QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)

DIVÃ

Novamente Alex deixava a memória do seu pai, ou daquilo que ele direcionava para as lembranças paternas administrar seus pensamentos, já não aguentava viver com aquela dualidade de se sentir bem ao lado de Benício, mas mal ao achar aquilo terrivelmente errado.

Seguiu a reflexão, e percebeu que Ben só havia o ajudado a matar as ideias homofóbicas que possuía, mas a vontade de se relacionar com ele era diferente disto. Percebeu somente nesse momento que talvez a contribuição do rapaz para sua nova vida não fosse tão grande quanto havia pensado. Benício nunca lhe propôs o relacionamento, o que ele lhe propôs foi a reflexão, de que aquelas ideias eram absurdas, agora o fato de ter se apaixonado pelo babá foi algo completamente espontâneo.

E se outra pessoa tivesse feito o trabalho que Benício fez?

Ele também se apaixonaria por ela? Ou se ele não tivesse tanta raiva de homossexuais como quando conheceu Benício, ele já teria se relacionado com outros homens a mais tempo? - Pensou e repensou.

O policial neste momento se levantou do sofá ainda completamente pelado, foi ao quarto, bem ao lado da cama e pegou seu celular, em seguida retornou para o sofá da sala. Ali viu uma mensagem de Fatinha e percebeu que havia esquecido a criança na casa da mãe.

Novamente culpabilizou Benício, o relacionamento estava lhe tirando a concentração para coisas importantes. No dia anterior conseguiu chegar atrasado no trabalho, transar dentro do escritório da academia e esquecer o filho na casa da mãe.

Segundos depois percebeu a própria hipocrisia, um ano antes o menino era outra criança, amendrontada, perdida, abandonada, por ele e por Débora. Foi Benício que cuidou de Julinho até ali.

Só respondeu Fatinha com um emoji de gratidão e voltou a sua atenção para o seu conflito.

Abriu o celular e simplesmente decidiu pesquisar por mulheres peladas, não por desejo, mas tentando se testar. A pesquisa acabou por levar a imagens de mulheres fazendo sexo entre si, algo que poderia ser relacionado a homossexualidade que nunca lhe trouxe  questionamentos tão banais. Viu nas imagens beleza, uma ou outra faria seu tipo, peitos, ele amava peitões, vez ou outra se enxergava enquanto um cara extremamente hipócrita, pois, seria um julgador em potencial dessas mesmas mulheres caso as conhecesse por puro conservadorismo, mas sabia o quanto havia consumido aquilo. Seguiu sua pesquisa procurando agora por homens pelados, e de certo modo não se sentiu excitado com absolutamente nada o que via, pelo menos não com tudo, o seu conservadorismo gritava, mesmo que ampliasse algumas imagens mostrando o tamanho do ânus de algum ator pornográfico. Nenhum daqueles caras chegava aos pés de Benício, nenhum deles tinha sua inteligência ou mesmo seu sorriso. Ben era diferenciado. 

Alex tomou um susto ao aparecer em seguida uma imagem familiar, um postêr antigo exibia Adriano, seu irmão mais velho pelado e ajoelhado, no seu entorno dez homens de pé o exibiam pirocas enormes, a imagem fazia alusão ao futebol Adriano era o décimo primeiro jogador.

Voltou a página tremendo de nervoso, sentia ódio por ter visto aquilo, queria arrumar todas as formas possíveis de desver aquela imagem. Mas não conseguiria.

O celular tocou em seguida, era uma ligação de Benício.

O policial resolveu não atender. Como era possível amar tanto aquele cara e ao mesmo tempo se sentir tão inseguro frente aquela situação. Passou o restante dos minutos seguintes buscando indícios de que era o babá a sua perdição, que sem ele talvez sua vida estivesse completamente diferente. Riu ao imaginar que na verdade estaria literalmente acabado sem o babá do filho, talvez até morto, como descobriu ser o objetivo de Débora há algum tempo.

Se lembrou que quando estava internado, era com Benício que sonhava. Foi nesse momento que uma recordação o fez encerrar aquela teia que havia iniciado em sua mente ainda na madrugada. Lembrou claramente do flerte que teve com médico Patrick durante o tempo de internação, não sabia ao certo o que poderia ter acontecido com o doutor cubano, mas sabia que aquilo passou de uma simples brincadeira.