Um Dia te Desenhei (Final)

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Sandra estava realmente bastante cansada. O toque de seu corpo naquela cama quente e macia lhe fez de súbito cair no sono.

Aproximadamente uma e meia da manhã, Sandra sentiu uma mão morna apalpar a sua testa. Não conseguiu decifrar o rosto, pois estava delirando de febre. Subitamente voltou ao seu pesado sono. Sonhou a noite inteira com aquele belo quadro que estava na sala de estar daquela humilde casa.  O quadro havia mexido com seus sentimentos por já tê-lo vivido. Aquela imagem soava paz, um eriçamento de pelos que nunca mais havia sentido antes. Sandra não admitia, mas já se sentia angustiada, sufocada por seu trabalho. Já nem se dedicava mais a viver a vida. Aproveita-la como se deve aproveitar.

Ao amanhecer o dia, se sentiu tão íntima naquele lugar, sentia-se que realmente estava em sua casa; deu-se por conta de que não estava quando o raio do sol emitiu uma débil luz perante a janela, iluminando os móveis do quarto.

Levantou-se e se dirigiu até a sala de estar, onde a Senhora tricotava algum tecido.

– Bom dia! – disse Sandra em um suave tom.

– Oh, Bom dia, minha filha. Como foi a sua noite? Dormiu bem? Vejo que está bem melhor, graças ao nosso glorioso bom Deus.

– Sim. Obrigada. Sinto-me bem melhor. Agradeço-lhe muito a sua estadia.

– Venha. Senta-se. Tome este café. – disse a idosa estendendo uma cadeira.

– E Pedro... chegou ontem de viagem? – perguntou Sandra.

– Sim, minha filha. Chegou tarde da noite, como eu supus. Preocupou-se muito com o seu estado quando eu disse que você estava enferma.

Sandra lembrou-se do toque da mão em sua tez. “Provavelmente foi ele”, monologou. "Que descarado e aproveitador".

– E onde ele se encontra neste momento? – perguntou Sandra, adoçando o seu café.

– Ele provavelmente está no seu cantinho predileto; sentado na beira do píer, a pensar. Ah, lá está ele, como eu realmente imaginava. – disse a idosa olhando pela a janela.

– Posso falar com ele? – perguntou Sandra.

– Oh, sim querida. Mas é claro. Vou levar você até lá.

– Não precisa. Deixe-me ir sozinha. – disse Sandra, olhando da janela.

– Tudo bem querida. Obrigada por refazer a vida do meu filho. Não tenho palavras para expressar o meu agradecimento por você. Os seus olhos, minha filha, exprimem o mesmo afeto do desenho. Não sei como explicar isso. Foi, com certeza, a maior obra que meu filho desenhou. Bendito seja você.

Sandra se emocionou com aquelas palavras da complacente senhora. Novamente eriçou-se.

"Não foi apenas um sonho", pensou Sandra. "Talvez seja outra coisa. Ele deve me conhecer de outro lugar. Mas agora mesmo vou sanar minhas dúvidas".

Chegando ao píer, Sandra viu Pedro jogando pedras no rio e cantarolando alguma musica que ela não conseguiu decifrar. Aparentava estar feliz, apesar da triste canção. Aproximou-se dele e disse:

– Olá! Bom dia.

Pedro olhou para moça com o coração transbordando de felicidade.

– Olá – disse ele – Então você veio!

– Sim. Para esclarecer algumas dúvidas.
Pedro olhou fundo nos seus olhos e disse:

– Pois então diga.

– Não pense que eu cairei tão fácil assim. – disse a moça, subitamente, alterando o seu humor sereno para um repugnante. – De onde você me conhece, Pedro? Me diga.

– É algo divino, Sandra. Não me peça explicações, por favor. Deus colocou você em meus sonhos, e o próprio Deus planejou para que nós nos conhecêssemos.

Sandra se mantinha cética.

– Eu jamais exporia a imagem de alguém sem pedir a permissão. Sonhei com você á dois anos atrás, e de lá para cá nunca havia exposto o seu quadro, pois esperava um dia, de alguma maneira, encontrar você. Havia desistido, por isso expus naquele dia. Mas agora te encontrei. Você não sabe o quanto eu te procurei, Sandra. Você pode achar que é loucura, mas viajei a diversos lugares procurando por você. Diversos. Em meu sonho você parecia ser tão real. Agora vejo que realmente você é. Você é real, Sandra, e mal posso acreditar nisto. Você é tudo o que eu sonhei para minha vida. Tudo.
Sandra virou as costas para Pedro, e disse:

– É difícil acreditar nisso. Ponha-se no meu lugar.

– Ponha-se no meu lugar também, Sandra. Olhe profundamente nos meus olhos e me diga se estou mentindo. Eu te amo.

Algumas lágrimas rolaram na face da moça. Em vão tentou retê-las. Sandra também o conhecia, só não sabia de onde. Seria algo realmente divino como ele havia dito?

Pedro solicitou a mão de Sandra, e esta, sem relutância, cedeu. De súbito lhe veio à lembrança do quadro.

Caminharam na direção de uma linda árvore, próxima ao rio

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Caminharam na direção de uma linda árvore, próxima ao rio.

Sandra já não conseguia esconder o seu sentimento. Sim, Sandra também estava visivelmente apaixonada por Pedro.

Da janela da casa de Pedro, o garotinho olhou admirado para aquela cena, e disse:
– Veja Vovó! Aquela cena do papai e a moça juntos é igual ao quadro que o papai desenhou.

A idosa olhou para o quadro em que Sandra havia sonhado e tanto admirado, e disse:

– Às vezes, meu filho, Deus desenha nossos destinos em nossos próprios sonhos.

Fim

Autoria: Jim Patrik

Autoria: Jim Patrik

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