Eu acho que já tive o suficiente

capítulo 3: diga que me ama volte e me persiga

Um longo momento de silêncio se passou. A garotinha olhou para Patrick, "Então você é meu... meu verdadeiro pai?" Sua voz era confusa e inocente.

"Não", Patrick balançou a cabeça e colocou a mão nas costas dela. Ele esperou, tentando reunir coragem para lidar com isso acolhedoramente. Ele também estava tentando compreender todo o desastre. "Sou apenas seu pai biológico. Você já teve um pai de verdade." Ele pausou novamente, "Eu não vou substituí-lo. Você pode até me chamar pelo meu primeiro nome, se quiser." Ela olhou para ele. "A propósito, é Patrick."

A garotinha assentiu e não falou nada. Mas ele viu o alívio em seus olhos. Ela ficou quieta de novo, concentrando sua atenção no desenho animado da princesa que passava pelo canal Disney. Ela se tornou novamente para olhar para ele. Sua voz era mansa e frágil, "Por que você me entregou?"

Essa foi uma pergunta que o pegou desprevenido. Depois da manhã que teve, nada deveria ser inesperado. Esta questão, no entanto, parecia desconfortável. Patrick suspirou, "Bem, para dizer a verdade, eu nem sabia que você existia até que você veio aqui esta manhã. Se eu sabia, acho que não..." ele deixou sua frase morrer.

"Você não era casado com minha mãe biológica?" ela perguntou com maturidade. Ela era bastante inteligente para uma criança de 6 anos.

"Não, eu não era", ele balançou a cabeça, tentando não se lembrar de cada momento que passou com Ellen.

"Você não a amava?" Emilee estava genuinamente curiosa. Seus olhos estavam arregalados e interessados.

Patrick engoliu em seco e caiu em uma espécie de torpor. "Eu a amava muito", respirou Patrick.

Patrick olhou para o céu e as estrelas pareciam brilhar claramente. O que era raro em Los Angeles. Ele passou a mão pelas escadas de metal de seu trailer. Um trailer que seria enviado de volta para o armazenamento amanhã e logo depois atribuído a um ator diferente. Um novo show, uma nova história, uma nova aventura. Com isso, levaria todos os segredos mais obscuros de Patrick.

Ele ainda podia ouvir a festa de encerramento da série em pleno andamento à distância. De repente, ele ouviu algo mais próximo que o assustou. Uma tosse silenciosa e depois uma fungada quebraram sua concentração. Patrick virou a cabeça, mas não viu nada. O som de outra tosse ecoou levemente entre os trailers. Ele se manteve e caminhou lentamente pelo beco escuro. O volume das fungadas estava ficando mais alto quando ele virou a esquina.

Lá ela se sentou, seu longo vestido verde fluindo por seus próprios padrões de metal. Ele não disse uma palavra enquanto se sentava ao lado dela na escada. Ela descansou a cabeça no ombro dele; um suspiro silencioso e doloroso escapou de seus lábios. Ele pegou sua mão macia na dele. "O que acontece agora?" ela sussurrou.

"Eu não sei", ele devolveu o sussurro. A ideia de acordar amanhã e nunca mais voltar a este lugar era apavorante para ele. Porém, mais apavorante do que acordar sem emprego era o medo de nunca mais ter a chance de segurar Ellen em seus braços novamente. Um nó de emoção se formou em sua garganta. Ele tentou limpá-lo, mas falhou miseravelmente. Foi nesse exato momento que Ellen começou a soluçar baixinho. Patrick segurou seu corpo frágil com mais força, "Não chore El", sua voz falhou com a emoção quando ele disse isso e uma lágrima escorreu por sua consideração. "Vai ficar tudo bem."

"Acabou Patrick", ela soluçou novamente. "Acabou mesmo." Um frio estranho se manifestou por suas costas e pelos braços. O significado de suas palavras foi mais profundo do que apenas um final triste para sua série de sucesso, ambos o conheceram. Outra lágrima derramou sobre sua cabeça. Ellen enterrou a cabeça em seu pescoço; ele podia sentir suas lágrimas quentes escorrendo pela frente de sua camisa.