Nem tão sozinha

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 Tentando achar o ponto de encontro, caminhei por alguns minutos até dar de cara com as árvores do dia anterior. Com as tiras em mãos mirei o galho mais baixo vendo as frutas caírem.

Isso deve ser o suficiente.

Juntei cada uma delas e me sentei no meio da grama alta, o sono e a preguiça tomando conta de mim até que o som de risadas alcançasse meus ouvidos pouco antes de Dimir e Minir aparecerem entre os arbustos.

—Sophie!

O garotinho foi o primeiro a se aproximar saltando por cima de algumas raízes.

—Chegamos!

—Estou vendo! — sorri — E em boa hora, acabei de pegar isso para vocês.

Mostrei as frutas amarelas que fizeram os olhos dos dois brilharem.

—Incrível!

—E como nós prometemos aqui está!

Minir se aproximou entregando uma pequena trouxa de panos amarrada com uma cordinha vermelha, dentro haviam algumas bolachas redondas e coloridas.

—Parecem deliciosas.

—Experimente!

—Você vai adorar Sophie!

As duas crianças se sentaram ao meu lado, apenas aguardando. Olhei uma última vez o aspecto das bolachas antes de pegar uma inteiramente cor de rosa, assim que mordi uma explosão de sabores invadiu minha boca.

—Uau!

Podia sentir o gosto de morangos, amoras, mirtilos, mel e canela perfeitamente combinados.

—Você gostou?

—Eu adorei! — levei outro doce até a boca, dessa vez com o sabor de várias frutas cítricas — Onde conseguiram isso?

—Mamãe que faz para vender na feira.

—Todo mundo adora.

—E com razão, são incríveis!

Comi mais algumas bolachas enquanto Dimir e Minir tagarelavam sobre suas aulas com um tal de professor Mone, eu não entendia muito sobre o que eles estavam falando, mas me senti feliz ao ver que nem todas as criaturas daquele mundo iriam tentar me matar.

—E você Sophie?Também não acha uma chatice ter que estudar as estrelas?

—Vocẽ só fala isso porque nunca consegue acertar o nome das constelações Minir.

—Não te perguntei nada Dimir!

—Vamos crianças, não precisam brigar, eu também não sei nada sobre as estrelas, nem álgebra ou outros idiomas.

Por um momento me perguntei como era possível que eles, que pertenciam a outro mundo, conseguissem entender o que eu falo e vice-versa.

Crianças não saberiam dizer o motivo...

Guardei a questão para quando tivesse uma oportunidade melhor de esclarecê-la.

—Você nunca foi à escola Sophie?

—Dimir!

—Me desculpe, eu...

— Está tudo bem, não precisam se sentir mal — sorri para os dois — Eu realmente nunca fui à escola, tudo o que eu sei foi o que uma pessoa importante me ensinou a muito tempo atrás...

A lembrança de um doce par de olhos verdes me ensinando a contar gravetos e decorar o nome de plantas invadiu minha memória junto de um aperto no coração.

Corpo e alma, a pior das maldições (Projeto em fase de criação)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang