Ela está o que?: 14

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Sirenes soando, luzes piscantes pelo derredor, pessoas cercando um carro solitário ao meio da pista com uma mulher semiconsciente, menos de trinta minutos haviam passado. Uma transeunte encontrara o carro da ministra ao meio da pista e ligara para a urgência. Logo o local tornou-se a atenção de curiosos, repórteres, uma ambulância e policiais cercando para manter a segurança e restrição de acesso a cena do acidente.

Simone despertou lentamente, a respiração pesando, uma mão fraca indo a testa que doía. As pontas dos seus dedos voltaram pegajosos com o sangue. Ela tentou se mover, mas todo seu corpo arrebentou em dor com isso, e gemeu baixo, engasgado. O lábio inferior ardia com um corte, a bochecha vermelha com o impacto, do queixo até o olho com escoriações. Seu abdômen doía insuportavelmente, engoliu sua vontade de chorar com a dor. A cabeça pendia para os lados, pesada e dolorida, seu coração acelerava desenfreado. As sirenes faziam sua cabeça martelar, reverberando em ecos pelos seus ouvidos que tinham um zunido devastador. A garganta pulsante como se seu coração batesse ali, tentava olhar ao derredor, com o movimento de seu pescoço limitado, mas tudo estava distorcido em sua visão borrada.

- Ministra - Uma voz desconhecida lhe chamou, uma luz ofuscou seus olhos, sendo direcionada as suas pupilas - Consegue me ouvir? Consegue responder? - O paramédico abria seus olhos, uma luva em contato áspero com sua pele.

- S-sim... - Respondeu fracamente, baixo, sussurrado.

- Me diga seu nome completo, se conseguir - Direcionava a luz de um lado à outro checando se seus olhos seguiam.

- Simone... N-na... - Cerrou os dentes com a dor, os olhos fecharam-se para a luz e sua cabeça voltou a girar.

- Consegue dizer onde dói? - Uma mão repousou no rosto da mulher, com cuidado, tentando manter sua cabeça estável.

- T-tudo... não... não consigo - A mulher puxou o ar, o abdômen contraindo em dor com isso - respirar... direito.

- Vamos tirar a senhora daí - O paramédico informou quando outros agentes vieram ajudar a abrir a porta emperrada - Não tente se mexer - Instruiu.

Quando conseguiram abrir a porta, com muito esforço, o paramédico tocou o tórax da mulher buscando fraturas nas costelas, as mãos desceram para seu abdômen, tateando, onde a mesma chorou em dor e agonia. Chamou os outros paramédicos ali para que trouxessem a maca. Ela balbuciou entre palavras desconexas, vagas, curtas, quase incompletas, e baixas que havia um homem lá. Tentou dizer que não foi um acidente e entre gemidos sufocados ela foi imobilizada na maca. As mãos deixadas repousadas no ventre, o pescoço estático, os olhos fechando e abrindo vagarosos, sua consciência quase se esvaindo outra vez. Simone fora colocada na ambulância, as luzes ali pareciam mais intensas, o lugar lhe deixava claustrofóbica. Sentiu a pele do braço perfurada, uma máscara de oxigênio fora posta em seu rosto. O sangue em sua testa secava, mas o local ferido ainda latejava, e com as pálpebras pesando a mulher sentiu um enjoo forte atingindo-a antes de desmaiar outra vez.

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Alessandro começou a se preocupar quando a morena demorou para chegar. Pela última mensagem trocada, onde ela avisava que estava saindo do apartamento, a mesma já deveria estar ali. A sensação ruim, devastadora, voltou a atingir na boca de seu estômago, o coração parecia explodir. Tentou ligar, todas as chamadas caíram na caixa postal. Não suportando mais a falta de respostas e a angústia crescente, e gritante, o homem deixou sua casa e dirigiu com um pé afundado no acelerador. Os olhos observando cada ponto, e então sentiu sua alma ser levada do corpo quando viu uma movimentação diferente, preocupante, no meio do caminho até sua casa. Ele parou o carro, quase saltando do mesmo, e correu até o lugar. As sirenes alarmantes, as luzes vermelhas e azuis deixando os olhos incomodados, repórteres conversando com autoridades. Um caos escondendo o real foco da atenção.

O reflexo em seus olhosWo Geschichten leben. Entdecke jetzt