Inside Out • Chaesoo

Capítulo 11 - Afeição

Espaço Inside Out

Olho para o copo com o líquido amarelo no porta copos da mesa na sala de descanso. A sexta extremamente quente fez com que o gelo derretesse rapidamente e o suco ficasse aguado. Pego meu celular ao lado do copo, desbloqueio e vou até a galeria de fotos. Aquela foto de domingo ainda está salva em minha galeria, está salva nos favoritos. Solto todo o ar de meus pulmões em uma respiração sofrida ao constatar como tudo na vida é vulnerável, instável e mutável. Como o sentimento de paz ao dormir com elas nesse dia, ou tê-las em meus braços na quarta. E o sentimento de aflição e consternação ao lembrar do Soohyun, pai de Solar, marido de Jisoo. Kim Jisoo tem uma família, ao qual eu não faço parte e que não é certo me envolver e prejudicar.

– Chaeyoung, podemos conversar? – Nayeon puxa uma cadeira ao meu lado e se senta. Eu sequer percebi ela entrando na sala – Eu sei que você está na hora do seu almoço, mas é algo necessário.

Inclino meu corpo em direção a minha supervisora e tento analisar suas expressões faciais. Nayeon nunca pediu um tempo do meu lanche, nunca me pediu para ficar até mais tarde, ou qualquer coisa do tipo. Ela é uma líder nata e respeita sua equipe, por isso eu sinto meus músculos se contraírem em uma certa tensão com o pedido dela.

– Não precisa empalidecer, Chae. – ela sorri suavemente – Mas precisamos conversar sobre Kim Yongsun. – ela me olha e meu coração dispara.

– Eu.. – tento formular alguma frase coerente, mas sendo sincera.. O que vou dizer?

– Você não fez nada de errado. – ela coloca uma mão em meu ombro – Hoseok me contou algo e eu achei melhor nós duas conversarmos um pouco, pode ser?

– Tudo bem. – pisco algumas vezes, tentando aliviar o nervosismo.

– Jisoo marcou uma consulta de emergência com ele para hoje, antes do horário que a Yongsun tem todas as sextas. – ela me analisa antes de continuar – Não sei se você sabe, mas ele está fazendo um acompanhamento com a criança sozinha e a mãe está com a Irene. – confirmo com a cabeça – Pois então, aparentemente ela queria dizer algumas coisas para Hoseok. – Nayeon segura minha mão – E você sabia disso, certo? Do que ela queria dizer.

– Tal-talvez.. – prendo a respiração e Nayeon ri suavemente. Por que ela está rindo do nervosismo dos outros?

– Jisoo queria falar dos pesadelos de Yongsun, Chae. – ela diz e eu concordo.

– Então eu sabia. – solto o ar que estava segurando.

– É claro que sabia. – ela ri mais uma vez – Ela fez questão de dizer ao Hobi que você aconselhou que ela fosse conversar com ele sobre isso. – Nayeon solta minha mão e dá dois tapinhas nela.

– Nayeon, eu juro que eu não queria me envolver assim... – não consigo controlar um soluço – Na verdade, eu queria. Mas não como psicóloga, só como amiga, como alguém que... – Nayeon coloca as duas mãos sobre os meus ombros e procura pelos meus olhos.

– Criança, você fez bem. – a olho confusa – Você não deu uma opinião médica, Chae. Você não a avaliou, você apenas pediu para ela procurar o psicólogo dela.

– Eu não quero que ela passe por isso novamente. – sinto uma lágrima quente escorrer pela minha bochecha.

– Oh, Chae. – Nayeon me puxa para um abraço – Ela é criança, terá diversos pesadelos ao longo da vida dela. – ela diz rindo e eu solto um grunhido frustrado.

– As duas ficaram tristes, Bunny. – ela separa nosso abraço e volta a segurar minhas mãos.

– Você gosta mesmo delas, hein? – sinto minhas bochechas aquecerem e nego levemente com a cabeça.