Tríade Armagedom | Bungou Stray Dogs

Capítulo 4

A taça foi virada de cabeça pra baixo, e surpreendendo os dois amigos, o vinho tinto não escapou de seus lábios. Quando voltou a deixá-la encima da mesa, os olhos castanhos de Dazai e os cinzas de Midori o encaravam arregalados.

— Se forem julgar, que falem na minha cara ! — Chuuya exigiu incomodado, mas nenhum dos dois o respondeu.

— Não é um julgamento. Só estou certa de que nenhum de nós mudou tanto. — a Akutagawa alegou enchendo seu copo de whisky novamente, chegando ao fim da garrafa.

Dazai, observando que o copo de Midori estava tão cheio que quase chegava a borda, tomou a liberdade de depositar um pouco da bebida em seu copo. Um equilíbrio perfeito.
As orbes cinzentas certamente desejavam sugar sua alma naquele momento.

— É claro que mudamos. Você principalmente, e não estou falando só da cicatriz sinistra e do corte de cabelo. — o detetive comentou, sabendo que Midori estava evitando qualquer contato visual — A notícia da sua morte foi uma farsa, e trocou a Máfia do Porto pela tal Diretriz da Meia-Noite ?! Oque tinha lá afinal ? Dinheiro ? Uma vida menos caótica ? Ou talvez...

— Segurança. Algo que eu perdi na Máfia. — sua resposta deixou os dois de sobrancelhas arqueadas, sem entender ao oque ela se referia.

— A história é longa, mas basicamente aquela missão foi uma emboscada feita pela liderança da máfia. A Diretriz da Meia-Noite me salvou, e me manteve protegida por todos esses anos. Aquela explosão me deixou entre a vida e a morte, e percebe-se que eu não escapei ilesa. — disse sem precisar apontar o óbvio.

Aquela cicatriz em seu rosto era uma lembrança vergonhosa. Era uma marca que Mori e a Máfia do Porto haviam deixado estampado em sua pele e escancarado para quem a vissem. Foi a primeira vez que falhara em uma missão.

— Nossa organização é “secreta”, e tem como objetivo proteger usuários de habilidades ao redor do mundo de perigos globais. Fazemos isso através de operações inconstitucionais...

— Clandestinas. — Chuuya a interrompeu soltando uma palavra melhor do que “inconstitucional”.
Midori o ignorou naquele momento, concentrada em sua explicação.

— Não importa o meio que usamos, o que importa é que somos eficientes. Somos inimigos da Decadência do Anjo justamente pelos seus objetivos em usar o livro que muda a realidade. — ao dizer isso, os dois jovens se entreolharam intrigados.

— O que quer dizer com “livro que muda a realidade” ? — o executivo da máfia perguntou curioso, inclinando-se para mais perto de Midori, praticamente deitado sobre a mesa.

— Não tenho permissão de dizer muita coisa, mas temos certeza de que isso afetará todos os usuários de habilidades ao redor de mundo, sem nenhuma exceção ! — afirmava em um baixo tom de voz.

Ouviram Dazai bufar de desconforto.

— Entendi. Só teremos informações se nos juntarmos a você e sua equipe riquinha, não é ?! — ele perguntou já sabendo a resposta quando Midori balançou a cabeça.

— Que bom ver o seu raciocínio rápido agindo. O papel de vocês é passar essa mensagem para seus chefes. O ponto de encontro será marcado por mim mesma. — Midori respondeu sorrindo, com a mão sobre o peito e o sorriso de ponta a ponta.

— Vocês dois são mendigos do mesmo beco ! — Chuuya grunhiu pegando a taça de vinho novamente.

— Pelo o que eu me lembre, não fomos nós que dormimos no meio do parque depois de beber descontroladamente.