Conto BDSM: O submundo BDSM de Lara

- Confie em mim

- Nath, por favor, eu juro que irei-me comportar melhor, mas deixa isso para quarta-feira... - Disse enquanto ele já tomava o caderninho em mãos e indicava-me para ir ao quarto.

- Lara, combinamos sábado, mas você volta e meia arrumava um jeitinho de fugir. Arrumava, pois, agora que está aqui, não irá mais escapar. - Ele chama-me para entrar com um gesto, dou passos curtos ainda pensando em algum meio de evitar - Já fizemos isso diversas vezes, não sei porquê há semanas que você foge tanto.

- É que, bom... Eu sou de Lua! - Disse  com um sorriso bobo, afinal, não teria como ser mais literalmente isso. - Já está tarde, o dia foi tããoo cansativo. Ah Nath, deixa para outro dia, porfavorzinho!

Hades havia fechado a porta do quarto e sentado sobre a cama, olhava-me com o mesmo olhar de início, o mesmo olhar analítico de sempre. Então ele chamou-me com um gesto para sentar em seu colo, mas sua expressão estava ainda mais seria e parecia mais bravo a cada palavra minha.

- Lara, no mínimo médio protocolo agora. Não estarei-te punindo por isso neste momento, mas se adapte a me chamar de Dom Hades, Senhor, Senhor Hades ou Dono. - A voz dele me corrigindo por si só já me causava arrepios. -  Tem total liberdade para me chamar por apelido ou pelo nome enquanto estivermos baixo protocolos, mas agora "Lara" - Ele subiu o tom de voz a partir do momento em que usou o meu Nick. - Trate de começar a se comportar como a submissa que espero de você. Obedece e vem. Vamos conversar sobre as falhas da semana, tratar de sua punição para terminar a semana. Entendido?

- Sim, Senhor. - Disse engolindo o que estava sentindo, com os meus pensamentos se atropelando e a indecisão sobre o que falar, se falar ou se fico quieta... - Não me puxa, por favor, irei obedecer agora, por favor. - Disse em tom baixo e já o evitando olhar. Não é um protocolo nosso, mas é um jeito de proteger-me quando estou insegura.

- Não chega a ser boa menina assim, mas já está bem melhor para começar. - Ele ainda parecia sério, mas agradeci mentalmente por ele ter esperando eu movimentar-me sozinha. - Vejamos. Desconsiderando que me ignorou, bloqueou e fez uma imensa confusão no lugar de falar comigo primeiro, não foi tão mal essa semana.

- Mas desculpe-me por isso também, senhor Hades, eu sei o quão infantil eu fui e que não se resolve nada sumindo desse jeito... - Sentia que ele me olhava de cima, mas me mantive quieta, entre suas pernas, olhando para as minhas mãos.

- Lara, Lara... Brinca com fogo e depois não quer se queimar? Seguiu com sua mania de me dar tapinhas e até pôs a língua... Não atendeu a minha ligação...

- E eu quebrei espaguete de propósito. - Disse após rir sem querer, melhor logo dizer o que pensei do que parecer estranha por rir sem motivos. - Foi engraçado.

- Adora-me deixar bravo não é? - Disse-me pegando pelo cabelo e fazendo o encarar. - No fundo, sei que ele também achou engraçado, mas não pude evitar. - Bem, iria pegar leve com você, mas agora acredito que você merece um pouco mais. Você não é tão boazinha o quanto finge ser, não é? - Adoraria brincar com o fogo, adoraria-me queimar, mas a posição causa-me uma forte dor na base do abdómen o que obriga a encolher as pernas com urgência.

Me encolhi um pouco enquanto sentia a contração se dissipar. Dom Hades havia-me soltado e encarava-me com um meio sorriso. Antes de voltar a falar.

- Poderia-te punir com um cinto hoje, mas suponho que uma palmatória basta. - Olhei para ele protestante. Hades estava com um ar desafiador, sabia bem que já estava decido. - Umas quinze vezes deve ser o suficiente para hoje, não? Concorda e aceita a sua punição ou tem algo para dizer em sua defesa?

- Dono... É que eu... - Busquei as palavras dentro de mim, precisava de um meio de me expressar. - Me desculpe, é que eu não estou bem, por favor senhor Hades... - Senti as minhas mãos gelar e um leve tremor em resposta ao medo que me tomou. Quinze naturalmente seria tão o pouco, mas hoje isso seria tanto… Especialmente lembrando  da força, intensidade e frequência que Hades costuma usar, provavelmente seria extremamente agoniante seguir até o final.

- Hum, não esta bem é? - O tom dele era mais irônico do que preocupado, será que não estava convencido de que eu não estava mentindo? - E o que você tem?

