Confusão de sentimentos: 4

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Um dia ensolarado e monótono se seguia. Como de costume, quase virando uma verdadeira rotina mensal, a ministra fora palestrar na universidade e pelo seu sorriso quem estivesse atento poderia dizer que talvez aquela fosse uma das melhores partes do seu dia na atualidade. Ela esbanjava simpatia pelas turmas que passava, sendo seguida de perto a cada palavra e movimento por olhares joviais e concentrados, seu sorriso largo e olhos brilhantes delatavam sua paixão naquele ambiente. Agradecendo a atenção e amabilidade dos presentes ali a mulher se despediu com ansiedade e expectativa para uma próxima vez, que pelo olhar hipnotizado e sorriso cheio de apreciação do reitor teriam infinitas outras vezes se assim ela aceitasse.

Quando deixaram a sala o mesmo a convidou para uma cafeteria singela e aconchegante que ficava nas proximidades da universidade. Por um segundo a mesma pensou em negar e seguir sua agenda, mas cedeu alguns minutos para conversar com o ele, não poderia negar que amava sua companhia. Quando sentaram à uma mesa mais reservada, no interior do encantador estabelecimento, fizeram os pedidos e por alguns segundos apenas se encararam de uma maneira que poderiam sentir o fôlego sendo arrebatado sem que sequer tenham tocado um ao outro, um breve e avassalador momento que fora cortado pela mulher que desviou o olhar e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha como se parecesse tímida arrancando um sorriso bobo do homem a sua frente.

- Você foi ótima hoje - Pegou nas mãos dela sobre a mesa.

- Tenho a ligeira impressão que você sempre acha isso - Sorriu com diversão.

- Não me julgue. Seu talento com a oratória é espetacular - Quando ela trouxe as mãos para si, ele se ajustou na cadeira.

- Ora, não é para tanto - Riu.

- Eu diria que sim, é para muito - Deu de ombros.

- Como vai a rotina de reitor? - Cruzou as pernas e retirou o blazer deixando nas costas da cadeira.

- O mais corriqueira possível - Brincou - Como vai a rotina de ministra?

- Agitada - Levantou as sobrancelhas e sorriu com certo humor.

- Posso imaginar. Obrigado por achar um espaço na agenda para vir encantar os alunos com suas palestras.

- Encantar os alunos? - Se recostou na cadeira e tomou um gole de seu chá.

- Sim. Ficam completamente deslumbrados com você - Afirmou, observando os gestos lentos dela agora.

- Não sabia que tinha esse poder - Levantou uma sobrancelha e mordeu o lábio inferior com um singelo sorriso.

- Tem mais do que pensa - Suspirou.

- O que quer dizer com isso? - Provocou, deixando sua xícara na mesa, passando as mãos pelos cabelos.

- Não só os alunos ficam hipnotizados em você - Engoliu em seco quando ela se inclinou vagarosa à mesa e colocou um dedo ao próprio queixo.

- E quem mais fica "hipnotizado" reitor? - Sua voz soou melosa.

- Eu, por exemplo. Se tem algo que se torna impossível de fazer é desviar os olhos de você.

- Só quando estou palestrando? - Continuou seu jogo, passando seus olhos lentamente por ele, o queixo descansado na mão e sorrindo com o canto dos lábios.

O reflexo em seus olhosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora