Capítulo 32 - Sirius

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Gangnam

Coloco o marca página no livro "Intervenção Neuropsicológica Infantil", antes de apoiá-lo na mesa da cozinha e analisar o pequeno cachorro que está no chão. Hank está sentado, com suas orelhas em pé, a língua para fora e seu olhar cravado em mim. Ele inclina a cabeça para o lado, quando ameaço pegar o livro novamente para ler.

— Está com saudades dela, não está? - o pequeno filhote late - Eu também estou, Hank. - ele se aproxima de meus pés e cutuca minha perna com seu nariz - O que você quer, uh?

Largo de vez o livro na mesa e pego um pedaço de biscoito para cães. Com o canto dos olhos, consigo perceber ele balançar seu rabo e ficar em duas patas. Se Solar estivesse aqui, ela estaria estonteante com essa cena.

— É isso que você quer? - mostro o biscoito para ele e o vejo andar desajeitadamente com suas duas patinhas - Good boy! - entrego o petisco delicadamente para ele e faço um carinho em sua cabeça, assim que ele abaixa o corpo para comer.

Hank, assim como Solar, é um filhote com extrema energia e muito carisma. Ele diverte não só a pequena de bochechas fartas, como todos que estão ao seu redor. Hank escolheu a Solar pois são parecidos, puros de coração e imensamente felizes.

— Essa casa fica silenciosa demais quando estou sozinha. - murmuro baixo, olhando para o filhote e seu biscoito - Você acha que a Solar está se divertindo com a Alice, Hank? - ele termina de comer seu biscoito e me olha - Você também está se sentindo vazio longe delas? - Hank late mais uma vez e eu solto um longo suspiro antes de pegar novamente meu livro e voltar para minha leitura.

Com Solar e Alice no parque, Lisa e Jennie sumidas desde quinta-feira e Jisoo com um encontro programado com sua família, resolvi tirar o sábado para colocar os estudos em dia. Há alguns dias eu deixei de focar em minha monografia, estudando apenas para as matérias atuais, e sinto que com isso meu rendimento caiu. Não que eu queira ser a melhor aluna do curso, está longe de mim essa ambição. Mas sempre me achei uma aluna mediana, que precisava se esforçar e muito para conseguir um bom rendimento nas aulas. E não me dedicar aos meus estudos, seria o mesmo que não me dedicar ao meu sonho. E se eu quero ajudar as crianças, eu preciso saber bem o que estudo, para ter propriedade a esse assunto e fazê-lo certo.

Sinto o leve toque do nariz gelado do filhote em minha perna mais uma vez, assim que pego um pedaço de manga e levo a boca. Olho para o filhote a tempo de perceber sua boca aberta, língua para fora, rabo balançando e ele inclinando sua cabeça lentamente para o lado.

— Você não pode comer novamente, Hank. - olho para o relógio em meu pulso - Ainda são onze e quinze da manhã, vou colocar sua comida só ao meio dia. - ele chora baixo e deita entre meus pés.

Volto com o olhar para meu livro e antes que conseguisse ler uma linha inteira o som da campainha de casa soa pela cozinha. Um grunhido de frustração sai por meus lábios e repouso o livro na mesa, me dando por vencida, uma vez que não vou conseguir prestar atenção alguma com esse barulho. Levanto junto de Hank e seguimos em direção a entrada principal da casa.

— Quem será, Hank? - olho para o cachorro, quando coloco a mão na maçaneta da porta e giro o trinco - Não fique tão feliz assim garoto, nossas meninas não virão hoje, uh? - ele me olha rapidamente e volta sua atenção para a fresta que começa a aparecer, à medida que vou abrindo a porta.

— Hank... Como você está, garoto? - meu coração acelera imediatamente ao reconhecer a voz suave e melodiosa do outro lado da porta. Tiro meus olhos de Hank, que também se animou com aquela linda voz, e olho diretamente para ela.

— Soo. - minha voz sai baixa, mas alta o suficiente para ela ouvir e olhar para mim. O sorriso dela cresce em seu rosto, assim como o meu sorriso rasga o meu rosto.

Inside Out  •  ChaesooWhere stories live. Discover now