capítulo 31

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Cecília.

Hoje fazia dois dias que estava nesse lugar, as coisas aqui são bem calmas, o que de fato é estranho.

Só vejo Kevin a noite na hora do jantar pelo que pude perceber ele sai de manhã, e volta as 18h.

Sabia a hora que ele voltava, por que sempre via as horas no relógio que havia na cozinha.

Neto sempre está comigo, e quando não está é por que está fazendo alguma coisa que Kevin pediu.

Os empregados, não falam, e nem olham para mim, sempre evitam o maior contato.

Continuo sentindo mal estar constante, e as vezes não consigo comer nada, pois sinto um certo enjôo, estou começando a ficar preocupada, nunca tive algo parecido.

Até agora não sei se Kevin entrou em contato com James, não ouvi eles falarem nada de meu pai, muito menos de James.

Hoje seria o dia tá minha fuga, ou pelo menos tentativa.

Nesse dois dias consegui pegar a rotina da casa, Kevin tirou um pouco dos seguranças da parte de fora da casa, acho que ele pensa que não vou tentar fugir.

O jardim da para uma mata, não tem muro, nem cerca, fácil demais, isso não parece bom, mais preciso tentar sair daqui.

Abro a porta devagar e vejo que Neto não está no corredor como costumava ficar.

Provavelmente deve ter ido fazer alguma coisa, tenho que ser rápida já que ele não demora a voltar quando é assim.

Fecho a porta, e vou até o guarda roupa, pego uma calça jeans, e uma camiseta grande.

Visto tudo rapidamente, vou para o banheiro pego um elástico e prendo o cabelo, para ser mais fácil para caso eu precise correr.

Calço um tênis, e saio fechando a porta.

Pelo que parecia agora devia ser duas da tarde, não tenho certeza.

Desço as escadas devagar, sem fazer barulho, sempre olhando para trás e os lados.

Passo pela sala, não tinha ninguém, nem na cozinha quando saio pela porta que dava para o jardim.

Os empregados a essas horas ficam espalhados pela casa, mas em alguns cômodos provavelmente já limparam.

Saio pela porta da cozinha sem fazer barulho, ando pelo jardim tomando cuidado e olho para trás, até que vejo Neto sair pela porta da cozinha.

MERDA!

Ele olha pra mim, depois para minha roupa, parece pensar e com certeza deduzir o que eu estava preste a fazer.

Então antes que ele pudesse fazer qualquer coisa começo a correr, corro o mais rápido que posso, indo para o meio da mata.

Escuto seus passos e gritos atrás de mim, não paro de correr.

- VOCÊ TÁ FUDIDA GAROTA!

Entro por meio as árvores, me desviando dos galhos caidos, até que tropeço em um e caio.

Sinto uma pontada na barriga, ignoro me levantando rapidamente e começando a correr novamente.

Vejo que os passos acessaram atrás de mim, paro atrás de uma árvore me escondendo, e olho em volta, não tinha ninguém.

Tomo um pouco de fôlego, e volto a correr, precisava ir o mais longe que conseguia da li.

Não demora a começar a escurecer, me sentia perdida, só tinha mato e árvore para todos os lados.

Não sabia se já estava longe o bastante, mas me sentia cansada, com fome e sede, dor por todas as partes do corpo, as pontadas na barriga estavam cada vez mais frequente, eu não tinha mais condições de continua a andando.

Sento atrás de uma árvore, e encosto minha cabeça na mesma, fecho os olhos, sentido o cansaço me consumir ainda mais.

Tudo que queria era um bom banho quente e um prato de comida.

Fecho os olhos, e deixo ser consumida pela escuridão.

Acordo com o sol batendo direto no meu rosto, abro os olhos devagar me acostumando com a claridade.

Estava um pouco frio por ser de manhã, devia ter pegado uma blusa, e também uma garrafa de água, mais queria sair de lá o mais rápido que mal consegui comer alguma coisa antes.

Me levanto devagar, me apoio na árvore, olho ao redor, estava tudo calmo demais.

Começo a andar devagar, aproveitando o som dos pássaros cantando.

Até que escuto vozes próximas, entro mais perto das árvores e começo a andar mais rápido, sempre olhando para trás, para ver se eles não estavam perto, até que um cara armado me vê.

- ACHEI ELA.- ele grita, começo a correr.

Meus pés, e minha perna já doíam demais, mas não era hora de parar.

Olho mais uma vez para trás e haviam três caras atrás de mim.

Acabo tropeçando em uma pedra caindo de joelho, sinto a dor, mais levanto rapidamente correndo, só que agora mancando.

Ótimo, tudo que eu precisava era me machucar.

- Se você não parar eu vou atirar.- um dos homens fala atrás de mim.

O ignoro e continuo.

Até que escuto o barulho e uma dor insuportável tomar conta da minha perna inteira, me fazendo gritar e cair de joelho no chão.

Sinto meu cabelo ser puxado para trás com força.

- Se prepara para o que te espera.

É a última coisa que escuto antes se apagar por completo, por conta dá dor que sentia, e também por que não tinha mais estrutura para continuar a fugir.

[...]

Acordo e já sinto minha perna doer, só que agora muito mais do que antes, era como se tivesse dando facas a cada minuto nela com uma faca bem afiada.

Abro os olhos e me sento com dificuldade.

Percebo que estava em um lugar sujo, que fedia a mofo e coisa velha, meu estômago revira.

Vestia apenas uma camiseta velha, as roupas que eu estava antes havia sumido, até mesmo o tênis.

Ali era bem frio, muito mais frio que o lado de fora, fazendo meus dentes baterem um no outro.

Olho minha mão que estavam presas com uma corrente de ferro, assim como meus pés, as correntes estavam presas na parede, me fazendo ter que ficar encostada na mesas.

Estava com dificuldade para engolir a saliva, e só aí percebo que estava com uma coleira no pescoço.

QUE MERDA É ESSA?

Sei que precisava ter pensado melhor antes de fugir, mas eu precisava tentar, se eu for morrer, quero morrer com um pouco de dignidade.

Escuto a porta abrir, Kevin e mais três homens entrarem, fechando a em seguida.

Apenas o olho sem falar nada, ele para na minha frente e se abaixa ficando centímetros do meu rosto.

- Olha só a fujona, achou mesmo que ia conseguir fugir sem ser encontrada?- ele tinha um sorriso debochado nos lábios.

- Pelo menos eu tentei.

- Uma tentativa falha, bom eu avisei o que ia acontecer se você fizesse alguma gracinha, e James não está colaborando, é uma pena ter que estragar esse lindo rostinho.- ele passo o dedo no meu rosto devagar, afasto o rosto.

- VAI SE FERRAR, SEU BABACA DE MERDA!- grito e cuspo em seu rosto, estava de saco cheio de toda essa merda.

Ele se afasta, arrumando a postura, limpa o rosto com a mão.

- Façam o que eu mandei.- ele fala para os três homens, e antes de sair vira na minha direção.- Espero que seu filho sobreviva a tudo que te aguarda, boa sorte.

Ele fala sem tirar o sorriso tosco, e sai me deixando sozinha com os três homens enormes a minha frente.

Ele disse filho?

Não podia ser... Eu não posso estar grávida.


...

James Miller Onde as histórias ganham vida. Descobre agora