- Eu... droga... - Sussurro a última palavra enquanto me sinto extremamente envergonhada - É a lua... - Ele veste luvas de couro enquanto olha as palmatórias. Busco um último fio de coragem dentro de mim, pois isso é humilhante. - É que eu estou com cólica e mais umas coisas...

- Há, é isso. - Ele diz simples, enquanto passa por mim, indo de volta a cama. - Eu reparei e já sabia, então, Lara? Iria-me contar ou tentar fugir para sempre? Esperava que eu fosse ler a sua mente, menina?

- Desculpa, mas o que eu iria fazer, chegar em ti e dizer. Hei, Dono, não consigo jogar hoje porquê estou no final da fase lútea do meu ciclo menstrual? - As palavras me fugiram sem pensar muito, mas logo me arrependi, não estava falando com as minhas irmãs ou amigas, mas sim com o Senhor Hades.

- Isso, exatamente isso o que deveria ter feito desde a primeira vez. - Ele disse quão logo eu terminei de falar. - Agora vem, tira só essa legging e deita no meu colo.

- Não! - Estava surpresa, pois, pensei que ele desistiria de continuar. - É se eu estiver suja, isso é vergonhoso… - Ele riu e me chamou de forma gestual, atendi ao chamado, mas contrariada.

- Lara, acredita que justo eu iria me importar com sangue? - Tirei o all-star para conseguir retirar a Legging, não que eu de fato quisesse fazer. - Que carinha é essa? Fez por merecer.

- É que eu irei me machucar com isso... - Admiti o que pensava, afinal, me sentindo frágil e dolorida, um spank parecia ser a coisa mais distante que eu poderia querer.

- Isso não é verdade, meu brinquedo. Eu não irei-te machucar. - Ele tocou meu rosto o que atraiu o meu olhar a ele. - Gosto de seguir certos protocolos e rituais a risca, mas confie em mim, minha pequena.

- Eu confio em ti, meu Dono. Disse-me dando por vencida. - E sim, eu entendo, concordo e aceito que serei punida. Ainda não perguntou, mas sei que serei punida por ter-te provocado a semana inteira...

- Sabe, minha menina, que eu sou bem flexível com punições, tu podes e deve usar a safe se algo não estiver bem, porém uma punição não é nada exato do tipo: Se fizer isso recebe aquilo. Não adianta fazer manhã, pois eu sei quando faz manhã e quando não esta bem. Eu sempre estarei-te observando. Uma punição varia consoante a gravidade do erro cometido, suas motivações e claro, o seu atual estado físico e emocional. Sempre te darei a medida que pode e merece. Entendido? - Ele dizia enquanto me ajudava a me posicionar entre as suas pernas, debruçando parte do corpo sobre a cama.

- Sim, senhor Hades. Obrigada por sempre cuidar de mim, penso que eu sempre dou um jeito de fazer besteira... - Disse buscando segurar com as mãos, uma parte do lençol a baixo de mim, pois sinto que preciso apertar algo.

- Eu cuido por que você não é um saco de batatas, criaturinha, você é a minha submissa. - Senti as mãos dele passar por minhas costas e entendo logo que devo relaxar o corpo.

Sinto o primeiro impacto e então me lembro, a dor sempre será aquilo que o dominante quiser que seja. Então os próximos vem, são aplicados com a luva e não chegam a ser tão fortes quanto normalmente, mas simplesmente deixei-me reagir. Estando emocionalmente mais sensível, resolvi não lutar contra o desejo de chorar. Hades me conhece cada vez mais e bem sabe que estou confortável por estar chorando "no colo" dele. Ele intensifica os impactos, e o mundo todo parece se resumir em estar ali, no colo do meu Dono.

- Se sente bem? - Ele disse quando parou e após um afago no meu cabelo.

- Existe algo relaxante nisso. - Brinquei com a situação, mas há uma grande verdade sobre isso. - Já terminamos?

- É... Sim, terminamos. - Em minha mente se passou: senhoras e senhores, pela primeira vez vista por aqui, Hades mentindo! Sorri para ele. Algo no seu tom e o enrolar no "é", me diz que a verdade seria o oposto disso. - Mas ainda quero brincar com você no banho.

Fiquei de pé e o segui sorrindo para o banheiro, de fato me sentia renovada após aquele spanking e com bem menos cólicas do que quando começamos.

Sempre há aqueles detalhes que parecem embaraçosos de conversar, e este é um dos topos de lista. Ser mulher é ser de fases, todo o Top que e que domina alguma mulher, sabe ou deveria saber disso. Seja a criatura "complicada e perfeitinha" que você é, não adianta tentar fugir ou se esconder. Ele entende e vai entender.