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Akira trancou a porta após entrar em minha cela – que havia se tornado apenas meu quarto agora.

— Deixa eu ver se eu entendi bem. — Ele se recostou na porta e cruzou os braços enquanto repassava o plano com calma. — Você quer que eu — Ele apontou para si mesmo. — algeme você — ele apontou para mim. — E fique aqui esperando você se transformar em um monstro esquisito?

— Exatamente. — Eu respondi, sentando com as pernas cruzadas em minha cama.

Ele me olhou de cima a baixo, receoso.

— Não é por nada não, mas você não faz o meu tipo. E isso não é bem o meu fetiche, sabe como é.

— NÃO É ISSO SEU IDIOTA! — Exclamei. — Espera. Como assim eu não faço seu tipo?

— Que foi, ficou ofendido?

— Eu fiquei muito ofendido. — Coloquei a mão sobre o peito, dramatizando a situação.

Ignorando a brincadeira, o Berserker pegou no canto do quarto a cadeira na qual eu estava preso alguns dias atrás e a pôs de frente para minha cama. Ele se sentou e levantou um dedo preguiçosamente, fazendo um par de algemas encrustadas de diamantes surgir em meus pulsos. Eu o olhei com a cara de quem perguntava "isso é sério?".

— O que foi? — Questionou ele.

Eu movimentei a mão direita e a luz das lamparinas na parede se condensou, tomando a forma de uma mão dourada que estapeou o rosto de Akira.

— Isso aqui é ótimo se sua ideia é virar comida de demônio. — Eu disse, fazendo a mão desaparecer enquanto Akira acariciava o próprio rosto, chateado. — Pelo menos mais três.

Sem questionar muito, Akira conjurou mais três algemas de diamantes em meu corpo e finalmente aquilo começou a me deixar fraco. Ao invés de tentar lutar para manter a consciência eu apenas aceitei a escuridão de minha mente e fechei os olhos.



 Não era como se eu estivesse dormindo. Pra mim eu aceitei aquilo como um lugar entre a vida, a morte e o mundo das sombras. Tudo era escuro e havia água por todo o chão. Eu não conseguia ver mais nada além de mim mesmo e do escuro, até me questionaria se estava no lugar certo, mas uma mão em meu ombro direito me fez ter certeza de que sim.

Quando me virei fui recebido por um sorriso caloroso e nostálgico.

— Mãe. — Eu sorri de volta e ela abriu os braços para me abraçar como sempre fez. Ela acariciou meus cabelos e deu um beijo suave no topo de minha cabeça.

Após alguns segundos Sarah me afastou com um olhar sério.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? — Ela perguntou, me segurando pelos ombros e me encarando no fundo dos olhos. — É perigoso.

Eu assenti com a cabeça, determinado.

— Mas eu não posso fazer isso sozinho. Preciso que você abra mão do controle, deixe-o vir.

Encarar os olhos tristes e preocupados de Sarah sempre partia meu coração, mas algo dentro de mim me dizia que aquilo poderia dar certo.

— Se eu ver que tem algo errado eu vou interferir. — Ela disse, lambendo os polegares e passando em minhas sobrancelhas despenteadas. Eu sorri.

— Eu sei disso. Agora pode ir.

Sarah sorriu de volta e fechou os olhos, se dissipando em uma névoa tão escura quanto o resto de minha mente.

Eu não precisaria chamá-lo. Nunca precisei. Ele sempre estava lá à espreita, esperando o momento certo para tomar o controle. As sombras eram seu refúgio, as emoções ruins? Sua força. Ele estava em todo lugar a todo tempo, não havia necessidade de chamá-lo.

A Rosa de SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora