Um Jantar quase Romântico

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—O que foi?—me viro e vejo Trafalgar meio corado, acho que não é mais efeito da bebida.

—Você jantaria num restaurante comigo amanhã?—ele vira seu rosto, agora seu olhar estava sobre o meu.

—A-Acho que sim, por que?

Trafalgar pensou alguns segundos antes de me responder.


—Só uma maneira de te agradecer e desculpar por hoje.

—De verdade, você não precisa se desculpar, eu quem quis ajudar—dou um sorriso bobo—Pode me passar seu número?

Trafalgar diz número por número enquanto o adiciono em meus contatos.

—Pronto. Está ficando tarde, posso contar com você então? Te busco umas 20:00 mais ou menos.

—Combinado!

. . .

[20:30]

Depois de toda aquela cerimônia de tirar maquiagem e tomar banho eu coloco água pra ferver, resolvi comer um macarrão instantâneo não estou muito afim de cozinhar tão tarde só pra mim.

Peguei um refrigerante, meu macarrão e me sentei no sofá pra assistir desenho enquanto janto, no entanto, não me distraiu por muito tempo, logo comecei a me lembrar do dia, como um filme que passava pela minha cabeça.

"Você é muito bonita, sabia?"

Essa frase dita por Trafalgar antes de retornar a consciência completa me choca até agora. Me pergunto se ele realmente me acha bonita ou se foi uma frase aleatória de um bêbado. Acho que o mais chocante foi ele deitar sobre mim e pedir minha companhia, ele estando sóbrio jamais me pediria isso.

Adelaide deve ter ferido muito os sentimentos dele, talvez seja por isso que ele tem medo de se expressar mais abertamente ao outros, acho não, tenho CERTEZA. Não a conheço ao ponto de odia-la mas era difícil não detestar depois de ontem no shopping e pelas reclamações dele


Trafalgar. Achei bem repentino ele me convidar para um suposto jantar amanhã, ele está estranho, algum bicho picou ele.

. . .

[9:30]

O trabalho começou extremamente agitado hoje, segunda e sexta geralmente são os dias de pico por aqui. Estava um lugar barulhento inclusive, até demais para um horário desses. Dei uma espiadinha pela fresta da cozinha e vi um grupo de cinco pessoas criando uma zona na mesa 10, uma das mais afastadas por sinal. Uma única pessoa foi suficiente para perceber que dali não sairia nada de bom, Adelaide estava lá, rindo e fofocando tão alto que eu poderia escutar tudo claramente.

Eu congelei. Respirei fundo e torci para que fosse uma coincidência ridícula. Dentre ela, um dos rapazes do shopping estava lá junto dela.
Eu tentei ter decência e não escutar a conversa, mas era tão alto e minha curiosidade estava me matando. Ninguém sabia que eu estava prestando atenção, por que não ouvir?

Para resumir toda a conversa enquanto eles estavam lá: Adelaide e seus coleguinhas pautaram diversos assuntos fúteis que não me chamaram a atenção, o único que fiz questão de estar toda ouvidos foi quando escutei ela mencionar o nome de "Trafalgar"

—Law? Agora ele esta atrás de outra cadelinha pra brincar. Isso me abala um pouco. Eu ainda sinto algo por aquele moreno tatuado.

—Você o ama? Ou está interessada no dinheiro que ele anda ganhando? —uma de suas amigas ri enquanto a indaga.

—Talvez os dois. Consegui tirar um bom dinheiro dele enquanto estávamos juntos, mas aí deu tudo errado, Adrian inventou de me agarrar antes do encontro que eu tinha com o Law.

—Ele não percebeu que era eu Adelaide, pense pelo ponto positivo da história.

—Mas ele ME viu, e é culpa sua—ela cruza os braços e franze o cenho.
Que ódio que eu estava dessa mulher! Então um dos seus amigos se chamava Adrian, provavelmente um dos vários que Adelaide usou para trair Trafalgar.

Eu decidi que não queria mais escutar nada vindo dela, eu estava preparando o prato deles, minha vontade era de cuspir no prato de tanto nojo que eu estava, mas pobrezinha da comida e eu não sou tão baixa assim.

A dúvida que pairava sobre minha cabeça era se eu contava ou não para Trafalgar o que escutei. Se ele tocasse no assunto eu talvez cogitaria em dizer.

. . .

[12:00]

Trafalgar como de costume estava aqui para o almoço, eu já sabia o que preparar então já separei tudo o que usaria. Ele parecia estar como o homem de sempre do dia a dia, meio emburrado, na mesma mesa número 4 e com os olhos colados no celular. A mesma cena de dias atrás de repete: Eu o encaro com cara de besta e momentos depois ele olha em minha direção, com uma única diferença, dessa vez ele deu um pequeno sorriso que passaria até despercebido se eu não o reparasse tanto.

Quando digo reparar não é com a intensão de come-lo com os olhos, mas sim de observar como seus pequenos gestos mudaram comigo depois dos últimos dias, eu agora tinha um visão um pouco diferente dele...
Paro de pensar em asneiras que simplesmente inventei quando corto meu dedo sem querer.

Meu Vizinho é um Médico TediosoWhere stories live. Discover now