Diário |9|

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[...]

<3

Quando as aulas finalmente acabaram, Stella e os demais praticamente saíram correndo da sala, alegando vários afazeres e deixando apenas nós dois para trás. Quase peguei o celular e xinguei todos eles por serem tão burros. A Green Hill não era idiota, claro que perceberia que algo estava errado.

- Quanto mais conheço o pessoal, mais tenho a certeza que são um bando de doidos. – assenti para não levantar suspeitas.

[VOCÊS SÃO UNS IDIOTAS!» Atticus Connor

Mandei rapidamente para todos eles e guardei o celular. Guardamos os livros nos armários e fomos em direção do meu carro. Enquanto eu procurava a chave na mochila, pude ouvir algo que preferia não ter ouvido:

- Até que a nerd é bem gostosinha. – um babaca comentou com o outro amigo imbecil enquanto passavam por nós e pude ver Zarah segurar na barra de seu vestido e puxá-lo para baixo, como se tentasse se cobrir mais.

Parei de procurar a chave no mesmo instante e levantei a cabeça encarando-os com meu pior olhar, e já ia tirar satisfação, mas a ruivinha me parou antes mesmo de eu dar um passo.

- Deixa para lá, Atticus, só... vamos logo embora. – pediu baixo.

Olhar para aqueles olhos pidões me acalmou mais rápido do que imaginei e logo já estávamos saindo do colégio e indo em direção do shopping.

- Por que você não rebate o que dizem? – não consegui não perguntar.

- Não gosto de discutir, eu prefiro partir logo para a ação. – a encarei surpreso pela confissão. – Por isso prefiro dar as costas, para depois não fazer algo que possa me arrepender.

- Por isso não fez nada contra Karine no dia que...

Ela somente assentiu.

- Eu estava com muita raiva naquele dia, se eu tivesse partido para cima dela... acho que a teria mandado para o hospital.

Eu podia sentir a raiva dela de longe, era impressionante... e um pouco assustador. Tenho certeza que Karine ficaria na pior, caso a ruivinha a pegasse com raiva.

Então me lembrei de algo.

- Você disse que tinha perdido algo precioso naquele dia... o que foi? – a expressão dela havia mudado radicalmente de irada para triste. – Desculpe, não é da minha conta.

- Não, tudo bem. – ela deu um sorriso fraco. – Uma hora vocês vão ter que ficar sabendo de qualquer maneira.

Olhei para frente para parar no sinal vermelho e olhei para a rosada, que encarava as mãos.

- Lembra-se que eu carregava um livro comigo naquele dia? – seu olhar veio em minha direção e percebi estar banhado em lágrimas. Assenti. – Então... aquele livro era da minha mãe. Não era exatamente um livro, e sim um diário de viagem. – assenti para que ela prosseguisse, e voltei a dirigir quando o sinal ficou verde. – Pode parecer estranho, mas minha mãe era surfista antes de conhecer meu pai.

A olhei rapidamente antes de voltar a olhar para a frente, ela tinha um singelo sorriso nos lábios, e por alguma razão, eu sabia que viria algo surpreendente dessa história.

- Minha mãe escrevia as viagens que ela fazia pelas mais diversas praias do mundo enquanto surfava, e foi numa dessas viagens que ela conheceu meu pai, um biólogo marinho. – ela riu levemente.

- É uma combinação interessante. – comentei com um sorriso ladino.

- É sim. – Zarah fez uma pequena pausa e a olhei para ver como estava, e ela mordia o lábio inferior com força. – Minha mãe dizia que se apaixonou por meu pai assim que pôs os olhos nele, com aquela roupa de mergulhador e todo o equipamento. Eles começaram a namorar, mas mamãe continuou com o surfe, porque além do meu pai e dos meus avós, minha mãe amava surfar. – fez outra pausa, dessa vez para respirar fundo. – Ela só parou quando descobriu que estava grávida de mim, então ela e meu pai se mudaram para aqui, em Nova York, onde meu pai ficou responsável pelas pesquisas que conduziam.

꧁•⊹٭𝓜𝓮𝓾 𝓥í𝓬𝓲𝓸٭⊹•꧂Where stories live. Discover now