IMAGINES • AHS

JIMMY DARLING | PART I

Não aguentou, a dor de seu peito era grande o suficiente para que você não conseguisse controlar as lágrimas, que brotaram e escorerram aos montes mesmo com seus olhos fechados.

— Arrumem um lugar pra ela ficar, depois que ela estiver hospedada, levem ela até minha tenda. Quero conversar com a mocinha pra entender o que aconteceu — a mulher do circo disse novamente, e pelo silêncio que se instarou no lugar, você constatou que ela havia saído dali.

Não teve coragem de levantar sua cabeça e nem de abrir seus olhos, tinha vergonha de encarar as pessoas que ali estavam, você podia sentir que havia vários pares de olhos te observando ali, e logo um barulho afofado de passos pelo gramado fora ouvido por você, o barulho e a sensação de proximidade fora percebido por você que começou a sentir seu coração disparar pelo medo e a ansiedade do que aquelas pessoas diriam para você, seu subconsciente gritava em agonia com o medo da rejeição e o medo de escutar mais discursos indesejosos e humilhantes direcionados a você.

Sufocou um grito e se engasgou com o susto ao sentir uma mão em seu ombro, se obrigou a abrir os olhos e levantar sua cabeça para saber quem era que estava te tocando, a mesma mulher com barba apoiava uma das mãos em seu ombro, e do seu lado estava um homem que você não lembrou de ter visto quando chegou. Ele é alto, sua pele tinha aparência pálida mas em algumas partes dos seus ombros e braços estavam levemente avermelhados, assim como em suas bochechas, indicando os sinais de um dia quente que fazia na Flórida, seus olhos escuros te olhavam com curiosidade e com uma pitada de pena, seu cabelo loiro escuro é curto nas laterais e em cima havia um amontoado a mais de cabelo levemente ondulado que fazia um topete sutilmente bagunçado, seu olhar curioso passou mais uma vez por ele, e então você notou algo de diferente em suas mãos, alguns de seus dedos pareciam grudados, e então uma memória recente lhe invadiu de ter escutado algumas pessoas na praça comentarem que haviam ido ao circo e visto um homem que tinha garras de lagosta no lugar das mãos; sua primeira impressão deste era de que ele é um homem muito bonito, mas não o suficiente para você que não passava de uma manca inútil e que agora era suja na sociedade — segundo sua mãe.

— Se acalma, você vai acabar infartando desse jeito — a mulher se pronuncia mantendo a mão em seu ombro —, aqui ninguém vai te machucar. Não precisa ter medo.

Não conseguia falar, ainda estava muito assustada e com medo, sua resposta se resumiu em apenas um balançar breve de afirmação com a cabeça.

— Eu me chamo Ethel — ela apresenta com uma voz doce e amigável.

— E eu sou Jimmy... Jimmy Darling — o rapaz se pronuncia do lado da mulher com um sorriso receptivo no rosto, este piscou para você, que no mesmo instante sentiu seu rosto esquentar com resquício de vergonha por ter um homem tão bonito como ele sorrindo e piscando para você.

Olhou para ambos com mais atenção e fungou, secando seu rosto com as mãos novamente para ficar no mínimo apresentável.

— Eu sou a S/N — murmurou baixo com a voz levemente rouca por ter ficado muito tempo sem usá-la.

— Muito bem, querida — ela diz e esboça um sorriso pequeno em seu rosto, fazendo uma leve carícia em seu ombro em uma forma de te consolar e te acalmar —; todos somos uma família aqui, protegemos uns aos outros, e sempre recebemos muito bem novos membros — ela assegura para te deixar mais segura.

Se arriscou em olhar ao redor e havia mais pessoas espalhadas pelo gramado que te olhavam com curiosidade, outros esboçavam um sorriso pequeno para te trazer mais tranquilidade. Não estava com medo daquelas pessoas por suas condições, nunca foi algo que te incomodou por saber na pele como era ser rejeitada pela sociedade, por mais que sua condição não era muito visível, sempre fora alvo de piadas quando andava, não tinha amigas e sua única companhia para a vida inteira fora sua mãe, que mesmo sendo rígida da forma que era, te tratava minimamente bem, até descobrir que estava sendo mal falada pela cidade, que por ser interior, agravava a situação e se espalhava com mais velocidade; seu medo real era de que eles também te julgassem, e que te maltratassem por ter perdido sua "pureza" com um homem antes do casamento, mas aparentemente eles não pareciam se importar, ou não sabiam do ocorrido por também serem excluídos da sociedade, assim como você.