capítulo 3

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Cecília.

Na hora de ir para casa, Lua ofereceu carona para me levar para casa, já que sua casa era no mesmo caminho que a minha.

Meu pai estaria no trabalho, e meu avô com certeza jogando cartas com seus amigos, então aceitei a carona.

Quando estava saindo da escola para o carro da Lua, aonde ele estava parado, vi James subindo na sua moto, colocando o capacete, enquanto alguns fios de seu cabelo caia em seu rosto.

Desviei o olhar, e continuei o caminho até o carro, me sentei no banco da frente, e Lipe sentou atrás, já que eu ia descer primeiro.

- O que achou do seu primeiro dia?- lua pergunta, dando partida e começando o caminho.

- Bom.

- Dá onde você veio?

- Texas.- respondo.

- Legal.- ela responde, encerrando a conversa, olhei de relance para Lipe no banco de trás, ele estava entretido no celular, estava nem aí para o que estávamos falando.

O resto do caminho foi silencioso, Lua parou enfrente a minha casa, e olhou surpresa.

- Você é filha do delegado?

- Sim.

- Isso é bom, você pode fazer a merda que quiser, e seu pai não vai de prender, puta merda, isso é incrível.

- Na verdade não.- digo rindo.

- Vai ter uma festa hoje, quer ir?

- Eu não sei.- respondo, querendo falar não, mas talvez soaria o tanto rude da minha parte.

- Vamos, vai ser legal.- Lipe fala pela primeira vez dês que entramos no carro.

- Talvez, eu mando mensagem se eu for ir.- falo abrindo a porta, eles já tinham passado o número deles para mim.- Obrigada pela carona.

- Tchau, gata.- Lua fala.

- Tchau.- respondo e ando até o portão de casa, pegando as chaves na mochila e entrando.

O restante da tarde passei tirando o resto das minhas coisas das caixas, já que não havia terminado no final de semana.

Arrumei meus livros na estante, sim, sou uma leitora compulsiva, livros são como meu oxigênio, meu mundo distante, aonde posso viver um milhão de vidas, sem sair do lugar.

Escuto meu celular tocar, ando até a cama o pegando e vendo que era Lua me ligando.

- Alô.

- Oi, então vai a festa com a gente? Fiquei esperando você ligar, mas nada de você aparecer.

- Eu estava ocupada, acho que não vou.

- Vai sim, passo pra te pegar às 19h.

MERDA!

- Eu realmente, não...

- Te vejo daqui a pouco.- e desligou. Ela realmente desligou na minha cara.

Olho para as horas, no relógio marcava 18h em ponto, eu tinha menos de uma hora para me arrumar, droga.

Ir em uma festa, aonde eu não conhecia ninguém, nunca vai parecer uma boa opção, e eu só odiava ainda mais a ideia, de ter que sair de casa.

Corro para o banheiro, tomo um banho rápido, volto para o quarto, pego uma calça jeans lavagem escura, uma camiseta preta da banda Arctic Monkeys, coloco o tênis, prendo meu cabelo em rabo de cavalo, passo um pouco de brilho lábio, e rímel, e estava ponta.

Não era muito de usar maquiagem, ou de me arrumar, ia sempre pelo básico, e confortável.

Escuto a buzina do lado de fora de casa, desço correndo, vejo meu vô sentado na sala assistindo jornal.

- Vô, tô saindo com dois amigos, volto mais tarde.

- Tá bom, eu aviso seu pai quando ele chegar.

- Beijo.

- Beijo, cuidado.

Saio fechando a porta e colocando as chaves no bolso dá calça, ando até o carro, Lua tava do lado de fora mechendo no celular, ela usava um vestido vermelho curto, com um decote em v nos seios, seus cabelos estavam soltos com cachos, e um solto alto, na verdade bem alto.

- Você vai se calça?- pergunta me olhando de cima a baixo.

- Sim, não reclama, você está me obrigando a ir.

- Tá bom, tá bom, vamos logo.

- Lipe não vai?- pergunto não o vendo no carro.

- Ele foi com alguns amigos idiota dele.

Entro no carro, e fomos para a festa. O caminho Lua contou um pouco mais de como as coisas funcionam por aqui, sobre a escola, e sobre os garotos. Ela estava apaixonada por um amigo do James, ela disse que já ficou com ele algumas vezes, mas ele nunca quis nada sério com ela, que ele é fechado e mistérioso, conversamos sobre mais algumas coisa, até chegarmos na festa.

Chagamos na festa, não era muito longe, assim que paramos enfrente a casa, já podia ver como estava lotada, tinha gente para todos os lados, adolescentes.

A música estava alta, que daria para ouvir da esquina, não sei como os vizinhos não reclamaram ainda.

Assim que descemos do carro, não foi difícil nota que eu era a única de calça, ótimo. Entramos com dificuldade para passar pelo tanto de gente.

- Vem, vamos pegar bebida.

- Eu não bebo, obrigada.

- Deixa de ser tão certinha, bebe vai.- Lua insiste, mas beber estava contra todos os meus princípios.

- Não Lua, eu realmente não gosto da ideia de beber, vou com você, e depois podemos dançar.

Ela concorda com a cabeça, fomos até onde penso ser a cozinha, Lua pegou uma cerveja na geladeira, olhou para mim, com a cara de quem ainda queria que eu tomasse, mas apenas neguei com a cabeça.

Fomos para a pista de dança, e começamos a dançar, no ritmo que a música tocava, era agitada e envolvente.

Sentia meu corpo se mexer sozinho, conforme entrava em sintonia com a música, logo vi Lua dançando com um garoto moreno, me afastei um pouco, para deixar os dois mais a vontade, e continuei a aproveitar a música.

Quando acabou, começou a tocar uma que eu não conhecia, resolvi sair para fora tomar um ar, ia avisar Lua, mas quando olhei ao redor, ela já não estava mais lá. Também não vi Lipe em lugar nenhum.

Sai me afastando dos casais que se beijando freneticamente encostados nas paredes.

Brisa da noite bateu, fazendo algumas mechas do meu cabelo cair no rosto, alguns pelos da minha nuca se arrepiaram, me encosto no muro, e observo o céu.

- Você parecia tá se divertindo lá dentro, enquanto dançava.- escuto sua voz próxima a mim, olho em sua direção, ele vinha caminhando na minha direção, enquanto acendia um cigarro.

- Então, estava me observando?

- Talvez.- ele para do meu lado, e assopra a fumaça e olha para o céu, ele estende o cigarro na minha direção, pego e os levo até a boca.- Pensei que boas garotas não fumasse.- fala com sarcasmo.

- E quem disse que sou uma boa garota?- pergunto devolvendo o cigarro a ele.

- Eu estou dizendo.- Fala de uma forma autoritário.

- Grande merda.- retruco, rindo em seguida.

- Quer dar uma volta?

- Quero.- respondo sem pensar duas vezes.

- Vai mesmo aceitar dar uma volta com um desconhecido?

- Você não é um desconhecido para mim, eu sei bem quem você é, James Miller.

Ele sorri para mim, o sorri mais triste que eu já vi, e não era pelo momento, ele apenas, parecia carregar uma grande tristeza dentro de si.


....


James Miller Where stories live. Discover now