Cassius faz sinal para os vigias, que ficavam no topo, pedindo ajuda. Alguns minutos depois o portão de ferro é aberto e o clã é conduzido para dentro do local por alguns monges vestidos de túnica longa carmesim com capuz.


Eles passam pelo jardim seguindo pelo caminho de cascalhos até uma passagem semicircular, onde dão de encontro com o Abade Carlo arroupado em sua costumeira túnica de lã bege amarrada na cintura por um cinto de couro.


O clérigo olha compadecido para as pessoas maltrapilhas e imundas a sua frente.


- Precisamos da sua ajuda, Abade - pede Cassius com a cabeça baixa.


- Qual sua graça?


- Cassius - responde o bruxo erguendo o rosto para encarar o Abade -, eu e meu povo precisamos de abrigo e estamos famintos.


- Muito bem, Cassius, vou pedir aos monges que dê a assistência necessária a vocês, mas preciso saber o que aconteceu.


- Vou ser sincero. Eu e meu povo somos bruxos e tivemos que deixar nossas casas para escapar da perseguição dos caçadores do Tribunal. Agora estamos sem teto, sem comida e muitos de nós já perdemos alguém da família.


- Não posso deixar de ampará-los e oferecer o que necessitam, mas aviso, Cassius, não nos metemos nos assuntos do Tribunal - adverte Carlo olhando para os presentes. - Aqui é um lugar de calmaria, não desejo que a sua presença e a dos seus traga o caos a minha abadia.


- Estamos fugindo do caos, também só desejamos viver em paz.


- Vou pedir que seja feita uma refeição reforçada para se alimentarem bem e que tinas com água sejam preparadas para que possam se banharem - e dirigindo-se aos monges -, podem levá-los até os dormitórios de hóspedes.


- Nós agradecemos o seu amparo, Abade.


- Saiba que terão que auxiliar nos trabalhos diários do mosteiro para recompensar.


- É o mínimo que podemos fazer em agradecimento por nos abrigar.


Os monges conduzem o clã até a hospedaria na ala esquerda do mosteiro, onde dois a três bruxos iriam dividir o mesmo aposento para poder acomodar a todos. Cassius e Oliver ficam no quarto ao lado do de Diana, Freya e Aimée.


- Agora acredito que vamos conseguir ficar em um lugar protegido - comenta Diana com Freya já dentro do quarto.


- Nós temos que aprender a nos proteger sem precisar de ajuda, por que continuaremos sendo caçados pela Igreja, que não vai parar até ver o último bruxo ser executado.


- Pelo menos aqui estamos seguros.


- Por ora sim, mas ainda estamos apenas nos escondendo. Sem falar que ainda têm bruxos lá fora desprotegidos sendo perseguidos.


- Você segue com o mesmo pensamento de que temos que aprender a nos defender?


- Claro.


- Freya, eu entendo que você tenha razão - Diana se aproxima da sobrinha -, mas não estrague a segurança que temos agora por causa dessas ideias absurdas.


- Se eu tenho razão, a ideia não é absurda. - Ela olha para Aimée que dormia no colchão de palha agarrada ao seu urso puido. - Eu não quero mais ver nenhum dos nossos serem levados, já perdemos muitos.


Dois monges batem à porta, entram no quarto carregando uma tina com água e colocam-na no meio do aposento saindo em seguida sem dizerem nada.


Freya, cuidadosamente, acorda a menina para que ela se banhasse primeiro. Após o seu banho, logo depois da tia, Freya, finalmente troca seu vestido cinza maltrapilho por um marrom claro. Ela deixa a capa cinza do caçador junto aos seus pertences dentro de um dos sacos de pano.

Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now