Conto BDSM: O submundo BDSM de Lara

Little Jully

- Lembra qual era a ordem? - Eu estava rindo.

- Essa não... Eles já devém estar lá e procurando a gente! - Ela pega o celular apenas para confirmar as ligações perdidas.

- Vem! Vamos lá para tomar sorvete! - Segurei a mão dela e andamos em passos largos, entre a multidão, mas ao chegar lá, combinamos que seria melhor dar a volta e chegar por trás para dar um sustinho neles. Essa ideia foi de Nix, e foi de fato engraçado, mas embaraçoso explicar que demoramos mais na loja do quê pensei que demoraria.

- Dessa vez só vai passar que não tenha atendido as ligações porque você ainda está aprendendo as suas regras, mas precisamos por ordem neste caos, mesmo no little space, se acontecer de novo, terá um castigo para você. -  Senhor Érabo falava para Nix que concordou, mas logo voltou a apertar e cheirar a linda pelúcia coelhita que cheirava a morango, como quase tudo naquela loja.

- O que quer lanchar agora, criturinha desobediente? - Hades não me deu a mesma oportunidade, conversaremos sobre isso na quarta, o novo dia de leitura do caderninho.

- Bolo e sorvete! - Disse empolgada, a pelúcia que eu escolhi estava quase pulando da minha mochila, pois prefiro as mãos livres.

- Também quero bolo e sorvete, Thai! - Nix estava cada vez mais solta, talvez tenha notado a magia por trás de fazer algo "estranho" em grupo.

- Oiii! - Chega Jully, como se tivesse tomado um banho de purpurina, acompanhada de Laís. - Mommy, também quero pelúcia! - Ela disse após olhar que ambas tínhamos.

- Uma boa noite, senhores e meninas - Disse a bela mulher, com ar gothic. - É uma pena que o encontro deste mês também tenha sido cancelado, mas é um prazer poder vir conhecer a Nix, Jully estava superansiosa ao saber que temos mais duas Baby's na comunidade.

Engoli seco e vi que Nix queria se esconder no seu Daddy. Um aviso teria sido no mínimo gentil da parte deles. Jully fez questão de pôr uma cadeira entre mim e Nix, os seus olhos brilhavam e ela estava com ar muito animado. Ora, será que ela esqueceu que noutro tempo eu cheguei a criticar-la? Por fim, todos exceto Nix, cumprimentaram a senhora Laís.

- Lara, estava com saudades! É divertido saber que gosta agora do age e te ver vestida assim! - Ela possui uma voz fofa e agradável, e um cheirinho de chocolate, mas mesmo assim, me deixou muito desconfortável. - Nix, prazer em conhecer você! Eu soube que você começou logo no age, eu também! Me diz, o que esta achando de ter um Daddy que é simplesmente um dos caras de fama de maior sadismo da nossa roda? Só Lara para estar pior nisso! - Ela ria sem se importa com estar sendo ouvida. - Os nossos Tops são até bem-parecidos, acredito que tempos muito em comum para conversar!

- Oi Jully, Estava com saudades também. - Disse meio sem graça, afinal, não queria esse lembre indireto nesse momento.

- Diz oi para elas, Nix. - Érabo incentivou, mas Lúcia parecia mais perto de passar mal do que de falar qualquer coisa.

- Há, ela não fala? Mas é fofa, ainda mais com essas bochechas. - Jully toca nas bochechas de Nix, mas logo eu puxo a mão dela e Jully me olha questionando, sem entender bem.

- Jully. - A moça que a trazia a chamou atenção. - Lembra do que te falei sobre as meninas? Hum, seja educada.

- Nix é baby, Lara é Mild, mas menores do que eu. - Ela disse como se repetisse. - Não é para olhar as outras Baby's com as mãos, não é para gritar e não é para brigar com ninguém, eu devo ser uma boa menina. - E sussurrou a última parte. - Se não vai tirar a minha fralda e castigar o meu bumbum. - Ela voltou a rir.

- É... Oi, senhora, Laís. Oi jully. - Nix disse após algum tempo. - Sou, Nix, conversamos no grupo. - Disse o final para Jully que estendeu a mão para Nix que olhou por algum tempo antes de cumprimenta-la. - Não gostaria nem um pouco de falar sobre sadismo agora, desculpe.

