16. Sweet Dreams

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Domingo, 19 Novembro. 08:56

Essas foram as primeiras coisas que Rotxo leu ao abrir os olhos naquela manhã. Depois de conversar por longos minutos, que se tornaram horas com Kiri, o havaiano não conseguiu ter uma noite adequada de sono. Estava preocupado com seus amigos, principalmente com Neteyam que ainda não havia acordado.

Não havia nenhuma mensagem nova de Kiri e tão pouco de Aonung, a tela de seu celular estava limpa de quaisquer notificação naquela manhã e isso o deixou apreensivo. Levantando da cama sentindo carregar uma mochila de chumbo nas costas, Rotxo sabia que se arrependeria amargamente de não voltar a dormir quando a semana escolar recomeçasse no dia seguinte.

Seus dedos são ágeis ao mandar uma mensagem de bom dia para Kiri, que o responde prontamente com as mesmas palavras carinhosas. Ela certamente não havia dormido absolutamente nada naquela madrugada e um nó de preocupação aperta o pescoço de Rotxo ao pensar naquilo.

A casa da família Tsurak estava completamente silenciosa, era cedo demais em um domingo, então quando Rotxo abriu a porta do próprio quarto, a rajada de vento morna daquele fim de outono que lhe atingiu o rosto foi minimamente revigorante.

Havia um retrato pendurado na parede logo a frente da porta de seu quarto e ainda com o celular na mão, Rotxo analisa por breves segundos a imagem, com um olhar nostálgico. Duas mulheres; uma delas com a pele negra retinta, os cabelos volumosos e cacheados sorria largo. Um sorriso tão grande que fazia seus olhos se fecharem graças as bochechas grandes. A outra mulher ao seu lado, essa por sua vez branca, tinha os cabelos medianos, castanhos e ondulados, enquanto segurava uma criança sorridente no colo.

Para Rotxo era fácil se reconhecer na fotografia. Não por causa do cabelo bagunçado ou os olhos grandes e esverdeados. Rotxo sempre teve o mesmo sorriso. O sorriso inocente que dizia que o mundo valia a pena e nada poderia lhe dizer o contrário.

Deixando o quadro para trás, entrou no banheiro com o celular na mão e por pouco não entrou debaixo d'água com o aparelho, digitando uma mensagem para Kiri. Queria saber como as coisas estavam indo por lá, como Neteyam estava e principalmente como ela estava se sentindo sobre tudo aquilo. Rotxo sempre foi um garoto comprometido e leal aos amigos e desde o momento que havia acompanhado os Sully até a cachoeira, começou a vê-los - todos - como tal.

— Rotxo? — a voz calma de Anaru ecoa por trás da porta do banheiro, surpresa por ver o filho acordado cedo em pleno domingo — Tá tudo bem?

Sem a parte de cima do pijama, apenas com o moletom folgado suspenso nos quadris, Rotxo abre a porta para conversar melhor com a mulher mais velha. Os olhos tristonhos e preocupados são as respostas necessárias para Anaru. Não estava tudo bem, algo afligia seu precioso filho. Rapidamente Anaru abraça o garoto, enfiando seu rosto entre os cabelos fartos e volumosos de Rotxo.

— O que houve, meu amor?

— Lembra que comentei sobre os Sully? — ele começa. Rotxo sempre foi muito aberto com suas mães. Inclusive, já havia falado para Kala sobre Kiri e sobre como ele estava começando a se sentir em relação a garota. A ansiedade pelas mensagens, pelos sorrisos trocados no meio do corredor, ele estava adorando tudo aquilo — Neteyam, o irmão mais velho, teve uma convulsão e foi parar no hospital. Ele não acordou até agora e a família toda tá preocupada, geral tá no hospital municipal esperando por alguma notícia.

— Oh céus, que horror — Anaru coloca a mão sobre os lábios, deixando o filho dar alguns passos para trás, para voltar para dentro do banheiro — E imagino que você queira ir lá para dar seu apoio a família.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarWhere stories live. Discover now