- Ficou maluca? Não sinto os meus dedos do pé! – Reclamou Valentina, olhando-me brava e dei-lhe de ombros, retirando Léo adormecido de seus braços.

- Era para doer mesmo. O que você tem na cabeça para convidar aquela mulher para nossa casa? Quero ela bem longe do meu filho. – Ordenei teimosa e Valentina apenas me observou.

- Luiza, ela só quer conversar e ficar um pouco com o nosso menino. Depois de amanhã, ela irá voltar para a Espanha, Any não conhece ninguém em Miami e não posso deixá-la desamparada. – Queria muito chutá-la desta vez.

Não gostava da ideia de ter aquela mulher ao lado de meu Léo por mais tempo, infelizmente, precisaria aturá-la. Desejando me distrair, acompanhei papai e Sueli até o meu apartamento, aproveitando para respirar e me acalmar até retornar para o apartamento de Valentina. Para o meu completo desagrado, ela estava no quarto do pequeno, observando-o dormir.

- Ele está tão grande. Grande e lindo. Ana ficaria orgulhosa. – Any comentou e tentei sorrir, porém, sem sucesso. – Notei a foto de Ana sob a cômoda. Acho legal da parte de vocês manter a lembrança dela viva para Léo.

- Ana é a mãe dele. Acho justo que Léo conheça a mulher que o amou antes de qualquer outra pessoa.

- Ele de fato foi muito amado. Ana não tinha nenhuma condição de ter um bebê, mas, em nenhum momento cogitou a possibilidade de interromper a gravidez. Minha amiga amava o filho mais do que qualquer coisa neste mundo. Uma pena que tenha morrido sem ter a oportunidade de ver Léo crescer e se tornar um lindo menino. – Respirei fundo, me sentindo triste pelo destino de Ana.

Ela deveria ter conseguido a chance de conviver com o filho, mesmo que significasse que seria completamente esquecida e afastada de qualquer possibilidade de tornar-me parte de sua vida. A curiosidade em saber a realidade sobre a morte de Ana, se apropriou de todo o meu corpo e, algo me dizia que só Any poderia esclarecer essa história.

- Valentina não conseguiu detalhar os motivos que levaram a morte de Ana...poderia me explicar? – Questionei receosa, enquanto trocava a roupa do pequeno com cuidado para que não despertasse e Any sorriu tristemente, sentando-se na poltrona e respirando fundo.

- Ana descobriu que estava grávida ao mesmo tempo em que descobriu um câncer raro no cérebro. Os médicos lhe aconselharam interromper a gravidez para se submeter a um tratamento adequado, mas, prontamente recusou a ideia. Este, foi o principal motivo de nossas discussões. Conforme a gravidez avançava, o câncer progredia e estar ao lado de um namorado viciado em entorpecentes, ajudava enormemente para a piora do seu caso. Sua mãe não se importava com seu estado de saúde, insisti inúmeras vezes para interromper a gravidez, conforme orientação médica, mas apenas ganhava respostas negativas, igualmente quando sugeria o término e afastamento daquele idiota. – Any parecia se recordar de cada fato com precisão, fazendo-a respirar fundo e pesadamente. – Decidi me afastar por um momento, não conseguiria presenciar o desenrolar daquela história, ouvindo em minha saída, seu pedido para cuidar da criança, mesmo que longe. Acho que ela já estava com Valentina em sua mente. Foi ao lado da inglesa que minha amiga soube o que era a felicidade. Léo nasceu, o câncer já estava em estágio terminal e o maldito do seu namorado foi encontrado morto após uma overdose. Em poucas semanas depois do parto, Ana deixou esse mundo para sempre. – Senti um nó se formar em minha garganta. – Acredito que tenha poupado Valentina de todos os detalhes, talvez para que sua imagem saudável permanecesse e, que acolhesse o menino por amor, não por piedade.

Ana havia sacrificado sua vida pelo filho e esse fato fazia com que a admirasse ainda mais.

- Ela sabia que seria você que cuidaria de Léo. – Any falou depois de alguns minutos de completo silêncio e encarei seu rosto surpresa.

Mi Persona Favorita - ValuWhere stories live. Discover now