Migalhas de folha carbonizada caíram sobre o chão. Durante o processo de destruição, Chuuya se responsabilizou em comprimi-lo até esmagar o livro, já Akutagawa fatiou tudo com o uso do Rashomon, e por fim Akin o carbonizou. Esse processo foi repetido muitas vezes até finalmente iluminar a sala.
As cinzas não cintilaram mais. Só restaram o cheiro de queimado e as manchas escuras pelo chão e pelas paredes.
— Conseguimos ? — foi um questionamento temeroso vindo do superintendente.
Dazai não teve certeza se todos viram os cinco feixes de luz que se espalharam para lados diferentes. Ele estava prestes a perguntar sobre isso quando uma risada abafada foi emitida atrás dele. Quando o detetive se virou, encontrou a Madame Bovery com a mão na frente dos lábios.
Ao contrário da primeira vez que a viu, a mulher vestida em trajes de época estava perdendo seu brilho. A bainha de seu vestido começava se desintegrar, e seus olhos começavam a se tornar escuros e opacos, de uma única cor.
— O livro... — o pensamento lógico de Dazai não conseguiu se prender apenas em sua mente.
Outra risada escapou da mulher. Uma melancolia se agarrou ao seu olhar sólido.
— Do que vale a existência de uma guardiã se não há nada para guardar ? — ela perguntou filosoficamente — Eu protegi o livro das mil vidas. Eu dei início ao fim da história. Meu trabalho foi feito, e não tenho arrependimentos disso.
Um sorriso tranquilo ficou em seus lábios enquanto sua pele se tornava um cinza pálido e arenoso. Partículas pequenas voaram por aquela pequena sala no Museu de Bonecas, e a Madame Bovery se fora.
• • •
As hélices causavam incômodo àqueles que estavam mais perto da superfície do Argo. A aeronave da superintendente dada como morta dois dias atrás chegou após a da Agência, no mesmo veículo vieram Kyouka e Atsushi.
Os pés de Midori caíram sobre o barco silenciosos como um gato. Parecia rejuvenescida e leve apesar de apresentar várias manchas de sangue em suas roupas pretas. Cumprimentou alguns profissionais antes de olhar para a frente, já sabendo quem a aguardava. Akutagawa estava na entrada que levava ao interior do navio. Seus braços cruzados e a expressão séria deixaram Atsushi tenso, mas não intimidaram a mais velha.
— Oh, maninho ! Como foi sentir minha falta ? — Midori brincou se curvando um pouco para seu irmão.
Só agora Kyouka percebera que Midori tinha a mesma altura que Dazai. Sua atenção se voltou para a veia saltando da pele pálida do rosto de Akutagawa. Matéria escura saiu de seu sobretudo, deixando a ponta afiada a centímetros do peito da espiã.
— Impactante, eu diria. Quer sentir falta de oxigênio também ? — ele retrucou irritado com o sorriso que a mais velha insistia em expandir.
— Vá banhar, Midori ! Você está fedendo a esgoto. — Exclamou a mulher de cabelo cinza e olhos vermelhos.
Clarice estava atrás de Akutagawa, abrindo espaço para ver Midori em carne e osso.
— É assim que me tratam ? Eu quase morri para vencermos e nem sou recebida com flores ou um aumento ? — ela questionou alto, uma indignação exagerada rasgando sua garganta.
Um ruído emanou do alto falante acima da porta. Um frio percorreu a espinha da morena. Havia se esquecido completamente que existiam escutas por todo o Argo.
— Falaremos de aumentos depois. Ocorrerá uma reunião em vinte minutos, apressem-se. — ordenou a voz rígida da Capitã.
Quando voltou a olhar para frente, Midori viu que Clarice tentava segurar uma risada exorbitante entre seus lábios pressionados. Ela arquejou irritada, partindo para dentro do navio.
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Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs
غموض / الإثارةDo que vale um planeta com vida se ninguém nele sabe realmente viver ? Seria erronio e precipitado da sua parte pensar naqueles sujeitos engravatados como mais almas tragados pela correnteza ? Ela não sabia. A única certeza absoluta era que todos a...