Um dia livre: 7

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A madrugada avançava serenamente, calafrios arrepiando peles descobertas, uma brisa suave passeando livremente por ruas vazias e mortalmente caladas. A escuridão mais intensa a medida que as horas passavam com displicência.

Alessandro estava deitado ao sofá com Simone encolhida no pequeno espaço junto a ele, a cabeça descansada em seu ombro, os cabelos trazendo um aroma doce ao seu nariz e o fazendo despertar devagar. Os braços a envolvia lhe refugiando perto dele, uma mão dela repousada em seu peito nu o aquecendo, um sorriso apaixonado desmoronando as estruturas do mesmo com a bela e inigualável mulher que tinha em seus braços. Percebera que a música cessara, tentou se mover, sem acordá-la, buscando olhar em seu relógio de pulso as horas. Arregalou os olhos ao perceber o quão tarde já era e gemeu frustrado pensando que teria de interromper o sono sereno da mulher e a levar para longe de seu calor. Tocando as bochechas dela com as pontas dos dedos, a chamando com calma e suavidade em sua voz, a contemplou acordar lentamente. Uma respiração longa deixou a mulher e seus olhos fitaram os dele com satisfação.

- Já está super tarde, não é? - Tapou a boca, com a mão, ao bocejar.

- Infelizmente... - Lamentou, Alessandro, bufando - Se você quiser dormir lá em casa, minha cama tem bastante espaço para nós dois. Mais que esse sofá.

- Dispenso sair em sites de fofoca com uma foto minha deixando sua casa logo de manhã - Entortou os lábios - Essa noite foi ótima, mas não vamos entrar em polêmicas com isso.

- Como quiser, meu bem - Soltou o ar frustrado.

- Preciso achar meu sutiã - Cobriu os seios com o vestido, se sentando, o escuro atrapalhando sua visão.

- Eu acho que você fica espetacular sem eles - Sentou-se ao lado dela e beijou seu ombro nu.

- E eu discordo totalmente dessa afirmação pervertida sua - Riu baixinho, empurrando-o levemente com o ombro - Me ajude a encontrar esse bendito sutiã, por favor.

- Não quer deixá-lo de recordação aqui comigo? - Se levantou junto a ela e a abraçou por trás, beijando sua nuca.

- Eu estou falando sério, Alessandro - Sua voz soou fraca com os beijos dele descendo por suas costas.

- Eu também estou - As mãos dele espalmavam quentes pelo abdômen dela.

- Pare com isso! Eu preciso ir - Fechou os olhos e abriu a boca quando ele apertou seus seios.

- É tão impossível resistir a você e ainda ter que te deixar ir - Resmungou, a apertando contra si.

- Mas terá de aprender isso - Retirou as mãos dele de seu corpo e tentou se afastar, mas fora puxada outra vez para ele, agora de frente.

- Ou você poderia passar esse restinho de noite comigo - Implorava, descendo beijos molhados pelo pescoço dela.

- Já te expliquei que não posso - Apertou os cabelos dele entre seus dedos, respirando fundo com os beijos.

- Não sei se tenho muita sorte ou muito azar - Parou os beijos para a encarar.

- E por que diz isso? - Um olhar intrigado ocupou suas órbitas castanhas.

- Bom, tenho muita sorte em ter passado essa noite surreal com você - Beijou o queixo dela - Mas um baita azar de não poder amanhecer ao seu lado - Escondeu o rosto no peito da mulher que riu.

- Quanto sofrimento o desse pobre coitado - Ironizou, aos risos, acariciando os cabelos dele com diversão - Vamos então pensar na parte onde se tem "sorte" aqui - O viu erguer um olhar de cachorro abandonado que a fez lhe dar um selinho.

O reflexo em seus olhosWhere stories live. Discover now