Meu Vizinho é um Médico Tedioso

Tarde de Cuidados e um Convite

[10:30]
A noite foi bem agitada ontem, eu e Vivi ficamos a noite toda fofocando e assistindo filmes na maioria do tempo. Acordamos relativamente cedo, umas 9 horas.

Eu adoraria ficar até a hora do almoço com ela para depois ir embora mas eu tinha algumas coisas pra fazer, infelizmente, era pedir muito ter férias permanentes e ficar o dia todo deitada no celular comendo sorvete? Acho que sim.

Trafalgar comprou algumas comidas que usei para preparar sua janta na sexta-feira mas além da comida faltavam coisas em casa, como por exemplo produtos de limpeza, temperos e o principal, doces!

Vivi quis ficar em casa também durante o domingo então acho que todos estão sem planos para hoje.
Antes de ir ao mercado eu passo em casa para guardar as compras de ontem com a intenção de carregar a menor quantidade de coisas possível.

Deixei as sacolas em cima do sofá, eu arrumaria mais tarde. Tomei um banho e troquei de roupa, hoje estava MUITO frio, eu provavelmente congelaria só de tomar um vento. Meu resfriado passageiro já tinha sarado mas não queria arriscar uma friagem de novo então coloquei uma roupa confortável e um sobretudo cor nude.

Estava já saindo da secretaria em rumo a portaria, sou interrompida com uma voz rouca que parecia falar comigo, me dando um susto danado.

—Bom dia.

Nem precisei me virar por completo para perceber que era Trafalgar, ele sempre chega de fininho e cada vez quase tenho um mini infarto.

—Ai Trafalgar que susto! Bom dia—abro um sorriso ladino e o desmancho logo que vejo seu rosto.

—Trafalgar você está bem? seus olhos estão inchados e vermelhos.

—Apenas dormi mal.

—Eu sei que não tenho nada haver com isso mas o que houve na festa de ontem? Você claramente está mal por isso.

—Não se preocupe com isso, você precisa sair?—ele se faz de sonso e tenta mudar o rumo da conversa.

—Preciso ir ao mercado e você?

—Mesma coisa, aceita uma carona?

—Claro, se não incomodar.

—Você sabe a resposta—ele bufa.

—É, talvez eu saiba mesmo—sorrio revirando os olhos.

Trafalgar ao mesmo tempo que estava seco e tedioso como sempre ele parecia abatido, era nítido que ele chorou durante a noite ou algo do tipo, mas ele não falaria de uma hora ou outra pra mim.

Tempos depois que ele começa a dirigir eu tento quebrar o silêncio com a mesma pergunta de mais cedo:

—Não quer contar sobre ontem? Não somos tão próximos mas pra mim você claramente não está bem.

— Você é insistente sabia?

—Sim, eu sei e você é sonso, sabia? Pretende fingir que nada te abala até quando?
Trafalgar não responde e ficamos assim até chegar ao nosso destino.

. . .

Já no mercado eu preparei a minha lista de compras mentalmente, era pouca coisa então não me esqueceria de nada. Nos separamos brevemente devido aos produtos diferentes que procurávamos.

Na área de produtos de limpeza eu começo a separar os conteúdos que preciso em minha sacola de tecido.

Corredores a frente estava a ala de temperos e massas, o mesmo processo se repete até eu me deslocar aos refrigerantes. Bem ao lado dos "refris" tinha a seção de bebidas alcóolicas onde Trafalgar estava. Poucos metros de distância foi o suficiente para minha curiosidade me fazer olhar em direção a grande garrafa de vinho em sua mão.

—Eu não sabia que você bebia—digo olhando agora para seu rosto completamente deprimido.

—E não bebo, apenas de vez em quando em festas—seu olhar se fechava um pouco mais.

—Eu já bebi esse vinho uma vez, ele é muito gostoso—digo redirecionando meu olhar para seu rosto que brevemente olha para mim.

Alguns segundos foram suficientes para aparecer um clima mega desconfortável de troca de olhares. Assim que reviro os meus olhos para encerrar esse clima Trafalgar segura meu queixo com sua mão direita.

—O que é esse machucado na sua bochecha?

Eu tinha esquecido dessa merda, Adelaide deixou uma marca no meu rosto e eu nem percebi. Rapidamente lhe dou uma desculpa: