Capitulo 01

Depuis le début
                                    


- Não vou sem você. - Freya se agarra mais ao pescoço da mãe se negando a soltá-la.


Isabel com uma das mãos toca na marca de nascença, em formato de lua crescente, no ombro esquerdo da filha e sussurra no ouvido dela:


- Desculpe-me, minha linda, mas preciso te proteger. - Com seu toque ela faz a filha adormecer, que desaba em seus braços. - Diana leve-a daqui. - Ela pede levantando-se com a filha no colo e entregando-a a irmã.


No momento em que Diana entra no esconderijo debaixo do solo de terra batida sob uma magia de camuflagem com Freya em seus braços, os caçadores invadem o casebre. Enquanto um agarrava Isabel por trás puxando-a pelos cabelos e imobilizando-a, outro amarrava seus pulsos com uma corda grossa. Os dois saem arrastando-a para fora.


Diana, através das frestas entre as tábuas de madeira no chão, consegue ver a irmã ser levada sem nem sequer resistir ao avanço dos caçadores, pois sabia que se tivesse se escondido também, todas poderiam ter sido descobertas e capturadas. Vê também, que junto a porta arrombada, havia um garoto só observando a ação dos homens e que quando saíram do casebre, ele os acompanha sem expressar nenhuma reação.



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Freya abre os olhos piscando-os algumas vezes tentando situar-se. Ela sentia-se tonta com sua cabeça latejando em fisgadas nas têmporas; enjoada com o estômago embrulhado e gosto de bile invadindo sua boca.


- Como você está? - pergunta Diana ao ver a sobrinha acordada.


A menina senta-se sem responder. Ela percebe que já anoitecera pela escuridão que tomava conta do ambiente, exceto pela luz do lampião, que iluminava o esconderijo.


- Cadê minha mãe? - A menina olha séria para a tia, que estava sentada de pernas cruzadas ao seu lado.


- Eu sinto muito - diz a outra com a voz embargada deixando as lágrimas molharem seu rosto.


- Eu preciso encontrá-la. - Freya levanta-se de um salto e já ia empurrando uma das tábuas de madeira para sair do local, quando Diana a pega pelo pulso.


- Onde você pensa que vai, Freya? - Diana a repreende, ajoelhando-se no chão. - Ainda mais nessa escuridão.


- Eu preciso encontrar minha mãe antes de mandarem ela para a fogueira - retruca a garota tentando se desvencilhar da mão da tia, que ainda a segurava.


- Você é só uma criança, Freya, não pode fazer nada. Sem falar que não sabe para onde a levaram.


- Mas você sabe.


- E não vou te dizer. - Ela faz a garota se sentar no chão novamente. - Escuta Freya, infelizmente não podemos fazer nada, eles nos pegariam e nos levariam para a fogueira também. O que precisamos fazer é sair desse vilarejo, que não é mais seguro para nós, mas teremos que fazer isso amanhã cedo, então volte a dormir, pois a viagem será longa.


Contrariada e com expressão carrancuda, Freya volta a se deitar no chão frio de terra batida, vira-se de lado, de costas para a tia, e fecha os olhos fingindo dormir.



Quando o dia estava amanhecendo, a garota, que percebeu que Diana dormia, levanta-se devagar tomando cuidado para não fazer nenhum barulho ao sair do esconderijo.


Na parte de cima do casebre, ela calça suas botas de cânhamo, coloca um manto marrom desbotado por cima de seu vestido cinza e pega uma faca enferrujada e pequena, que estava em cima da mesa de madeira farpada escondendo-a em seu calçado.


Antes de sair, a menina, por sobre a tábua de madeira, olha para a tia, que ainda dormia no esconderijo.


- Desculpe, tia, mas eu preciso tentar - balbucia ela.


Freya dá um longo suspiro e vira as costas saindo do casebre passando pela porta que havia sido arrombada pelos caçadores. Ela pega um dos cavalos, que estavam amarrados no toco de madeira ao lado da sua humilde moradia, escolhendo o ronzino acastanhado e o monta com um pouco de dificuldade devido ao seu tamanho.


Sentada no animal franzino, Freya fecha os olhos segurando no pingente de lua cheia, que sua mãe lhe dera antes de ser capturada.


- Mãe, eu vou te encontrar. - Freya se conecta a Isabel através do pingente e, assim, consegue saber para onde ela foi levada, mas também consegue sentir toda a agonia ao qual a outra estava sendo submetida. A menina abre os olhos, tentando ignorar os arrepios de dor que viam de sua mãe, pega as rédeas e coloca o cavalo em movimento.



Diana acorda alguns minutos depois e ao olhar em volta não vê a sobrinha.


- Freya - chama ela sem resposta.


Ao olhar para cima, nota uma das tábuas fora do lugar, então levanta-se e, apressadamente, desloca-se para a parte de cima do casebre. Ela vê o local vazio e corre para o lado de fora percebendo que estava faltando um dos cavalos, já que era para haver dois.


- Freya, não - sussurra ela em desespero para si mesma ao perceber o que a menina havia feito.


Ela volta para dentro do casebre, coloca todos os seus pertences e os da sobrinha em sacos de pano amarrando-os em sua cintura e depois retira-se apressada do local sem se importar com o estado da porta, que estava envergada e não fecharia corretamente. Então monta no outro cavalo com pelagem avermelhada e manchas brancas nas quatro patas saindo em disparada atrás da garota.


Diana ia sentindo seus cabelos pretos esvoaçarem ao redor de seu rosto conforme aumentava a velocidade embrenhando-se pela floresta.


Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant