- E se essa nova relação entre Valentina e você não funcionar? Como será? – Meu pai perguntou e correspondi com uma triste expressão.

- Serei sempre a mãe deste pequeno e, caso Valentina e eu nos separarmos, continuarei ligada ao Léo...Sempre vou ser a mãe que ele escolheu, depois que perdeu sua mãe biológica e, enquanto viver, cumprirei com prazer este papel em sua vida. – Meu pai me abraçou de lado, beijando meus cabelos de leve como conforto.

- Léo escolheu uma grande mulher para ser sua mãe e sinto-me muito orgulhoso por ser o seu pai. Essa mulher, ou seja, você, sempre me encantou e encheu-me de orgulho desde a primeira vez que te segurei em meus braços. Quero que me perdoe por aparecer repentinamente e quase flagrá-las em um momento constrangedor, mas, precisava ter certeza que você estava certa de sua decisão quanto ao bebê.

- Tem certeza agora?

- Depois que te vi com Léo e percebi sinceridade em suas palavras, adquiri esta certeza e estou imensamente feliz por ter ganhado um neto. – Discursou, acariciando o rostinho de Léo e sorri largamente.

- Mamãe não ficará feliz com a notícia de tornar-se avó... – Comentei despretensiosamente e meu pai bufou, fazendo uma careta ao término de minhas palavras.

- Sua mãe precisa compreender que está ficando velha. Somos pais de duas filhas e não estamos mais jovenzinhos. Não é porque ela se casou com um homem mais novo, que significa que voltou no tempo... – Sorri mediante sua reclamação, provocando um risinho de Léo também, parecia desejar me imitar.

- Mamãe não aparenta sua idade, papai...mentalmente, por exemplo.

- Sônia é realmente uma mulher muito bonita, mas já tem idade para se tornar uma avó e acho que vai precisar se conformar com esta nova realidade. Ela e o tal Paul, estão ficando velhos e quanto mais cedo se conformarem, melhor para toda família. Não deixe que este pequeno chame Paul de avô, apenas Marcos e eu, possuímos este direito. – Seu tom de voz era bravo e irritando, decidiu até mesmo, voltar com a leitura de seu jornal em silêncio.

Meus pais eram divorciados desde minha infância, mas, às vezes, tinha a impressão que papai ainda gostava de mamãe, todas os momentos que mencionava o nome de seu novo marido, ficava irritado e calado. Quando ocorreu o processo de separação, optei por ficar com meu pai, não queria deixá-lo sozinho. Aproximadamente aos quinze anos, minha mãe conhecera Paul e resolvera se casar novamente, o que me deixou feliz, sempre me preocupava por ela viver sozinha em casa, enquanto Carol estava na faculdade. Seu novo marido era simpático e agradável, mas devido ao ciúme que meu pai sempre sentira, procurava manter distância desta relação e, após minha mudança para Miami, essa distância aumentara, alimentando apenas ligações telefônicas entre nós. Ela se queixava da distância que existia entre nós e, apesar de amá-la, não consegui evitar este afastamento, desde de muito jovem já aprendera viver sem sua presença.

Meu pai, ao contrário, nunca mais se casou. Segundo suas palavras, era um coração solitário, nunca fiquei sabendo de qualquer envolvimento seu com outra mulher depois de minha mãe e, honestamente, desejava há anos que se apaixonasse por alguém, não suportaria a realidade de uma intensa solidão em sua vida. Lembro-me de convidá-lo para morar comigo em Miami, mas, segundo seus relatos, ele era uma alma londrina e não se imaginava vivendo em outro lugar que não fosse a terra da realeza. Desta forma, seguíamos separados por um oceano e quando estávamos juntos, percebi intensamente o quanto sentia sua falta.

- O senhor será o único avô materno de Léo...O único e o melhor, prometo. – Falei, aproximando-me e beijando seu rosto, observando-o disfarçar um sorriso.

Enquanto meu pai continuava concentrado em seu jornal, fui com o pequeno para o quarto e troquei sua fralda. Depois, levei-o para cozinha e preparei sua amada mamadeira. Quando me sentei no sofá novamente para alimentá-lo, meu celular denunciou a chegada de mensagens e com apenas uma das mãos, segurei Léo e a mamadeira e com a outra, verifiquei a notificação do aparelho, sorrindo ao notar que era Valentina.

Mi Persona Favorita - ValuWhere stories live. Discover now