Capítulo 2 - Família

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Gangnam

Aperto o volante do carro ao olhar para o sinal vermelho do cruzamento da rua Dosan–daero com a rua Seollung–ro. Apesar da enorme quantidade de semáforos,  o trânsito da noite está tranquilo, como normalmente ocorre em nas ruas de Seul.

A ideia de sair para jantar da Alice era brilhante, mas ao mesmo tempo assustadora. Após sua mensagem avisando que papai estava no país, Alice ligou marcando um jantar no restaurante favorito dos nossos pais quando estão na Coreia.

Eu já estava a caminho de casa quando recebi sua ligação e como ainda estava cedo, resolvi me preparar um pouco melhor para esse jantar. O restaurante Gaon é um dos mais famosos e requintados de Gangnam e não havia possibilidade alguma de ir com a roupa que estava.

O sinal fica verde, tiro o pé do freio e o carro anda um pouco. Agradeço mentalmente aos engenheiros automotivos por inventarem o carro automático e suas facilidades. Estou a menos de cinco minutos do restaurante e começo a sentir a ansiedade tomar conta do meu ser. Minhas mãos estão começando a suar e meus joelhos estão fraquejando aos poucos. Não posso deixar de pensar que Alice está evitando a todo custo qualquer assunto polêmico e ficar em local público, no momento, parece ser o mais seguro. Apesar disso, não consigo conter o nervosismo.

Estaciono o carro e entrego a chave ao manobrista, ao entrar no restaurante informo a reserva no nome de Alice Park e sou acompanhada pelo hostess até nossa mesa. Papai e Alice já estão no local à minha espera com suas inseparáveis taças de vinho.

– Você está linda! – diz Alice ao se levantar e me abraçar. Aceno com a cabeça para dispensar o hostess.

– Obrigada, você também! Aliás, você fica linda de verde. – digo ao me separar do seu abraço e sorrio em sua direção – Dad! – caminho até ele, abaixo um pouco até ficar na altura dele sentado e o abraço de lado – Senti saudades!

– Eu também, filha. – ele diz acariciando meu braço – Agora sente–se. Já tomamos a liberdade de pedir por você.

Dou um beijo singelo em sua têmpora, me separo do abraço e sento na cadeira reservada a mim. O garçom se aproxima e serve uma taça de vinho e outra com água.

– Rosie, antes de você chegar, o papai estava falando sobre o novo contrato que o escritório assinou com um dos maiores empreendimentos imobiliários. – Alice diz e leva a taça de vinho até a boca. Seus lábios já estão levemente avermelhados pela bebida.

– Oh.. Que máximo! Conte um pouco mais, Dad.– bebo um pouco da minha água – Aliás, por que mamãe não veio? – pergunto mesmo sabendo que isso pode nos levar a um assunto que eu não quero no momento.

– Sua mãe ficou em Melbourne para organizar o contrato com a nova equipe. Eu precisei vir para alinhar tudo com a sua irmã e contratar mais uma pessoa. Será um contrato grande e precisamos de pessoas especializadas em lei de inquilinato. – papai diz como se fosse a coisa mais normal do mundo ele aparecer aqui do nada sem avisar.

– Quem vai ficar responsável por esse contrato em Melbourne? – Alice pergunta.

– Amanda Seyfried ficará como gerente de conta desse contrato. – ele responde e imediatamente Alice olha para mim.

Amanda foi meu grande amor depois de Kurt Kairus, esse foi o primeiro amor infantil, aquele que todos temos aos cinco anos, o que andamos de mãos dadas na escola primária, dividimos o lanche no intervalo e nossas mães tiram fotos nossas dando estalinho. Já a Amanda, foi a primeira paixão, o primeiro beijo e o primeiro coração partido.

Amanda é dois anos mais velha que eu e quando entrei no Ensino e treinamento vocacional, com 13 anos, ela já estava com seus 15. Foi amor à primeira vista. Nunca imaginei ficar apaixonada por alguém daquela maneira, seus olhos verdes, seus cabelos loiros e sua pele bronzeada do sol, seu perfume adocicado e seu sorriso me encantavam. Fui completamente apaixonada por ela durante três longos anos, enquanto ela namorava Megan – a popular –.

Inside Out  •  ChaesooWhere stories live. Discover now