Juntos por uma Noite?

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Assim que entro em seu apartamento Trafalgar já fecha a porta e caminha em direção a cozinha.

—Sente-se enquanto eu pego o remédio.

—C-claro, onde posso deixar o seu casaco? Ele está meio molhado.

—Deixe no encosto do sofá, depois eu me viro—diz enquanto meche em algumas caixas de remédios na cozinha.
Depois que me sentei eu comecei a reparar em seu apartamento, é tudo tão arrumado e organizado, olhei para cada detalhe, não tinha nadinha de poeira.

A única parte um pouco desorganizada no que pude reparar era apenas uma mesa de vidro, que estava cheia de pilhas de papeis e várias pastas. Sou interrompida com law me trazendo 2 remédios e um copo d'água.
Arregalo os olhos na hora que vejo os comprimidos.

—E-espera, dois??

—Sim, só o da febre não vai aliviar a tosse.

Era vergonhoso dizer isso, mas eu DETESTAVA tomar remédios, eu tenho muita dificuldade de engolir essa porcaria, até que eu finalmente o faça o gosto horrível e amargo já toma conta do meu paladar.

—Não tem algum remédio menorzinho não?—olho para ele completamente corada, eu, uma jovem de 20 anos com frescura pra tomar remédio, dessa vez eu nem ligaria se ele me desse uma resposta atravessada.

—Não—diz enquanto ele pega o casaco e o leva na lavanderia, isso demorou um pouco até ele voltar e perceber que eu ainda estava encarando os remédios com uma cara de desespero.

—Qual é o problema? São só remédios.

—N-nenhum!—Engulo seco e jogo os dois comprimidos de uma vez na minha garganta, tomando água logo em seguida. Tossi um pouco por conta do gosto amargo que se espalhou pela minha boca enquanto fazia umas caretas.

—O-obrigada

—Disponha—ele pega o copo da minha mão e vai para a cozinha— Fique aqui até a febre passar.

Ele mal olha na minha cara quando fala comigo, eu sei que não começamos a nos falar da melhor maneira possível mas aquilo me incomodava, eu parecia um bicho ou algo que nunca gostaria de ter conhecido, mas se fosse realmente isso por que ele teria oferecido carona? Ou então para me ajudar com as dores? Trafalgar é estranho!

Na tentativa de ser amigável comecei a puxar assunto.

—Por que decidiu me dar carona do nada?

Escuto Trafalgar respirar fundo, acho que ele não gostou da pergunta.

—Moramos literalmente no mesmo condomínio Akari, pensei que fosse óbvio.

Ata—dou uma risadinha baixa—Pensei que fosse pela chuva e meu resfriado.


—Isso pouco me importa.

—Seu senso de humor é terrível... foi só uma piada—digo bufando arrumo minhas coisas para ir embora.

—Tudo pra você parece ser piada, inclusive eu

Ah não, Trafalgar realmente disse isso? De onde ele tirou que trato ele como piada?

—O que quer dizer? Eu nunca fiz nada pra você

—Desde o primeiro dia que começamos a nos ver com mais frequência você sempre parecia querer me ignorar, quer que eu cite uma por uma das situações?

Trafalgar perdeu o juízo, toda essa história começou com ele.

—Vamos, diga então!—o encaro de braços cruzados e já irritada.

—O primeiro foi no elevador, eu ainda tentei pedir licença você só ficou no meio do caminho fuçando a sua bolsa. Segundo: no mesmo dia no restaurante você entregou a comida de qualquer jeito e mal olhou na minha cara, me fez de palhaço falando aquele monte de asneira em público . A única vez que você se "desculpou" foi sobre o elevador.

Eu estava me segurando MUITO para não voar a minha mão na cara dele.

—A do elevador VOCÊ está irritado? Não justifica você ter esbarrado em mim daquele jeito. Lógico que te tratei daquele jeito no restaurante, nem você olhou pra mim e eu estava irritada com você. Sobre pedir desculpas, você só pediu UMA vez até hoje, que foi quando você me ensopou na rua com a poça d'água. Você não tem moral alguma pra reclamar de mim!

—Quantas vezes vou ter que dizer que eu não molhei você de propósito??

A discussão durou mais algum tempo e cada um aumentava cada vez mais o volume da voz.
Eu e ele nos calamos até escutar uma batida na porta.

De novo não... com certeza era a senhorinha de novo pedindo para fazer silêncio.
As batidas continuaram e aumentaram de tom conforme Trafalgar demorava para atender a porta.

—Já vai!—ele estava cego de raiva de tanto discutirmos. Sua voz rouca, e agora, alta foi suficiente para fazer as batidas pararem.

Pobre senhorinha, não merecia ter que passar por isso.
Trafalgar abre finalmente a porta e quase caio do sofá.

—Adelaide??— Trafalgar diz olhando para uma moça com uma expressão misturada de ódio (provavelmente por causa de mim) e surpresa.

—Law! Quando soube que você veio para cá eu não podia deixar de fazer uma visita—ela dizia enquanto passava seus braços nos ombros de Trafalgar.

—O que você tá fazendo aqui Adelaide?—franziu o cenho

Ok, essa me pegou de surpresa, não era a pobre senhora, mas sim uma mulher alta e de cabelos ruivos. Ela provavelmente era parente dele, até por que o chama de "Law", com certeza tinham intimidade.

—Law! Que rude de sua parte, eu senti sua falta sabia?

—Eu não sinto o mesmo se você quer saber, vá embora por favor, estou ocupado—ele retirava os braços dela de seus ombros.
Antes de Trafalgar fechar a porta a mulher olhou dentro do apartamento e uma expressão de raiva também tomou conta de seu rosto, e pra variar, ela me viu.

Meu Vizinho é um Médico TediosoWhere stories live. Discover now