Vinte e sete

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Os fortes raios de sol atingiam-lhes em cheio. Era aproximadamente meio dia quando chegaram em San Diego, Califórnia, e Freen desceu do caminhão junto com as meninas. Irin chorava baixinho abraçada à Cristal enquanto as outras se despediam de Becky.

                     

Estavam encostadas na beira de uma estrada de um bairro pequeno, pois Freen insistiu em deixar Becky o mais próximo possível de seu destino.

                     

-- Comprei uma coisa enquanto você estava no hospital... -- Nam disse após se separar do abraço com Becky, remexendo em seu bolso em busca de algo. Quando encontrou, estendeu a coleira rosa para Becky, fazendo a mesma sorrir. Estava escrito Crystal e a menor se comoveu com o gesto. -- Eu sei que é com i, mas você precisa considerar a ideia de ser com Y, fica mais chique. -- Becky riu no momento seguinte, voltando a abraçar Nam.

                     

-- Obrigada, Nam! De verdade. -- Ela disse ao separar-se da maior. -- Viu, bebê? A tia Nam comprou um presente para você. -- Becky disse para sua gata, que ainda estava no colo de Irin, mas a olhou como se entendesse tudo o que lhe havia sido dito.

                     

-- É melhor que você leve a ração que compramos. -- Kade disse, entregando o saquinho com o conteúdo da comida da gata.  -- Não nos terá serventia. -- Becky assentiu e agarrou o conteúdo, abraçando Kade. Não era drama ou falsidade, as garotas realmente haviam se apegado, afinal, foram quase treze dias juntas o tempo inteiro. Com Freen havia sido mais tempo ainda, pois dormiam no mesmo cubículo e por vezes matavam o tempo conversando ou transando depois que as meninas iam dormir. Vinte e quatro horas por dia, durante quase treze dias, realmente não era difícil se apegar.

                     

-- Obrigada pelo vestido, Irin. -- Becky disse olhando para a baixinha, vendo a loira dar um último abraço na gata branca antes de colocá-la no chão, finalmente, pois havia passado a manhã inteira com o bicho no colo.

                     

-- Não me agradeça. Ficou melhor em você, de qualquer forma. -- Irin disse indo em direção à garota. -- Vê se você se cuida, hm? -- Pediu com sinceridade.

                     

-- Digo o mesmo para vocês. -- Ela disse, olhando para trás a procura de alguém. Freen estava encostada próxima à roda do caminhão quando Becky lhe encontrou. -- E cuide desta rabugenta. -- Becky brincou, fazendo todas rirem, inclusive Freen.

                     

-- Bem, vamos dar alguma privacidade a vocês. -- Irin disse, beliscando o braço de kade e Nam, que tinham lágrimas em seus olhos só de verem o jeito como Becky e Freen haviam se olhado. As três garotas entraram no caminhão e Becky se aproximou de Freen, colocando as coisas que tinha na mão no chão, o que não era muito: A ração, a coleira nova de Cristal e a sacola de lingeries que Freen havia lhe comprado.

                     

-- É... -- Becky murmurou balançando a cabeça lentamente. Freen bufou em frustração e puxou Becky para um abraço apertado, guardando em sua memória o delicioso cheiro da pele de Becky. A menor estava prestes a envolver seus braços ao redor de Freen, contudo, franziu o cenho ao sentir a maior lhe passar um pedaço de papel para sua mão e se afastou do corpo da maior. -- O que...

                     

-- Eu sei que talvez você nunca ligue. -- Freen disse esfregando a nuca envergonhada. -- Mas aí está o meu número de telefone. Eu não estou com ele nesta viagem e, bem, você tampouco tem um e por isso eu não pude te pedir o número, mas gosto de pensar que a minha parte eu fiz.

                     

-- Será que ganho um último beijo? -- Becky perguntou, guardando com carinho o papel junto às suas coisas no chão. Freen sorriu fraco e assentiu, vendo Becky se aproximar e colocar seu boné preferido com a aba para trás em sua cabeça. -- Assim não me machuco. -- A menor disse rindo, se encostando totalmente no corpo de Freen e encostando seus lábios nos dela.

                     

Freen, no mesmo momento, se entregou ao beijo, levando suas mãos até a cintura da menor para colar mais os corpos e enfim enlaçar totalmente seus braços ao redor de Becky. As línguas eram lentas, como se desejassem parar o tempo; como se soubessem que era a última vez que se tocariam.

                     

-- Eu vou morrer de saudades. -- Becky confessou sem pudor, dando um demorado selinho em Freen e encostando sua testa na de Freen.

                     

-- Meu caminhão também irá sentir sua falta. -- Freen disse, levando um tapa no braço antes de rir. -- Boba, é claro que eu também sentirei a sua falta.

                     

-- Te conhecer foi uma das coisas mais lindas que me aconteceram na vida. -- A menor disse tristemente, levando uma mão ao rosto de Freen e acariciando o lugar. -- Se cuida, minha caminhoneira.

                     

-- Faça o mesmo, morena. -- Freen disse, sentindo Becky suspirar pesadamente e tocar seus lábios nos dela outra vez, para então se afastar.

                     

-- Vamos, Cristal. -- Becky disse para a gata, que se levantou no mesmo momento, pois estava sentada. A garota se abaixou e pegou suas coisas.

                     

-- Hey... Becky! -- Freen chamou, fazendo a garota olhar para trás. A maior se aproximou dela e retirou seu boné da cabeça, o colocando na cabeça da menor. -- Para nunca se esquecer de mim.

                     

-- Freen...

                     

-- Nem pense em negar. Eu realmente quero que fique com ele. -- Ela disse e Becky engoliu em seco, se inclinando e dando mais um beijo em Freen. Uma mão da maior foi até o rosto da menor apenas para enxugar uma lágrima solitária.

                     

-- Faça o que precisa fazer! -- Becky disse com a voz embargada, se afastando de Freen e respirando fundo.

                     

-- Espero um dia te encontrar por aí. -- Freen disse, caminhando até o outro lado do caminhão e entrando nele. A bozina foi um último "tchau" antes do caminhão começar a se locomover. Becky sentiu mais lágrimas rolarem por sua face e sentiu Cristal se esfregar em sua perna como se a consolasse.

                     

-- Eu também espero. -- Sussurrou baixinho, ajeitando o boné em sua cabeça e começando a caminhar para longe, mas uma coisa era certa: Não importava o quão longe ela fosse, Freen sempre estaria por perto, em seu coração.

                     

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Foi um prazer escrever essa fanfic. Espero que tenham gostado, de verdade.

                    

Calma, é brincadeira. Não acabou, gente!
                    

FrᴇᴇɴBᴇᴄᴋʏ • UNCERTAIN PATH  • (ชะตากรรมที่ไม่แน่นอน) VisionWhere stories live. Discover now