Capítulo 1

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Ainda de olhos fechados, sinto um peso em minhas costas com uma respiração constante batendo em minha nuca e uma dor de cabeça enorme

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Ainda de olhos fechados, sinto um peso em minhas costas com uma respiração constante batendo em minha nuca e uma dor de cabeça enorme. Merda, odeio ressaca.

Estico meu braço para alcançar meu celular e vejo que estou atrasada para o café da manhã, preciso correr se vou querer comer alguma coisa no hotel. Ao me mover, percebo que estou de conchinha com alguém, ele grunhe alguma coisa ainda dormindo. Não faço ideia de quem seja, a bebedeira de ontem realmente foi forte.

Me levanto deixando um homem - bem grande, por sinal - deitado sozinho em minha cama. As luzes estão apagadas, mas consigo perceber seu cabelo curto e escuro jogado no meu travesseiro.

Pego uma roupa rapidamente e vou em direção ao banheiro. E minha nossa, se a dor em minhas pernas não era um indicativo da minha festinha particular com o cara que ainda estava dormindo, com certeza as marcas que ele deixou por todo o meu corpo é. Uma pena que não me lembre.

Deus, nunca mais me deixe beber tanto, amém!

Tomo um longo banho que seria ainda maior se não estivesse atrasada, em poucas horas estarei oficialmente de férias e apesar de querer encontrar minha família no Brasil, vou voltar para Londres, onde minha casinha está. Preciso acompanhar meu irmão finalizando tudo na sede e logo depois pegaremos um voo para as festividades de dezembro.

Theo Ferraz é um dos maiores pilotos da fórmula 1 atualmente, quase com zero adversários diretos, vamos destacar esse quase. A dor de cabeça horrível que estou sentindo era para tentar tirar a derrota do meu irmão da cabeça.

Apesar de ter ganhado a última GP, com soma das pontuações, nesse final da temporada ele ficou atrás por apenas dois pontos do irlandês, Liam Byrne.

O ruivo e meu irmão tem uma rixa bem longa, e apesar do Theo ser considerado o bad boy e o Liam ter a fama de ser o mocinho das corridas, as coisas não são exatamente o que parecem ser.

Quando as câmeras são desligadas e os jornalistas finalizam suas entrevistas, o piloto queridinho é a pessoa mais insuportável que eu já conheci. Vive destratando o meu irmão, por nenhum motivo. Não basta ter dinheiro para comprar metade do mundo, precisa fingir ser um deus que não precisa respeitar nós, meros mortais.

Sim, eu coloco meus nervos para jogo quando esse assunto é mencionado, então a minha melhor opção era beber. Escapando do estresse, da decepção do meu irmão, do ataque dos haters nas redes sociais dele, do barulho dos motores.

Pode até parecer que não, mas amo essas competições e toda a agitação que elas trazem. Me permitem viajar o mundo fazendo o que eu gosto, fotografar. Meu irmão, depois de ser destaque nessa modalidade esportiva, decidiu me indicar para administrar suas redes sociais.

Aliás, meu diploma por ter cursado publicidade e propaganda ajudou na contratação pela Lanzot - a equipe em que Theo é o piloto. Portanto, sou responsável não só pela divulgação nas mídias sobre o meu irmão, quanto do seu companheiro Andrés Gutierrez.

É maravilhoso, mas sou uma mulher bem atarefada. Além de tirar fotos, criar planejamentos para divulgar a dupla e me comunicar ativamente com os fãs deles, preciso fazer um resumo de todas as minhas atividades e propostas para engajá-los e esperar a aprovação da Lanzot. E de quebra, dou alguns conselhos para minha cópia masculina, como se fosse a agente dele.

Depois de um banho relaxante e de colocar as roupas separadas, reparo que não irá cobrir algumas marcas que o homem misterioso deixou em mim. Dou uma pequena risada e depois reviro os olhos. É uma pena não me lembrar de como ele as fez.

