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Rayssa

É de madrugada quando sinto meu celular vibrar sem parar no meio do meu sono, demora pra mim finalmente despertar e ter forças pra procurar meu celular, tateio a cama até finalmente encontrar ele debaixo do travesseiro. Não vejo o nome e só atendo sem nem fazer ideia de quem seja.

Rayssa: Alô?- Falo com a voz grogue por conta do sono, ainda de olhos fechados e deitada na cama.

Tito: Ele se foi.- Demora até que eu reconheça a voz do Tito, na mesma hora eu sinto meu corpo despertar e abro os olhos, enxergando somente a escuridão do quarto.

Rayssa: Tito? Mais que merda tu tá falando? Quem se foi, cara?- Pergunto sem entender porra nenhuma e o porquê de ele tá me ligando a essa hora da noite.

Tito: Meu filho morreu Rayssa, Lorena perdeu o bebê, meu filho tá morto!- Fala com a voz embargada e eu noto que ele está querendo chorar só pelo timbre da sua voz.

Rayssa: Ou merda, puta que pariu.- Levanto da cama rapidamente sentindo um aperto no peito muito forte, meu Deus, Lorena é uma filha da puta mas não merece isso, nenhuma mulher merece na verdade.- Aonde você tá?

Tito: Em casa.

Rayssa: Tá, chego aí em 5 minutos, não sai daí, vou pedir um dos meninos aqui da frente pra me levar aí.- Só falo isso e então desligo a ligação, não querendo ouvir ele brigar comigo que tá tarde pra mim ir sozinha, velho protetor. Visto a primeira roupa que vejo na frente e calço minhas havaianas, decido deixar meu celular em casa e pego somente um casaco, passo a tranca na porta e com bastante cuidado abro a janela do meu quarto. Agradeço a Deus por a gente não morar em casa de altos e baixo e pulo a janela sentindo a brisa fria arrepiar todo meu corpo, a noite não está nada agradável e tá bem frio aqui no RJ. Visto o casaco e como eu sei que o portão da entrada faz barulho e meu pai tem sono leve, decido pular o muro, já fiz tanto isso na minha pré adolescência que estou até acostumada.

Pulo o muro rapidinho e quando chego do outro lado encontro Sabão e BG jogando Free Fire, rio sozinha e pego uma pedrinha do chão, jogando na direção dos caras que rapidamente joga o celular no chão e agarra o fuzil. Arregalo maior olhão e levanto os braços em rendição.

Rayssa: Ou caralho, sou eu, Rayssa.- Falo chegando perto deles que respira aliviado e larga o fuzil no chão de novo.

BG: Sua maluca, quer matar a gente porra? Chegando assim do nada, tá pedindo pra tomar um tiro.- O branquinho com cabelo rosa e dente de ouro fala e me olha serinho, dos dois BG é o mais sério e cara fechada.

Sabão: É sua doente, se a gente tivesse te dado um tiro nós morreria ainda, macaca prega.- Agora é a vez do pretinho com boné falar, Sávio é o mais tranquilo da dupla, é o bobão da turma, sabe? De todos os meninos da contenção do Tito ele é o que eu mais gosto.

Rayssa: Foi mal, eu não sabia que vocês iam se assustar tão fácil, viciados em FF, estavam fazendo o que a essa hora? GF?- Olho pra eles maliciosa e só Sabão acha graça da minha piada, BG continua sério e carrancudo.- Agora chega de palhaçada, preciso que vocês me levem até o Tito, ele tá precisando de mim agora.

Eles não falam nada e muito menos perguntam algo, os dois apenas pegam a arma e me levam até o Marlon, a gente tem que ir caminhando já que se meu pai ouvisse o barulho de moto ele saberia logo que fugi, então eu opto por ir andando mesmo. A gente chega rapidinho, já que meu pai decidiu morar em uma rua abaixo a casa do Tito, quando chego lá encontro Nandin e Pezinho na varanda fumando e conversando, lá na frente da casa tem mais dois meninos, Orelha e Falcão. Ninguém barra a minha entrada na casa e assim que entro a sala está toda revirada e com algumas coisas quebradas, procuro pelo Tito com medo que ele possa ter se machucado e encontro ele sentada na cama, uma garrafa de whisky pela metade na mão e uma cara sem expressão nenhuma.

Amor proibidoWhere stories live. Discover now