007 - DESCONHECIDO

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Desde aquele dia, a rotina dos dois jovens futuros pais deu uma grande guinada e seus mundos viraram de ponta cabeça.

Claro, eles ainda eram irresponsáveis.

Sequer contaram a seus pais sobre isso ainda, mesmo com a quantidade de tempo considerável que já se passou desde aquele dia. De alguma forma, Hyun-seok conseguiu uma consulta com uma obstetra confiável que concordou em ter encontros com eles em segredo, e suas consultas seriam sigilo total. Foi uma grande irresponsabilidade da profissional? Sim. Mas, quando ela viu aqueles dois adolescentes que estavam claramente desesperados (Hyun-seok era muito expressivo), sua compaixão tomou conta, e ela concordou recebê-los, mas com a condição de conhecer os pais de ambos antes do fim da gravidez. Ela os fez jurar, e que se isso não acontecesse, se eles mostrassem o mínimo de ações suspeitas, ela iria arrumar um jeito de acessar seus responsáveis de algum forma e revelar o que tanto acontecia naquela sala de obstetrícia.

A mulher era realmente muito inteligente. Tendo uma carreira tão vasta, ela certamente já vira diversos muito semelhantes àquelas crianças, e, sejamos sinceros, não era preciso ser nenhum gênio pra descobrir quais eram as intenções daqueles dois.

A mulher simplesmente fingia muito bem.

Ela os recebia, conversava com eles, dava dicas e respondia todas as suas perguntas.

— Dra. Lee, é realmente normal minha barriga não crescer? Mesmo com a quantidade de semanas?

— Hye-jin, não se preocupe, está tudo bem com o bebê. Tudo isso depende bastante do corpo da mamãe, está bem? Como você sempre foi muito magrinha, creio eu que até o fim da gravidez, sua barriga não crescerá muito. Mas claro, tudo vai depender do pequenino aí dentro.

— Dra. Lee, com quantos meses ela está mesmo?

— Cerca de 4 meses, mas o termo correto seria mais ou menos 17 semanas. A Hye-jin acabou de entrar no segundo trimestre. Parabéns!

De algumas semanas pra cá, não foram tantas mudanças significativas quanto parece.

A barriga da Hye-jin continua lisa, a única diferença é um pequeno ponto inchado no canto inferior da barriga dela que ela jura ver todas as vezes em que se admira no espelho.

Hyun-seok sempre diz que continua a mesma coisa de antes, mas apenas para zoar com a cara dela. Ele, com toda certeza, não via o local com tanta frequência quanto a própria Hye-jin, desde que é ela que carrega o pequeno pãozinho, mas mesmo assim, ele teria que admitir ter visto uma pequena, mas presente elevação em seu estômago.

Embora ela mentisse, e não demonstrasse, Hyun-seok sabia. Ela começou a gostar da gravidez, ela aceitou a criança como deles, mas ela se recusava a admitir. Para Hyun-seok, ela não precisava, suas ações mostravam tudo.

A rotina escolar é a mesma de sempre. Entediante para Hyun-seok, irritante para Hye-jin.

Lidar com aquelas pessoas faziam Hye-jin querer estrangular Hyun-seok toda vez que ela o via. E isso era o tempo todo. A Dra. Lee disse que essas alterações de humor eram normais, já que os hormônios da Hye-jin estavam se adaptando a presença do bebê.

Na opinião de Hyun-seok, ela não parecia tão diferente de antes.

Mas com exceção de uma coisa.

Ela chorava, e com frequência.

Em um momento, ela estava séria, como sempre foi. Em outros, cruel, julgando e intimidando as meninas mais novas. Em outro momento, ela estava comendo duas vezes uma porção de comida que ela normalmente não comeria, e chorando por não conseguir se controlar.

Estava ficando cada vez mais difícil esconder isso dos pais. Embora Hye-jin não tenha percebido, a mãe começou a observa-lá faz alguns dias, era sutil e quase inexistente. Mas ela observava, e perfeitamente. Quem pudesse ver, certamente encontraria as engrenagens de sua cabeça funcionando a todo vapor.

Após mais um dia relativamente noemal no colégio, Hye-jin e Hyun-seok se deitaram em suas camas, em suas próprias casas, cansados, e dormiram imediatamente.

Mal saberiam o que os esperavam no dia seguinte.

Eles não esperavam que, 2 meses antes, momentos depois deles saírem do quarto da Hye-jin, logo após a descoberta da gravidez, a empregada teria entrado. Como de costume, ela começou a limpar o quarto e arrumar o que estava fora do lugar. Hye-jin era rigorosa e odiava desorganização, tanto que aceitou com relutância que uma empregada limpasse seu quarto, pois, se ela pudesse, limparia com suas próprias mãos. Indo de lá pra cá, limpando e limpando: ela chegou ao banheiro. A primeira vista, ela não tinha percebido nada, fez o que deveria fazer e logo ia sair, não antes de lembrar de repente e parar, voltando para retirar o lixo. Ela não deveria ter voltado, pois, ao se abaixar e olhar para o lixo, encontrou algo que nunca imaginaria: 3 testes de gravidez, todos positivos.

Ela sabia de quem era, e não tinha dúvidas.

Agarrou aqueles testes o mais rápido que conseguiu, sem ligar para o fato daquilo ser sujo, os colocou no bolso da frente do uniforme e retirou o lixo normalmente. Por fora, a mulher parecia calma, como uma gota de água no oceano. Mas quem escutasse seu coração, o escutaria descompassado, agitado e horrorizado.

A mulher fez seu trabalho como deveria, mas, a partir daquele dia, se dedicou não só a limpeza da casa dos Seo. Dedicou-se a filha deles, Hye-jin, e ao futuro neto dos patrões.

Ninguém saberia, mas ela observava tudo.

Aqueles testes não sumiram como deveriam, e é isso que Hyun-seok e Hye-jin vão descobrir amanhã de manhã.

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