu coração se aquecia, ao mesmo tempo que desabava de um penhasco emocional.

O que eu poderia fazer para tranquilizá-lo, se eu próprio não estava conseguindo me manter calmo diante da sua presença?

— Eu agradeço por isso, hyung, mas fique tranquilo, eu estou bem — menti outra vez.

Em Suas MãosWhere stories live. Discover now