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CAPÍTULO UM • • • •
O ANEL DELA CABIA APENAS em seu dedo mindinho agora.
E depois de anos de prática Kira tornou-se um mestre em dançar em torno da verdade, valsando com engano e desorientação e fazendo o minuto com sedução ─ mas em nenhum momento a mentira pisou na pista de dança (às vezes a mentira conseguiu colocar um pé na pista de dança antes que ela pudesse impedir que algum tipo de sarcasmo saísse de seus lábios); mas de propósito ela não mentiu. Não em palavras de qualquer maneira.
Cada vez que ela falava para se livrar de problemas ou segredos encantados de pessoas que estavam mais do que ansiosas para confiar na garota de cabelos dourados que sorria docemente para eles, Kira sentia o orgulho crescer dentro dela. Ela estava orgulhosa porque sabia que seu irmão ficaria orgulhoso. Ele sempre foi o único com talento para se livrar de problemas e agora Kira estava usando o talento que encontrou dentro de si para manter contato com a única parte de seu passado que ela ainda sentia falta.
Era seguro dizer que qualquer outra coisa havia sido reduzida a cinzas em suas memórias.
Com o passar dos anos, Kira também se orgulhava de dizer que suas habilidades de controlar metais (aquelas que ela não chamava pelo nome verdadeiro) eram muito melhores. A ponto de ela poder voar. Literalmente. Levou anos para aperfeiçoar essa habilidade, mas depois de soldar metal nas solas de suas botas, ela foi capaz de pairar acima do solo, caminhar com segurança pelos telhados escorregadios de Ketterdam e com bônus de ser capaz de machucar qualquer um com um chute.
Algo que ela ficou feliz em testar quando sentiu um arrepio na espinha, quando uma lâmina fria foi pressionada contra sua garganta e sua cabeça foi puxada para trás com força, fazendo-a ofegar.
── É melhor você não fazer nada precipitado, minha mão pode escorregar. ── uma voz a advertiu, e Kira fez uma careta.
── Rollins mandou você? ── Kira perguntou, sua mandíbula apertada, preparando-se para jogar o homem para longe dela a qualquer momento.
── Ele fez. ── disse o homem, zombando dela, e isso foi o suficiente.
Kira desejou que a faca pressionada contra sua garganta fosse jogada fora, fazendo-a bater na parede e ficar lá, assim como ela jogou a cabeça para trás, um estalo ecoando pela casa abandonada que ela reivindicava como sua quando o nariz dele foi quebrado.
Arrancando a faca da parede, Kira chutou o homem na virilha enquanto ele tentava atacá-la, fazendo-o se dobra com um gemido e cair no chão de madeira podre de sua sala de estar. Ela usou o pé para chutá-lo de volta, então ele se deitou no chão e colocou um pé sobre o peito, inclinando a cabeça enquanto ele gemia quando ela pressionou.
O homem parecia assustado. Bom. Ele estava vestindo um terno de três peças e seu bigode estava bem arrumado, o que lhe disse que Pekka Rollins estava ficando desesperado. Ele estava enviando seus melhores homens para pegá-la e eles ainda assim conseguiram perder ─ tudo porque a subestimaram.
