JIMMY DARLING | PART I

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Procurou se manter no mínimo apresentável secando suas bochechas banhadas com as lágrimas usando os dedos e as palmas das mãos, ademais, a humilhação fora tanta que você tinha medo de te recusarem pela sua baixa autoestima e por se sentir um ser inútil, como sua mãe nomeava.

Sem dizer uma única palavra, sua mãe sai do carro e praticamente marcha a passos duros até a porta traseira, abrindo a mesma do lado em que você estava; com receio de apanhar novamente ou escutar alguns dos palavreados de sua mãe, você exitou por alguns instantes antes de colocar um pé para fora e sair com cuidado do carro, seu olhar se desviou para seus pés e procurou ignorar o olhar de juras de morte que sua mãe lhe direcionava. Não demorou muito para que algumas pessoas aparecessessem curiosas com a chegada repentina de um visitante durante o dia, algumas daquelas pessoas continha condições diferentes das outras, uma mulher muito alta e musculosa, havia uma mulher ou uma criança muito pequena em seu colo, outra mais baixa e com barba — aparência de meia idade. Rapidamente seus olhos captaram a imagem de uma mulher elegante e loira, usava meias longas escuras, salto alto e vestido com aparência cara, seu rosto continha uma maquiagem extravagante, porém fina, todo o conjunto dela é extremamente elegante, dos pés à cabeça.

Conforme ela se aproximava, ela esboçou seu melhor sorriso e se pronunciou:

— Boa tarde — ela diz com o tom manso e formal —, é uma honra recebê-las, mas o nosso show começa depois das sete da noite.

— Não vim ver show nenhum — sua mãe respondeu amarga —, soube que costuma comprar aberrações pra apresentar no seu circo, pois eu tenho uma — direcionou um olhar cortante para você que voltou a abaixar a cabeça minimamente por sentir o peso da humilhação —, essa pode ficar até de graça se quiser.

Podia sentir o olhar da mulher sobre você, ela te avaliava de baixo para cima, aquela situação estava sendo pior do que você imaginava.

— Mas não vejo nada de diferente nela — a mulher responde com um tom leve de confusão.

Escutou uma risada nasal da sua mãe e logo sentiu um empurrão mediano em seu ombro.

— Vai, anda pra ela ver — ela diz em um tom autoritário.

Sentiu seus olhos arderem com os indícios das lágrimas que começaram a brotar e formar pequenas poças destas na linha d'água dos seus olhos; soltou um suspiro em uma tentativa de engolir o choro, deu alguns passos enquanto a vontade de chorar aumentava. Você tinha dismetria, havia nascido com uma perna menor que a outra, e a diferença era o suficiente para que, quando você caminhasse, tivesse que mancar pela diferença de comprimento entre as duas, sentia os olhares de todos voltados para si, se sentia no meio de um palco aonde você era o alvo do ridículo e de piadas maldosas, lembranças conturbadas da escola te consumiram naquele momento fazendo com que você chorasse sem conseguir se conter, abraçou seu corpo e manteu seu rosto voltado para o gramado para tentar esconder as lágrimas que escorriam do seu rosto e pingavam na grama a frente dos seus pés.

— É uma manca que não enxerga aonde é seu lugar, se achou especial e me trouxe dor de cabeça — escutou sua mãe dizer acidamente após você parar de andar.

A suposta dona do circo — que você desconfiava ser —, permaneceu alguns minutos em silêncio ponderando nas falas da sua mãe, sabia que se ela recusasse, você não teria para onde ir.

— Fico com ela, mas não vou te dar nenhum centavo — a mulher se pronuncia de forma direta —, a condição dela não é muito perceptível.

— Que seja — escutou sua mãe responder grosseiramente.

Não se atreveu a olhar, mas escutou os passos apressados desta pela estrada de terra até o carro, escutou o barulho de algo sendo jogado no chão e ali você tinha quase certeza que era sua mala. Apertou seus olhos com um pouco de força ao ouvir o barulho do motor do carro e as rodas rolando pela terra e pelos pequenos pedregulhos da estrada, aos poucos o som se distanciava, ali você teve a confirmação de que sua mãe realmente a deixara, não imaginou que isso poderia acontecer um dia, mas ela realmente havia abandonado ali.

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