Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

Capítulo 28

- Era isso que eu queria saber, por isso resolvi tentar salvá-lo e usei essa informação para convencer sua tia a curá-lo, por que sabia que ela poderia fazer isso.

- Minha tia não concordaria em curar um caçador.

- Mas ela concordou e o fez, sua tia também quis saber a razão que fizera com que aquele caçador se tornasse um traidor da Igreja.

- E ela soube?

- Não sei, mas para mim ele contou que foi para proteger a localização de vocês, bruxos.

- Isso não faz o menor sentido.

- Talvez ele fizera isso somente por que não queria ser mais caçador, pelo menos foi o que ele me disse. Então o trouxe para cá, já que não poderia mais voltar para o Tribunal, para tentar ser um cavaleiro e servir ao Reino.

- Um caçador tornar-se cavaleiro? - ironiza ela. - Isso ainda não faz sentido, temo pela segurança das crianças que estão aqui.

- Não se preocupe, ele não fará nada a vocês, eu garanto.

- Eu não te conheço o suficiente para confiar em você.

- Eu entendo, mas pode confiar na palavra de um cavaleiro - diz ele sorrindo.

- A palavra de um cavaleiro é confiável, Dimitri?

- Pelo menos a minha é - assegura o cavaleiro fitando o rosto desconfiado da bruxa. - Você não me disse o seu name ainda.

- Freya.

- Bem, Freya - diz ele levantando-se -, vou deixá-la continuar o que estava fazendo. - Ele olha para a placa de madeira e para o arco na mão dela.

Dimitri sai do estábulo e vai para a Torre da Cavalaria.

Freya recomeça a atirar as flechas na placa.

- Por que minha tia não me contou que curou um caçador? - pergunta ela para si mesma ao atirar uma flecha.

○○○

Beatrice estava encolhida debaixo do lance de degraus que dava acesso ao segundo andar, para se esconder da mãe e da irmã, que a procuravam no andar de cima. Ela tivera que sair de seu quarto para fugir do assunto sobre o seu noivado com o Conde de Salinas.

Ela estava tão concentrada ouvindo os passos das duas passando pelo corredor acima, que não percebeu que alguém se aproximara.

- Está tudo bem? - indaga Oliver atrás dela.

Beatrice coloca a mão na boca para abafar o grito de susto que saíra por sua garganta. Ela fita espantada com o homem de pele acobreada e cabelos encaracolados, que a encarava com seus olhos negros como o céu em noite sem estrelas.

- Você me assustou - sussurra ela entre constrangida e irritada.

- Desculpe - diz o bruxo timidamente -, mas o que a Senhorita está fazendo debaixo da escada?

- Estou me escondendo de minha mãe e minha irmã.

- Por que?

- Shhh... - chia ela com o dedo indicador sobre os lábios em sinal de silêncio e puxando-o para debaixo da escada -, fique quieto.

Eles escutam os passos de ambas se aproximarem do topo da escada.

- Elas não podem me ver aqui - cochicha Beatrice.

- Vem comigo.

Oliver a pega pela mão e a conduz pelo corredor até seu quarto.

- Aqui elas não vão te achar - diz ele fechando a porta -, este é o quarto onde estou hospedado.

- Agradeço a sua ajuda - diz ela sentando-se na beirada da cama.

- Agora se me permite, posso saber por que estava se escondendo? - pergunta ele sentando-se em um banco em frente à mesa de leitura.

- Por que elas querem discutir sobre os preparativos do meu noivado e eu não quero falar sobre esse assunto.

- Então a Senhorita é noiva.

- Pode me chamar de Beatrice, e você é....?

- Oliver.

- Eu vou ficar noiva, contra minha vontade, de um homem bem mais velho que eu.

- Bem Senhorita Beatrice, pode ficar aqui o quanto quiser.

- Agradeço mais uma vez, Oliver. - Ela pousa os olhos em cima de um livro que estava na mesa -, acho que já li esse livro.

- Eu o peguei no Mosteiro da Graça, onde estava hospedado antes de vir para o Castelo Real.

- Você o roubou?

- Não, claro que não; peguei emprestado, pretendo devolvê-lo um dia.

- Você gosta de ler?

- Eu aprendi a ler no mosteiro, mas ainda tenho dificuldades para entender muitas palavras.

- Se quiser, eu posso continuar te ensinando a ler.

- Eu aceito. - Ele a encara com seus olhos negros brilhantes. - Então o combinado vai ser você me ensinar a ler melhor enquanto poderá se esconder aqui sempre que precisar.

- É um bom acordo.

Os dois sorriem.