02 | VERDUGOS, CORREDORES E UM LABIRINTO PROIBIDO

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Não demorou para que o restante dos garotos se aproximassem de Lizzie e do novato, cercando-os enquanto inspecionavam o recém-chegado com curiosidade. Era possível ouvir os murmúrios confusos, as vozes misturando-se umas com as outras, deixando a maior parte das palavras ditas difíceis de compreender.

─ Que tipo de Encarregado ele vai dar? ─ alguém perguntou, um pouco distante.

─ Já disse, cara de mértila ─ uma voz estridente respondeu ─ Ele é um plong, logo será um aguadeiro... Não tenho a menor dúvida quanto a isso ─ em seguida, o garoto riu de sua própria fala, como se tivesse acabado de contar a piada mais engraçada de todas, e provavelmente era exatamente isso que pensava ter feito.

─ Calem a matraca! ─ Alby gritou, impaciente, numa tentativa de manter as coisas minimamente organizadas ─ Onde você estava? ─ ele se voltou para Lizzie, ignorando a presença do garoto ao seu lado.

Ela olhou para a multidão de garotos que a cercava no momento, a atenção deles voltada repentinamente para ela, suas bocas enfim fechadas. Um grande grupo de curiosos, era o que eles eram.

Em meio a eles, Lizzie viu Chuck. O menino se encolheu, escondendo-se atrás de outro garoto para tentar evitar o olhar da amiga sobre si. Ela sabia que não devia o culpar por não conseguir distrair um grupo tão grande como aquele sozinho, mas não pôde evitar se sentir ligeiramente irritada.

─ No bosque com o Tagarela ─ ela apontou para o lugar. Tinha o costume de passar parte de seu tempo livre ao lado do cachorro, por isso imaginou que a mentira pudesse cair bem.

Alby a analisou por um momento, buscando por qualquer incerteza ou hesitação em seu rosto.

─ Ei! Alby! ─ a voz de Gally chamou a atenção de todos ao longe.

O garoto corria na direção do grupo, saindo do bosque, do mesmo lugar em que Lizzie havia saído poucos minutos atrás. A garota arregalou os olhos, desejando que Gally mantivesse a boca fechada. Mas era óbvio que ele não faria isso.

Um pouco atrás do líder, alguns Clareanos trocaram sussurros, conversando uns com os outros sobre o assunto. Bastaram poucos segundos para que as vozes baixas dos garotos se tornassem mais altas, todos eles falando ao mesmo tempo, tentando fazer com que suas próprias palavras sobressaíssem as de seus colegas. Estavam desesperados para serem ouvidos e obterem respostas sedentos por uma história que pudesse lhes entreter. Lizzie não os culpava por isso. Viver na Clareira, cercados sempre pelas mesmas pessoas e acontecimentos, poderia ser considerado um pouco monótono.

─ Calados! ─ Alby gritou, irritado, fazendo com que o silêncio voltasse a se instalar no ambiente ─ Estão parecendo um bando de maritacas descontroladas! O que foi, Gally?

─ Ela estava... ─ Gally começou a falar assim que parou na frente dos colegas, suas mãos apoiadas nos próprios joelhos, a respiração pesada, entrecortando sua fala ─ A Lizzie... ela estava...

─ Dando comida para o Tagarela! ─ ela fez questão de falar a primeira coisa que veio em sua mente. Não era uma de suas melhores mentiras, mas para aquele momento, deveria bastar ─ Tudo bem, Gally, você me pegou. Eu invadi a cozinha para alimentar ele de novo, foi mal, Caçarola.

─ O quê? Nã... ─ Lizzie pisou forte no pé do garoto, olhando para ele com um sorriso estranhamente falso e ameaçador enquanto dava batidinhas não tão fracas em suas costas ─ Ai!

─ Tudo bem, já chega ─ Alby deu fim ao assunto, parecendo cansado ─ Todos vocês, voltem aos seus trabalhos, ainda temos algumas horas até o dia terminar.

Parecendo decepcionados pelo fim nada divertido da pequena confusão, os Clareanos se afastaram, pouco a pouco, cada um indo para seu próprio lado, até que os únicos que restassem ali fossem Lizzie, Alby, Newt e o gatoto novo.

GAME OF SURVIVAL, minho (maze runner)Where stories live. Discover now