Capítulo 47 - Receios

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— Eu... Eu... - as palavras somem ao tentar explicar. Porque eu sei que nem o máximo de desespero em perder minha filha, justifica a pessoa horrível que fui ao magoá-la com aquelas palavras.

— Ainda mais você, Jisoo. - minha amiga diz com um tom firme - Você brigou comigo quando eu disse aquelas mesmas coisas para ela. Quer dizer, brigar é apelido. Você acabou comigo. Você defendeu a Rosie com unhas e dentes, e chegou a me ameaçar a perder sua amizade, caso eu não me redimisse com ela. - a testa de Jennie enruga e ela franze o nariz - Não dá para entender o porquê você tenha falado aquilo para ela.

— Jennie. - minha voz sai tremida devido a enorme vontade de chorar.

— Tudo bem, tudo bem. - ela suspira - Eu vou te ajudar nessa. - ela sorri fraco e coloca sua mão em meu braço - Assim como você me ajudou a pedir desculpas a ela.

— Mas você não pediu desculpas. - minha voz fanha não impede de Jennie erguer uma sobrancelha - Se eu e Lisa não levássemos vocês ao parque, você não a procuraria. E eu sei que você não pediu desculpas, você só agiu como se nada tivesse acontecido. - minha amiga junta os lábios e revira os olhos.

— Aquela loira linguaruda e fofoqueira. A Solar teve a quem puxar. - ela murmura - O que importa é a intenção, ok? Agir como se nada tivesse acontecido naquele dia foi como o meu pedido de desculpas e ela aceitou.

— Se eu agir dessa forma, ela nunca mais vai querer falar comigo. - meus lábios tremem e Jennie sorri.

— Continua com esses lances das flores. Uma hora ela vai se render ao seu pedido de desculpas.

— Mil rosas não serão o suficiente. - escondo o rosto entre o vão de meus braços e a mesa.

— Então tente duas mil. - Jennie diz simplista e eu suspiro antes de olhá-la.

— É o que eu estou fazendo. - Jennie abre lentamente a boca, franze as sobrancelhas e logo depois cai em uma gargalhada.

— Mentira? - ela se ajeita na cadeira e eu repito seus gestos. Me colocando ereta em meu assento - O que você tem em mente, Jisoo?

— Todos os dias que temos aulas, eu trago um buquê com dez flores de Gérbera. Cada dia o buquê tem uma cor diferente. - Jennie me olha atentamente, prestando atenção em cada detalhe do que eu falo - É uma das flores preferidas de Chaeyoung, então pensei em enviar todas as manhãs. - olho para minhas mãos e depois olho para a janela - É claro que eu não tenho coragem de entregar em mãos, então eu paro alguém no corredor e peço para entregar a ela. De qualquer forma, dentro do buquê tem um cartão com minhas sinceras desculpas e com a contagem das rosas. - meus olhos encontram o de Jennie - Eu comecei a contar novamente, já que eu fui uma ogra sem limites e tenho mais um motivo para me desculpar com ela. Hoje chegamos a duzentas flores. - solto o ar pesadamente. A sensação de estar sufocada me persegue há dias, e nem os maiores suspiros conseguem me livrar dessa penosa sensação.

— Chegamos ao número que faltava antes de vocês terminarem? - nego com um movimento sutil da cabeça.

— Quando eu fui embora, faltavam oitocentos e noventa e dois.

— E aquela rosa no carro no dia que nos encontramos com ela na escola da Solar era a noventa e um. - ela conclui e eu confirmo.

— Agora faltam oitocentos e sessenta e nove.

— Você deu continuidade a essas também? - ela franze as sobrancelhas.

— Sim. - a expressão de surpresa no rosto de Jennie me faz sorrir de lado - Continuei como naquele dia em que você riu de mim e disse que eu não sabia escrever. - Jennie ri, me fazendo sorrir um pouco mais - Todos os dias de aula, antes de irmos embora, eu coloco uma rosa na porta do carro dela.

Inside Out  •  ChaesooWhere stories live. Discover now