- A, claro... Nós pode conversar mais baixo para não incomodar eles, né? - Jully finalmente falou baixo. - Do que conversavam?

- Sobre sorvete e bolo. - Respondi.

O filme foi agradável, tirando que os três tops presentes resolveram brincar de formas e em momentos diferentes com a própria posse.

- Eu jogo como submissa também, mas eu amo tudo no Little space, gosto de ser age play dentro e fora de sessão. - Jully falava bastante, o que era de fato agradável frente a fila enorme a qual estávamos, para ir ao brinquedo. - Ter um Top no papel de cuidador(a), usar mamadeira ou copinhos de canudo, usar fraldas, vestir roupas fofas, brincar e dormir com ursos, brincar com diversos brinquedos de menina, ser tratada como a garotinha, a princesa a ser protegida e guiada... O único ponto é que esse tipo de troca, muitas vezes já começa parecido com uma 100 de 100. É quase que começar jogando em quase que um tipo de M/s. O controle de um Daddy ou de uma Mommy é de muito poder sobre uma little. É preciso ter cuidado na escolha do cuidador(a) e não é fácil para quem domina também. Pensa o quão diferente, sensível e espontânea uma little é em comparação com uma submissa convencional. Deve estar sendo um desafio e tanto para os top's das duas! Eu conheço eles há uns dez anos e sei que eles lidavam mais com submissas do tipo, cadelinhas bem masoquistas. - Por mais que isso pareça normal para Jully, esse comentário acaba gerando alguns maus sentimentos. Tais sentimentos que por mais de uma vez me fez errar, por ciúmes e medo.

- Muitas relações de Top Cuidador(a) e pequeno(a) acabam caminhando rapidamente para violência e isso se dá por ser uma relação mais complexa. - Lembrei-as dos fatos - Pode ser difícil para a little se expressar e naturalmente, a última palavra seria sempre do Daddy.

- É preciso negociar bem antes de começar uma relação assim. Até porque, existe toda uma questão de dependência emocional a qual é difícil que não acabe acontecendo no Age Play. - Nix pareceu incomodada com essa fala de Jully.

- Ok, mas dependência emocional é ruim mesmo se for de fato uma relação onde o dominante está cem por cento para sua baby e a baby está cem por cento para o seu Daddy? - Jully consentiu antes mesmo de responder. - Isso de julgar carência e dependência emocional é complexo.

- Sempre é complexo! - Jully confirmou. - Não vivo sem a minha Mommy e não é por ela ser minha Mommy. Nos conhecemos na época de escola, a nossa amizade foi virando amor e quando éramos adolescentes, percebemos que não queríamos separar-nos e viver outras histórias... Sou sujeita de mais para falar desses temas, amo um carinho.

- Não se preocupe, Lu. - Eu peguei a mão dela, ela estava a nosso meio. - Tio Thailor não é um falso dominante e ele disse que te ama fora do BDSM, simplesmente experimente. Se nos isolarmos no medo, iremos acabar sozinhos, sem amar ninguém e sem sermos amadas.

- Mas espero que vocês conheçam os seus limites, Lara e Jully. - Pela primeira vez, Nix falava seria. - Eu entendo bem de solidão e entendo mais ainda sobre ser abandonada, machucada, traída e destratada por que deveria estar cuidando de mim. Mais vale o retorno a solidão do que a dor sem fim de ser machucada por alguém. Quem machuca nunca muda e se mudar, não temos este tempo. Cabe a nós afastar-nos de pessoas más. Por bem, todas três temos sorte.

- Tendo bons Daddy's, no resta ganhar colinho, carinho, chupeta, cuidados... - Jully dizia e eu a interrompi.

- Com cuidado vem junto regras, controle de tudo, castigos, restrições, palmadas de manutenção, punições, ordens... - Jully sorriu, Nix observava-nos a todo tempo. A nossa vez para na roda gigante estava quase chegando e podíamos ver dali os nossos parceiros que já estavam retornando.

- Não dá para negar que essa dinâmica é envolvente! Amo fazer algo para depois ir para o colinho da minha Mommy quase quanto amo-me vestir Kawai para assistir desenhos, animes, ver algum filme, ou sair por aí! - Jully baixou um pouco a barra e o cinto, revelando a parte superior de uma fralda e então sussurrou. - Eu estou de fralda, sabiam?