Saio do banheiro e noto que ele está dormindo de bruços, belas costas por sinal. Pego meu estojo de maquiagem na minha mala, uma caneta e um pedaço de papel, pronta para escrever uma mensagem para o meu novo amiguinho. Merda, será que ele fala português? Pouco provável.

Olho ao redor, debaixo de um celular que não é o meu está um cartão acesso para outro quarto desse mesmo hotel. Escrevo uma despedida que parece ser um agradecimento, apesar da amnésia causada pela bebida, me sinto mais leve, como se o dorminhoco tivesse feito um bom trabalho. Concluo que caso seja parte dos funcionários envolvidos na fórmula 1 podemos manter algum contato, nem que seja saídas casuais, Deus sabe como estou precisando disso. Deste modo, aproveito para colocar meu número junto com uma aspirina.

Pego meu celular e programo um alarme para daqui 5 minutos, torcendo que ele escute e acorde. E entenda o recado.

Nesse meio tempo, volto ao banheiro para disfarçar um pouco a bagunça de cores que está o meu corpo, tendo que passar base em grande parte do meu pescoço. Deixo meu cabelo solto, pego um batom nude e passo um rímel, faria um delineado caso minha coordenação fosse boa.

Ligo o secador para dar um jeito nos meus cabelos molhados, examinando bem, talvez deva retocar as luzes, hora de mudar?

Iluminar mais um pouco?

Meu cabelo é um tom de castanho e fiz algumas mechas de um tom mais escuro, para dar uma vida a ele, eu gostei, mas fico pensando em fazer algumas mechas mais claras. Tenho várias pastas no Pinterest com vários tipos de morena iluminada, não sei se mudar o cabelo seria bom para mim agora.

Estou tão bem assim.

Depois de uns bons minutos, após aprovar meu visual, coloco uma jaqueta de couro por cima do uniforme da Lanzot e saio do banheiro.

O quarto antes escuro, já está com as luzes acesas. Olho para cama, onde estava um homem adormecido e me deparo com lençóis organizados. Ele arrumou a cama, uma cama de hotel. Não que eu seja desorganizada, mas uma das vantagens de se hospedar é a camareira, você sai para o café da manhã e na volta tudo está nos eixos. A melhor coisa sobre limpar a casa é quando você não precisa fazer a limpeza.

Além de uma cama perfeitamente arrumada, o que sem dúvidas me deixou de queixo caído, encontrei um bilhetinho em inglês.

Eu que deveria agradecer "mulher ocupada", gostaria de ficar e lhe proporcionar um bom dia adequado, no mínimo umas três vezes, mas preciso ir também, manteremos contato.

Dou um sorrisinho.

Por favor, preciso descobrir logo quem é esse homem.

Guardei tudo na mala, já que logo após o desjejum voaremos para Londres, e estava pronta para sair quando ouvi batidas na minha porta.

Ao mesmo momento que estava abrindo-a, ouvi uma voz masculina falar.

— Acho que esqueci minha carteira aí, obrigado pela aspirina a propósito, estou acostumado a beber mas acho que me empolguei. — Aquela voz grave ia se mostrando conforme eu abria a porta, me presenteando com uma alta estatura. Os cabelos que antes achei que fossem castanhos no escuro tinham na verdade um tom acobreado e seus olhos eram azuis.

Quando meu cérebro, enfim, processou toda a informação, meu sorriso morreu no mesmo momento em que os olhos dele se arregalaram.

Nós dois não fomos preparados por esse momento.

Eu não me lembrava que dormi com ele, assim como Liam Byrne - o principal adversário do meu irmão - não se lembrava que era na minha cama em que passou a noite toda.

Essa troca de olhares foi rápida, assim como a ficha caindo para nós.

Foi instantâneo, assim como foi instantâneo eu fechar a porta, infelizmente, depois que puxei o vencedor da temporada mais recente de fórmula 1 para dentro do meu quarto.

Príncipe dos CircuitosWhere stories live. Discover now