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Eu passei porraaa!

Rayssa

Cheguei na festa do meu velhinho e tava tudo tão lindo cara, nem parece que eu que organizei tudo e praticamente obriguei ele a colocar um pegue monte do Flamengo no meio do baile só pra mim tirar foto. E claro que ele fez minhas vontades né? Ele nega, fala que não vai fazer mas no fiz ele faz porque eu que mando nele. Ele jura que manda na relação, mas mal sabe ele que eu que mando.

Tiro bastante fotinha com meu viado e umas sozinha também, nem chamo o outro, já que ainda tô sem falar com ele, mas nem tô puta mais, estou só fazendo doce mesmo pra irritar o idoso, quero ver aquele safado de cabelo em pé. Aviso Roger que vou falar com meu pai e me afasto dele indo em encontro com seu Ricardo, que assim que me vê abre um sorriso e vem me abraçando me girando, eu rio achando a maior graça e seguro nele, a gente fica dançando uma espécie de forró e eu só gargalho alto. Eu amo meu pai demais, aposto que ele já tá ficando alterado e a gente mal chegou na festa. Por isso às vezes eu penso seriamente em parar de ficar com o Marlon, morro de medo do meu pai um dia descobrir e mudar comigo.

Minha chega do nosso lado e tira meu pai de perto de mim depois de eu pedir socorro com os olhos. Ela leva meu pai para o canto e eles dois ficam dançando agarrados, eu dou risada sozinha e quando noto Marlon se aproximando de mim eu meto meu pé e vou pro lado do Roger, que ri sem entender nada. Fico lá dançando com meu faixa e só sinto meu celular vibrar igual doído no meu bolso, mas ignoro e continuo rebolando até o chão como se nada tivesse acontecido.

Até que chega uma hora que sinto muita vontade de fazer xixi e chamo Roger pra ir comigo, no caminho pro banheiro a gente esbarra com Camila, que vira a cara pra mim é só fala com Roger e logo volta a abraçar o marido, que nem liga pra ela e tá encarando uma loira a sua frente. Vejo que ela tem marcas de roxo no rosto e no corpo mas ignoro com uma dorzinha chata de decepção no peito e me afasto com Roger atrás de mim, ela que escolheu isso pra vida dela e eu não posso fazer nada. Uso a chave que eu tenho pra abrir o banheiro comunitário que Marlon sempre coloca só pra mim pois tenho nojo de ir no outro que é pra todo mundo entro no banheiro. Faço meu xixi na paz de Deus e depois pego meu celular, vendo as mensagens do meu surtado, rio sozinha e mando uma foto dos meus peitos pra ele, o piercing no mamilo já está cicatrizado e agora a região não está mais tão avermelhada.

Desligo o celular rindo e saio do banheiro trancando, pego na mão do viado e a gente volta pro nosso lugar, agora minha mãe também está lá no meio e eu já chego rebolando minha bunda seca na sua frente, que ri me dando um tapa. Logo formamos um trio eu, ela e o viado e começamos a dançar até o chão. Não dá, eles são meus de lei, não tem jeito, amo demais esses dois. Olho para o lado e meus olhos se fixam em uma cabeça branca que agora caminha na minha direção, meu branquelo cabeça de cotonete. Abro um sorriso mas ele se fecha na mesma hora que vejo a putinha da Lorena segurando seu braço, fazendo ele virar, fico puta e encaro a cena pra ver o que vai acontecer, noto quando ela entrega alguma coisa na mão dele que faz o mesmo ficar mais branco do que já é, pique a cor do cabelo dele. Franzo a testa e quando penso em me aproximar é tudo muito rápido, fogos são lançados ao céu e os barulhos de tiros fazem o povo se desesperar.

Sinto uma mão no meu braço me puxando para trás e olho para os lados desesperada procurando minha mãe, mas só vejo Nandin com um fuzil atravessado nas costas me levando para longe do baile, não demora muito para eu ser jogada dentro do carro do meu pai e minha mãe me abraçar. Me encolho em seus braços e logo o carro é ligado, Nandin grita ordens para o motorista, que eu reconheço como um dos seguranças do meu pai e logo o carro está em movimento nos levando pelas ruas escuras do Salgueiro. Somos levadas de volta para casa em segurança e logo estou aconchegada no sofá com minha mãe, que faz carinho no meu cabelo.

Minha mãe tenta mandar mensagens para meu pai e eu para Marlon e Roger, que me fala que está tudo bem com ele e que chegou em segurança em casa, só Marlon que não me responde e eu já até imagino o porquê, bandido abusado do caralho foi pra guerra mesmo sabendo que não pode, pois o foco sempre é ele nessas invasões.

...

Já se passaram 2 horas desde que a invasão começou e nada de ninguém responder nada, já estou agoniada aqui como todas as vezes que meu pai e meu padrinho vão pra guerra. Descobri pelo insta de fofoca do morro que é a bope invadindo, eles vinheram prontos para fazer uma chacina como a do começo do ano, aonde mataram vários dos nossos, inclusive um dos meus melhores amigos Th, garoto que foi criado junto comigo. Fico atenta no insta e carregando a página toda hora, até que recebo uma notificação do Twitter de uns dos insta do Salgueiro, clico na mesma hora e sinto meu coração gelar e meu corpo suar frio com o que leio.

Rayssa: Mataram alguém dos nossos, mãe!- Falo desesperada sentindo as lágrimas começarem a descer rapidamente dos meus olhos. Abro a imagem que segue abaixo da legenda e sinto meu coração sair pela boca quando reconheço a blusa vermelha da foto.- Mataram meu pai, mãe!

Eita caralho! Que merda hein, gente? Mais que merda hein. Estou bem vibes, já falei que passei de série, né? Minha formatura inclusive foi ontem.

Amor proibidoWhere stories live. Discover now