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Conforme o grupo caminhava para dentro dos portões de aço da Rosa de Sangue Lukas ponderava se realmente deveria estar fazendo aquilo. Trazer Elise para dentro de suas próprias linhas implicava em talvez estar alimentando o inimigo com informações importantes sobre eles, colocando pessoas em risco. E ela não veio sozinha, aquela garota de óculos parecia perigosa e... Lukas parecia conhecer ela de algum lugar, só não sabia dizer exatamente de onde. Será que poderia mesmo confiar nelas? Era um questionamento que levaria até Vidya depois, com certeza.

Ele e Alycia decidiram que apresentariam a base da Ordem para as garotas, afim de familiarizá-las com o ambiente. Mostraram o refeitório onde, naquele momento, diversas pessoas comiam, brindavam e se divertiam entre si; mostraram o campo de treinamento a céu aberto onde Gwen estava ensinando alguns Elementais de água a pressurizar o líquido para deixa-lo letal; o arsenal e a arena que ficavam em um ambiente fechado de forma hexagonal, onde um homem de cabelos castanhos sem camisa destroçava bonecos de treino. Akira acenou com um sorriso mais do que brilhante ao vê-los passando.

Tudo parecia quieto demais naquele grupo durante o tour, algo parecia incomodar muito uma das convidadas naquele final de tarde.

— Preciso perguntar. Por que um corvo? E Como? Não têm corvos em Jaya. — Questionou Elise, fazendo Lukas olhar para trás. O corvo que as havia levado até ele ainda repousava sobre seu ombro.

Com a mão no queixo o ruivo pensava sobre como explicaria não só o corvo, mas outras coisas que não deveriam existir ali. Era comum as pessoas questionarem os poderes de Lukas, não eram coisas que se viam todos os dias, mas explicar não era nada fácil então ele desistiu.

— Por que não um corvo? Eles são incríveis, até falam. — Ele respondeu, gesticulando. — Diga oi Arnaldo.

— Olá. — O corvo respondeu em um tom de voz muito grave em uma tentativa de ser sedutor, o que fez as garotas darem um pulinho de surpresa. Elise encarava a ave como se julgasse cruelmente todas as gerações dela.

Lukas e Arnaldo se entreolharam com um beicinho, comunicando-se quase que mentalmente ao reparar na expressão da princesa de Jaya.

— Acho que nossa convidada não gostou muito de você, melhor ir pra casa. — Ele disse ao corvo, que se desfez em pedaços de papel queimado ao vento.

Com o sorriso habitual ele seguiu em frente como se aquilo fosse completamente normal, pois, para ele, realmente era.

Lukas levou as duas à biblioteca, onde, ao abrir as portas que davam para a imensidão de prateleiras repletas de livros, todos puderam ouvir um baque estrondoso no chão. Olhando para trás tudo que puderam ver foi a garota de óculos desmaiada no carpete sendo abanada por Elise.

— O que houve? — Perguntou Alycia, com a mesma frieza de um fantasma.

— O impacto foi muito forte. — Respondeu Elise, colocando o braço de sua amiga por cima de seu ombro e a levantando como se carregasse um bêbado. — Podemos continuar?

Aparentemente a garota junto de Elise se chamava Maryenne Montgomery. O nome não lhe era familiar, mas a sensação de que Lukas a conhecia ainda predominava durante todo o trajeto, e algo lhe dizia que sua irmã se sentiu da mesma forma.

Depois da biblioteca o único lugar que havia sobrado eram os dormitórios. Lukas explicou às novas visitantes a divisão dos quartos masculinos na ala esquerda e femininos na ala direita e pediu que Alycia as levasse até seus aposentos, enquanto ele ia até sua sala discutir juntamente á Vidya assuntos importantes sobre a próxima fase de seu plano, já em curso.



Quando Vidya adentrou o escritório de Lukas o encontrou sentado no batente da janela, observando de cima o treinamento de alguns Sanguinários no campo aberto. Ele estava preocupado, apreensivo... as sobrancelhas cerradas assim como seus punhos o davam ainda mais a aparência de alguém que não queria ser incomodado.

A Rosa de SangueWhere stories live. Discover now