Suspeito Improvável

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O detetive Arthur acordou sobressaltado naquela madrugada, tateando o criado-mudo a fim de encontrar o telefone que tocava insistentemente

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O detetive Arthur acordou sobressaltado naquela madrugada, tateando o criado-mudo a fim de encontrar o telefone que tocava insistentemente. Sonolento, tentava distinguir o que a voz dizia do outro lado da linha.

Rua do Beco, próximo à Catedral metropolitana, uma viela larga com pouca luminosidade.

"Está certo. Já estou me dirigindo", respondeu.

— O que foi, amor? — perguntou sua esposa, sentindo a falta do calor do marido.

— Trabalho. Logo mais eu volto. — disse dando um beijo em sua tez.

Chegando ao local do crime, iluminado pelas sirenes, Arthur foi conduzido por agentes da policia. As lanternas dos agentes evidenciavam um brutal assassinato naquele beco.

Ao que parecia, tratava -se de um jovem. A precisão de sua idade, por ora, era praticamente impossível, pois seu crânio não passava de uma jaca madura, completamente estraçalhada. Uma imensa pedra, matizada de sangue, jogada ao lado do corpo, evidenciava ser a arma do crime. Arthur petrificou-se com o tamanho da brutalidade. O sino da igreja vinha, instigando ainda mais a cena que passava em sua mente.

Blooommm, blooommm, blooommm

A pedra fragmentando a cabeça do jovem.

Blooommm, blooommm, blooommm

A mais horrível onomatopeia.

— Meu filho! — berrou a mãe do garoto.

Aquela era a parte que Arthur mais odiava no trabalho. A chegada dos familiares. Por mais que presenciasse dezenas de cenas como aquela, aquilo parecia que sempre era a primeira vez.

Além da mãe, o pai e o irmão da vítima também correram para se agonizarem em desespero.

— Vou fumar algo. — disse Arthur, logo depois, seguindo até à esquina. Estava frio àquela noite, precisava acender seu charuto.

Mas os prantos dos parentes o perseguiam entrando como uma adaga em seu coração, respirou fundo para manter a solidez psíquica.

— Sente-se bem? — perguntou John, seu parceiro.

— Você viu a situação que ficou a cabeça do garoto? Como será o velório desta família, com o crânio do menino esmigalhado?

— Sim. Uma brutalidade inumana. Acabo de me informar que o menino tinha apenas dezesseis anos. Dezesseis anos, cara! O que este garoto fez para merecer um fim tão trágico assim?

— Não sei. Mas garanto que este crime não ficará impune. Amanhã de manhã, cedo, quero os relatórios da perícia em minha mesa.

— Certo.

— Assuma por enquanto, John. Eu não me sinto muito bem hoje.

— Durma um pouco, Arthur. Deixa que eu tomo conta das coisas por aqui. Boa noite.

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