O reflexo em seus olhos

Erros e mais erros: 25

Com a música alta na parte mais externa da grande casa e o som de vozes próximas, Simone sentiu-se estremecer de vergonha ao perceber o que haviam feito ali. Sentindo o corpo quente e familiar de Alessandro colado ao seu por pouco não lamentou no mais profundo de sua alma ao afastar-se dele, de seu calor, do amor impregnado em suas peles unidas. Ainda estava abraçada a ele e isso a matava lentamente, lágrimas escorriam do canto de seus olhos e o sentia derramar as próprias angústias em seu peito. A testa descansava onde seu coração fraco batia, o queria perto e com ela, mas as lembranças da traição ainda feriam e confundiam seus sentimentos desencontrados. Os dois tremiam e isso lhe doía. Se levantou e procurou se recompor mesmo que todo seu ser queimasse em lástima. Não devia ter cedido, falhara e agora se machucaria mais. Sairia mais destroçada do que pensou que poderia ou suportaria.

Alessandro ajustava sua roupa bagunçada, calçou envergonhado sua camisa e a vestiu. Abotoava os botões enquanto se levantava e a fitava em um misto de raiva e dor. A amava, desejava a implorar para que permanecesse ao seu lado e o perdoasse. Por que não podiam ser felizes? Tudo lhes fora negado e roubado em um piscar doloroso de olhos. Ela parecia evitar seu olhar, o corpo se esquivava do seu e os olhos desviaram do encontro mortal com remorsos e emoções dilaceradas. Ela iria sair e o deixar para trás após um tórrido reencontro e tomado por impulso, querendo reclamar a indiferença com o que confessaram os seus corpos, ele não a permitiu sair. Segurou seu braço quando essa se encaminhou perdida e desnorteada até a porta e a fez o encarar. Olhos feridos como feras enjauladas encontraram o incêndio devastador que habitavam suas pupilas.

- E como sempre a grandiosa Tebet vai embora - Zombou Alessandro a vendo puxar o braço de sua mão.

- Fui tola, me deixei levar por pura vontade..., mas não vai se repetir - Ergueu seu queixo imperiosa e deu um passo para trás.

- Como sempre. Quando estiver com tesão outra vez vai me procurar pra depois fugir - Murmurou com olhos irritadiços - O quão fútil você consegue ser?

- Cala a boca, Alessandro! Não fala mais besteira - Sentiu um nó na garganta e uma mão repousou no ventre - Não fique agindo como se não tivesse sido bom pra você.

- As vezes ser usado e usar é útil - Mentiu estufando o peito de ar com os olhos magoados dela.

- Me usou?! - Apertou o tecido em seu vestido sentindo uma fisgada.

- Foi o que fez comigo também, qual o problema? - Deu de ombros sentindo o coração pesar como chumbo.

- Melhor eu ir. Tudo entre nós foi um grande erro no final - Limpou rápido as lágrimas em suas bochechas.

- Que bom que não tive uma filha com você... Não queria uma mulher como você sendo a mãe de um filho - Desejou a magoar quando seu corpo rasgou com as palavras dela - Desse erro não preciso pagar preço.

- O que quer dizer com "uma mãe como você"? - Sua respiração falhou.

- Imagina uma mulher que se deita com qualquer um por necessidade... ou dinheiro, vai ver que vem daí sua riqueza - Se arrependeu de suas palavras a partir do momento que saíram amargas de seus lábios.

Fora maldoso e o preço disso veio na forma de um forte e alto estralo em seu rosto. Queimou profusamente o choque de sua bochecha com a mão pesada que a mulher usou para lhe golpear. Ela respirava devagar, os olhos transbordavam em mágoas ardentes, o remorso foi o soco que merecia no estômago. Ele segurou o pulso dela quando a mesma pareceu que o esbofetearia de novo. Seus rostos ficaram rentes e corações destruídos, aos frangalhos, vazaram das órbitas.