Real.Doc - O que veio antes - Parte 2

Nova turma

Um belo dia, estávamos eu e Eduard trabalhando como nos outros dias, e de repente, Net fala no interfone:

- Green e Silva... Reunião de grupo às 10:30 na Sala 3... É melhor comparecerem!

- Não dá vontade de esganar esse cara pelos sustos que ele dá? - Eduard perguntou, com razão... afinal, nós dois pulamos da cadeira quando o Net começou a falar. Como sempre, Net revidou:

- Seu tonto... - Eu dei risada.

~ ~ ~

Logo chegou 10:30h e lá fomos nós para a tal da reunião. Na sala, havia umas vinte pessoas, porém, eu só conhecia o Net e muito de vista, o amigo do Fernando, o Paulão.

Logo o Net começou a reunião... Nela, ele, um tanto cara-de-paumente, disse que o único motivo para nos reunirmos ali era nos conhecermos melhor. Pois muitos de nós (assim como eu) éramos novos na empresa e ainda não tínhamos nos familiarizado com as outras pessoas que trabalham lá. Depois disso, ele se reuniu na multidão e foi conversar com o povão...

- Por que ele sempre faz isso comigo? - Começou a histeria, o comediante Eduard. - Eu estava feliz, apenas fazendo meu trabalho... Agora eu tenho que vir aqui e conhecer pessoas! Como se isso ajudasse em algo... - De repente, ele muda sua entonação de voz. - Mas tudo bem! Vamos lá, vai ser divertido!

Pra que tentar entender?

Logo se aproximaram três pessoas: dois homens e uma mulher.

- Oi! – disse a mulher.

- Oi! Eu sou Eduard e esta é Lilian... Você é? - Eduard já foi fazendo as apresentações.

- Eu sou Marianne, e eles são Jud e Carlos. - Percebi seu sotaque e logo perguntei:

- De onde você é?

- Somos do Brasil, e você?

- Brasil? A pequena Lilly aqui também...

- Ah, é? - perguntou Jud.

- Sim! De que parte vocês são?

- De São Paulo... E você?

- Eu também sou de São Paulo!

Eduard saiu de perto e acho que foi para que pudéssemos conversar melhor em português.

- Que bom saber que não estou sozinha por aqui... Que bom conhecer vocês! - desabafei em português.

Todos eles fizeram uma cara de alívio, ao mesmo tempo que estavam alegres. Marianne falou:

- Você não sabe que alívio é conhecer alguém que fala o nosso idioma! Quanto tempo está aqui?

- Desde janeiro... mas, ei! Tem mais uma amiga minha aqui do Brasil, vocês gostariam de conhecê-la?

- Ho-hoo... amiga... mas é claro... - disse Carlos.

- Não liga para ele, não, ele é assim mesmo.

- Ah... Tudo bem... Mas, então, vamos lá conhecer a minha amiga?

Nesse momento, Net invadiu a rodinha:

- Agora, lembre-se... Temos uma política muito rígida aqui, que é sempre falar um idioma que todos entendem, ok?

Todos nós demos uma risadinha meio sem graça, pois o que realmente queríamos era conversar...

- Está claro? - ele perguntou, reforçando a ordem que havia dado anteriormente.

- Claro...

- Sim, ok.

- Hum-hum!

- Sim...

Falaram sucessivamente Carlos, Jud, Marianne e então, eu.

Net pareceu se dar por satisfeito e saiu. Olhamos uns para a cara dos outros e então, logo sugeri:

- Vocês querem sair daqui?

Nenhum deles disse uma única palavra, só balançaram a cabeça.

E então, fomos para o andar da Mônica. Eu realmente queria apresentá-los a ela.

Agora que estávamos caminhando, eu acho que tinha tempo para descrevê-los melhor:

A Marianne era um pouco mais baixa que eu, tinha os cabelos cacheados loiros, até mais ou menos a cintura; não chegava a ser gordinha, mas também não era lá das mais magras... pele branca, olhos castanhos... e aparentava ser bem simpática.

Carlos era moreno, mais ou menos da minha altura, cabelos encaracolados, pretos, olhos castanhos, tipo magro. Parecia ser sedutor.

O Jud era alto, meio magro, meio forte, cabelos loiros, olhos verdes, meio desajeitado, porém, aparentava ser tão simpático quanto a Marianne.

Chegamos à mesa da Mônica... O Carlos e o Jud não conseguiram conter seu espanto.

- Mônica, esses são Jud, Marianne e Carlos... - Jud e Marianne a cumprimentaram formalmente, mas Carlos já tentou avançar o sinal e beijou a mão dela. - Galera, essa é a Mônica... – E então, Fernando chegou perto. - É isso... e... Fernando! Fernando - incluí ele na conversa. - Esses são, Marianne, Jud e Carlos - Todos o cumprimentaram formalmente dessa vez. - ...eles são de São Paulo!

- É mesmo?! - Mônica perguntou com um sorriso que ia de uma orelha à outra. - Oh, meu Deus! Achei que éramos as únicas aqui! Que bom conhecer todos vocês... Há quanto tempo estão aqui?

- Uns... vinte dias? - falou Carlos, ao mesmo tempo que perguntava a Jud.

- Acho que é isso.

- Bem, então sejam bem-vindos! - disse Fernando. - Vocês devem ficar permanentemente na Califórnia?

- Bem, isso depende da empresa.. .- disse Marianne como se... como se estivesse flertando com o Fernando.

Xiii, já vi que esse grupinho é do tipo xavequeiro... Só espero que não gere muita confusão.

- É bom ter você aqui, oh, Deus, estou tão animada que não consigo dizer mais nada! - Mônica realmente se empolgou um pouquinho ali. - Lilian, passa o nosso endereço pra eles. Vamos ver se a gente combina alguma coisa lá em casa. Vocês estão muito ocupados neste final de semana?

- Mônica! - disse Fernando... Eu dei risada.

- Não sei... - Todos eles murmuravam, mas no fundo diziam esta mesma frase repetidamente.

- Vamos, pessoal, vai ser divertido! - eu falei.

- Sim, claro! - A Mariane falou. Eles ficaram um pouco indecisos, até que resolveram topar.

- Vamos até a minha mesa pra eu passar o nosso endereço e aí já ensino também como faz pra chegar. É facinho.

E depois de novamente cumprimentar a Mônica e o Fernando, eles me seguiram... Parecia haver uma discussão entre eles...

- O que foi? - pude perguntar, por que afinal de contas, estávamos dentro do elevador...

- É que... Sabe o que é... Nós ainda não temos carro.. .- disse a Marianne, sem jeito.

- Então deixa que eu busco vocês. Vocês me explicam onde eu posso pegar vocês, que aí eu levo até em casa... Melhor assim?

– É... bem melhor... - ela concordou. - Então faz o seguinte: no final do expediente, nós passamos no seu andar e aí a gente combina tudo direitinho, ok?

- Claro! Então vocês sabem onde fica a minha workstation, não é?

Eles confirmaram. E assim ficou combinado.

~ ~ ~

Eduard só foi aparecer de novo para trabalhar depois de 45 minutos... Ele aproveitou bem o pequeno intervalo... estava cheirando a bebida e tudo!

~ ~ ~

No final do dia, como combinado, o trio foi até a minha mesa e deu instruções de como localizá-los. E então, ficou combinado que no sábado, às 13 horas, eu os pegaria no conjunto onde estavam morando.