37. Police Station

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Quando a polícia bateu na porta da família Akula no dia quatro de Janeiro, quem atendeu foi uma mulher alta, magra, de cabelos acaju e olhos verdes. Ao perceber que a visita inesperada se tratava da polícia, seus olhos se arregalaram tanto que por meio segundo a delegada Ta'unui pensou que eles iriam cair para fora de órbita. As surpresas não pararam por aí, já que assim que os motivos da visita foram anunciadas pela própria delegada, a senhora Akula acabou por desmaiar bem na frente dos policiais, da forma mais dramática possível, segurando sua xícara de chá de porcelana, que ao encontrar o chão duro de madeira rachou e derramou o líquido marrom claro.

Taly'an, Risho e o pai dos dois garotos foram escoltados até a delegacia 21, já que a queixa de agressão física foi feita nela.

Por horas a família Akula ficou ali dentro da delegacia, conversando com a delegada e arrumando as mais diversas desculpas até que o advogado do senhor Akula compareceu ao local e os garotos foram liberados para ir para casa.

Eles eram menores de idade e por não ter nenhuma prova concreta senão a palavra de Neteyam contra a palavra dos irmãos, os garotos foram liberados. Era tão injusto, tão malditamente injusto!

— Você quer dizer então que não adiantou de nada?! — Jake berrava no telefone, andando de um lado para o outro na sala de estar com uma mão segurando o telefone contra a orelha e a outra chacoalhava no ar de forma exagerada — Esses filhos da puta quase mataram os meus filhos, Tsu'tey! Eles espancaram o Neteyam e roubaram a prancha do Lo'ak no meio do mar, caralho, como você quer que eu fique calmo, eu estou a ponto de ir eu mesmo na casa daqueles moleques e enfiar um a cabeça no cu do outro, porra!

Conversando com Tsu'tey pelo telefone, Jake perambulava pela sala de estar. Neytiri estava do lado de fora da casa, na área da piscina junto de Lo'ak, Tuktirey e agora o novo membro da família, Payakan. Depois de muita conversa e muitas promessas que Jake sabia que não seriam cumpridas, Neytiri e o marido aceitaram a presença do cachorro de três patas na casa. Ele parecia ser um bom cachorro, obediente e calmo.

Tuktirey brincava com Payakan, jogando um pedaço grande de graveto e o mandando pegar, onde o cachorro ia de bom grado buscar a madeira só para voltar com ela na boca e colocar sobre os pés da pequena garota. Enquanto Tuk estava distraída com o cachorro grande, Lo'ak e Neytiri conversavam, falando sobre nada mais, nada menos que Aonung.

Não sobre ele em si, mas sobre o ocorrido da caverna. Lo'ak havia ouvido perfeitamente a ameaça e reconhecia o apelido maldoso vindo de Risho. Somente ele o chamava de merdinha com tanto ódio daquela forma e depois que Neteyam confirmou que ouviu o próprio Risho falar sobre o assunto, assumindo que ele estava morto - quando ninguém mais sabia onde o Sully estava - Lo'ak não conseguia dizer qualquer coisa senão que Aonung não tinha culpa naquela situação.

— O Neteyam tinha que conversar com ele — Lo'ak fala sério, observando Payakan abaixar-se na pata dianteira e levantar a bunda, balançando o rabo animado enquanto olhava animado para Tuktirey. A garota gargalha com a visão e joga novamente o graveto grosso para longe, vendo o Rottweiler correr feliz atrás do alvo — O Aonung tá ligando pra geral, tá ficando chato!

— Seu irmão precisa de um tempo pra pensar, não seja duro — Neytiri suspira, enrolando o corpo no cardigã que usava, estava frio aquele dia e sabia que ao longo de Janeiro os dias só ficariam cada vez mais frios.

— É, eu sei, foi traumático — Lo'ak suspira e abaixa os olhos. A lembrança de estar na caverna submerso fora palco de seus pesadelos nos últimos dias.

Neteyam vinha ignorando Aonung nos últimos dias desde a virada do ano e mesmo que Aonung soubesse superficialmente os motivos do garoto, graças a Tsireya - graças a Deus -, ele queria ter a oportunidade de ouvir da boca do próprio Neteyam e poder se defender das acusações ediondas.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarWhere stories live. Discover now