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[ KIM ]

Depois desse dia, eu continuei seguindo o Kris para todo e qualquer lugar, eu realmente paguei suas dívidas e agora eu tinha uma desculpa para fazê-lo meu.

Ele me olhava como se eu fosse um desgraçado maluco que usava sua fraqueza para me beneficiar. Ele estava certo. Eu usei até a última gota da minha existência para confina-lo a mim.

Até que um dia ele simplesmente começou a me aceitar.

Olhando para isso, foi estranho.

Ele sorria ao cantar pra mim, acariciava meus cabelos enquanto eu me deitava em seu peito. Nunca o amei de forma romântica, sempre o vi como uma propriedade, não tenho motivos para dizer que o amor era amor. Até porque esse era um sentimento que eu não conhecia. Ou fingia não conhecer pois tinha medo de amar aquele homem com a voz de um anjo.

Kris se tornou minha única fonte de luz, ele iluminava minha vida injusta e sombria. Cada sorriso e cada palavra sua tinham incríveis poderes sobre mim... Eu percebi tardiamente que só era uma marionete.

Anos se passaram desde que nos conhecemos, os dias eram perfeitos pra mim, eu o ajudei financeiramente de acordo com o que eu podia. Mas é como dizem, você oferece a mão e já lhe querem o braço inteiro.

Eu pensei que estava o prendendo a mim, mas na realidade era ele quem me tinha na coleira.

Quando eu assumi a Família Theerapanyakun, eu sabia que teria riscos. Meus irmãos mais velhos simplesmente correram o risco de não se envolver com a máfia e deixaram tudo de lado.

P'ThanKhun nunca se envolveu pois ficou com sequelas de seu sequestro de quando ele ainda era só uma criança, P'Kinn deixou tudo por Porsche, Vegas deixou tudo por Pete, levando Macau com eles... Só restou a mim para assumir.

E foi Kris quem me pediu isso.

Kris me disse: - Você foi o único que restou para seu pai... Ele te ama, você pode fazer isso, não é, Kim?

Idiota.

Era isso que eu costumava ser.

Eu simplesmente acatei suas palavras e assumi aquele trono sangrento, eu sabia que vidas inocentes seriam ceifadas por minhas mãos e comandos, mas desde que Kris estivesse ao meu lado, estava tudo bem. Aquelas vidas não seriam nada comparadas a dele.

Mas quanto mais eu estabelecia a família que acabara de ser arruinada, mais estranho ele ficava. Os negócios cresciam e ele ficava ganancioso.

Não foi difícil para entender — depois de ter uma arma apontada na minha cara — que aquele homem nunca me amou. Ele usou minha obsessão por ele para arrancar tudo de mim.

Ele assumiu que de início não me via daquela forma, ele riu de mim naquele quarto fedorento em um lugar desconhecido... Ele fez um monólogo incrível de como eu o desviei dos caminhos corretos da vida enquanto o prendia ao meu lado.

Que engraçado.

Ele deveria ter ficado machucado, com medo de pessoas como eu... Não ser alguma espécie de louco por poder.

Naquele lugar, eu estava só. Por confiar tanto nele, por querer tanto que ele permanecesse ao meu lado, eu cegamente o segui e mandei meus guardas embora. Eu pensei que ele iria se abrir pra mim, eu pensei que ele estava se tornando como eu — Louco por ele. Eu pensei que ele estava ficando louco por mim também.

Ele de fato ficou louco ao apontar aquela arma na minha cara.

- Sabe Kim, eu realmente desejei que você morresse algumas vezes. Mas você não merece morrer... Ainda. – Ele disse sorrindo, aquele sorriso que me fazia estremecer em êxtase de tanta felicidade, se deturpou e ficou insano. – Você tirou a coisa que eu mais queria de mim e não me deu nada em troca. Você pegou minha felicidade, minha liberdade... Meu tudo! E você não me deu nem um pouco de poder, de privilégio. Eu queria ser um artista, mas nem isso eu pude ser, e adivinha só, a culpa foi toda sua. – Ah, ele estava certo. – Mas eu conheci um homem bom, ele me deu de tudo e me prometeu me dar ainda mais se eu entregasse sua família a ele. E eu quase consegui, mas aquele louco do Vegas acabou com tudo! DON ERA O AMOR DA MINHA VIDA! – Ele passou as mãos nos cabelos, gritando. – Eu chorei tanto e você nem viu isso. Eu estava com tanto ódio, eu queria tanto encontrar uma forma de matar aquele idiota do Vegas, mas ele sumiu. Ele e aquela putinha dele... E no fim, você nem desconfiou de mim. Foi divertido me ter ao seu lado, não foi? Mas agora o amor da minha vida se foi. – Ele andou até uma mesa, deixando sua arma lá. – Eu estou indo embora desse lugar e da sua vida. Saiba que agora eu estarei dando continuidade ao legado de Don. Eu estou fora. – Com isso ele se vira para uns homens que haviam acabado de chegar. – Vocês podem fazer o que quiserem com ele, só não o matem. Eu farei você, Kim Theerapanyakun, ver a queda da sua família. – E com o rosto sombrio, ele se foi.

𝑰𝑵𝑭𝑬𝑹𝑵𝑶 | 𝑲𝑰𝑴𝑪𝑯𝑨𝒀 [𝑪𝑶𝑵𝑪𝑳𝑼𝑰𝑫𝑨] [ REVISANDO ]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora