36. December, 31st

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Payakan tinha seus dentes presos na parte de trás da gola do traje de banho de Lo'ak, o arrastando para longe das ondas do mar que continuavam a quebrar na areia abaixo do céu noturno. Faltavam poucas horas para a virada do ano e junto do fim daquele dia a noite estava trazendo uma forte geada.

Lo'ak, depois de ler a pequena plaquinha de identificação, acabou por desmaiar contra a areia fofa e gelada da areia daquela praia desconhecida. Comumente, as pessoas no Hawaii passavam as viradas de ano nas praias ou nas orlas próximas a areia, porém não naquela região da ilha.

As ondas, ao ser arrancado da caverna Tulkun, levaram Lo'ak para uma região mais distante, na área nordeste de O'ahu. Não havia ninguém ali senão Lo'ak e o pobre Rottweiler que estava dando tudo de si para arrastar aquele adolescente para longe do perigo.

Payakan um dia foi um cão policial. Ele sabia como ajudar os humanos, sabia como resgatar os feridos e farejar por seus pertences perdidos. Por isso, o cachorro de pelugem escura simplesmente sabia, sem instrução de terceiros, o que fazer com Lo'ak naquele momento de apreensão.

Distante do perigo do mar, Payakan começa então, de uma forma surpreendente gentil a pressionar sua única pata dianteira no peitoral de Lo'ak, massageando a região e pulando com calma para expulsar a água que o garoto ingeriu. Não precisou de muitos pulos do cachorro de porte grande para Lo'ak acordar vomitando toda a água salgada assustado.

Agora realmente acordado, olhou assustado ao seu redor, notando a praia deserta em que estava junto de um cachorro desconhecido. Levando a mão até o focinho do cachorro, Lo'ak deixou Payakan cheira-lo e quando viu o rabo preto balançar animado, o mestiço levou sua mão até a cara grande animal, soltando uma risada.

O pelo de Payakan estava sujo, dava para sentir sob os dedos que estavam oleosos. Aquele cachorro talvez fosse de rua, porém não explicava o porquê ele possuia uma plaquinha de identificação no pescoço. Lo'ak sentia sua garganta dolorida por ingerir muita água, todo o canal digestivo parecia arder em brasa, mas os olhos do Sully mais novo estavam vermelhos cheios de lágrimas por alegria.

— Você salvou minha vida — Lo'ak diz ainda acariciando a cabeça do Rottweiler — Obrigado.

Payakan fecha os olhinhos cor de caramelo e com a língua para fora, Lo'ak podia jurar que aquilo era um sorriso. Cachorros podiam sorrir?

— Estou ficando maluco já — revira os olhos e ri baixinho, tirando a mão do cachorro — Estou falando com um cachorro como se ele entendesse.

O Rottweiler tombou a cabeça para o lado e reabriu os olhos, suas orelhas mais baixas que o normal e o rabo parado rente o corpo escuro. Ele estava entendendo, claro que entendia. Cachorros podiam não entender palavras perfeitamente, mas intenções e entonações eles compreendiam e quando Payakan viu o garoto tentar se levantar todo trêmulo e com o pé machucado, rapidamente voltou a colocar a língua para fora - como um sorriso simpático - e ajudou Lo'ak.

Colocou a sua cabeça grande abaixo do braço de Lo'ak e impulsionou o garoto ajudando-o como base para que ele se levantasse para não precisar colocar o pé no chão. Lo'ak riu novamente, sentindo sua garganta doer mais e agora de pé, apoiado em um pé só, olhou para o seu novo amiguinho de três patas.

— Amigos, então?

O cachorro abanou o rabo, ainda próximo da perna machucada de Lo'ak, apenas esperando o humano se mover para que ele também se movesse.

— Isso ai, somos amigos agora — Lo'ak sorriu abaixando a mão para acariciar a cabeça grande do Rottweiler, que só fez o rabo preto balançar com mais vontade. E um ajudando o outro, Lo'ak e Payakan sairam daquela praia deserta, indo em direção a estrada mais próxima, que graças a uma placa, Lo'ak conseguiu ver a direção certa que deveria ir.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz