Tem uma lojinha bem peculiar nessa esquina que me lembra a minha vizinha desatenta.
Por isso, achei que era somente uma alucinação quando a vi sair daquele lugar.
Um motorista inconsequente decide acelerar enquanto ela estava atravessando a faixa de pedestres.Por pouco Lisa não foi atropelada.
Segurei sua mão trêmula para irmos em direção a minha moto, ela ainda hesitou.
— Vamos, confie em mim. — Encaro os olhos dela e aperto um pouquinho sua mão. — Eu costumo pilotar carros que correm mais de 250 quilômetros por hora.
— Mas eram carros.
— Eu juro que não passo de 20 se você estiver com medo. — Digo e ela concorda com a cabeça lentamente.
Sendo assim, coloco meu capacete, dou um a ela e subo na moto. Depois de ouvir uma respiração funda, sinto-a atrás de mim. Procuro pelas suas mãos e prendo-as em volta da minha cintura.
— Sabe de uma coisa, Ferraz? — Falo com um sorriso no rosto.
— Fala, Byrne.
— Quanto mais devagar eu andar, mais tempo você vai ficar agarradinha em mim. — Essa foi minha ótima tentativa de mudar o clima e eu quase conseguia sentir ela revirando os olhos.
— Então é bom acelerar.
Comecei a andar, na velocidade que eu tinha prometido, senti seus braços mais firmes em minha cintura e suas coxas me apertando.
— Byrne? — Ela fala gritando, provavelmente achando que eu não iria escutá-la.
— Sim?
— Se essa é minha primeira vez, é melhor fazer valer a pena, não? — Ela diz e eu assinto. — Bom, me mostre o quanto você gosta da velocidade, Byrne, acelera.
Eu acelerei.
Enquanto seus braços me apertavam, senti as mãos de Lisa agarrando minha jaqueta.
Apesar de estarmos indo rápido, mantive minha moto a menos de 100 por hora, muito distante da velocidade que eu costumo sentir quando estou nos circuitos, porque estamos andando pelas ruas de Londres em uma moto e ela quase sofreu um acidente. Embora, espero que goste do nosso curto passeio.
Por um breve momento pensei em escolher o caminho mais longo. Para Ferraz apreciar mais, claro.
Mas o trânsito nesse horário de almoço na capital inglesa faria com que perdêssemos a entrega do lanche dela.
Logo após alguns minutos, subo a rampa do nosso edifício e estaciono em uma das minhas vagas.
— Dois carros e uma moto, achei que teria mais. — Lisa zomba claramente.
— Esses são somente os que comprei aqui em Londres.
— Há quanto tempo você está aqui mesmo?
— Um mês e algumas semanas. — Respondo com um sorriso no rosto.
Saímos da moto e andamos juntos para o elevador.
Assim que as portas fecham fica nítido o nosso desconforto, o que é incrivelmente irônico se pensar o quão próximo estávamos na minha Harley.
— Caramba, já pegaram todos os panfletos. — Ela exclama e eu dou um sorriso de boca fechada. — Pelo menos o quase acidente valeu para alguma coisa.
E é essa frase que me faz soltar um suspiro.
Se ao menos ela imaginasse.
Até chegar no trigésimo segundo andar, digito um recado rápido aos funcionários da portaria.
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Príncipe dos Circuitos
RomanceLisa Ferraz é brasileira e irmã de um dos melhores pilotos de Fórmula 1 atualmente, mas tudo em sua vida começa a desandar quando o destino parece querer juntar ela e o maior rival do seu irmão. Liam Byrne, nunca foi de responder a ninguém. O piloto...