56

309 32 11
                                    

Contar tudo o que aconteceu desde que comecei a trabalhar na mansão implica em relatar como descobri o histórico médico de Bernardo, pois foi um crime, e isso me deixa muito apreensiva

Oops! Questa immagine non segue le nostre linee guida sui contenuti. Per continuare la pubblicazione, provare a rimuoverlo o caricare un altro.

Contar tudo o que aconteceu desde que comecei a trabalhar na mansão implica em relatar como descobri o histórico médico de Bernardo, pois foi um crime, e isso me deixa muito apreensiva. Se o pai de Vallentina conseguiu uma tutela de emergência para que ela arrancasse Bernardo de uma consulta médica, o que ele poderia fazer comigo sobre ter entrado na mansão e mexido nas coisas de Vallentina sem o consentimento dela? Alterno olhares entre os avós de Bernardo e Maurício tentando encontrar um equilíbrio sobre os riscos que corro e a importância dessa conversa, e essa importância não tem a ver com justificar o surto de Vallentina, mas revelar o que estava acontecendo e ninguém sabia. Tem a ver com expôr o que Vallentina escondia e o quanto isso prejudicou a saúde de Bernardo.

— Vamos.

Minha pele queima, mas não sei se é pelo calor da mão de Maurício na minha, ou pelos olhares de condenação dos pais de Vallentina sobre nós. Evito olhar diretamente para não perder o foco na ligação que Maurício e eu acabamos de estabelecer escolhendo deixar nosso relacionamento em evidência. Parece precoce, mas como ele disse, é verdadeiro.

— Vocês não se envergonham do que estão fazendo? — o pai de Vallentina questiona assim que nos aproximamos. Escondo minha indignação com a pergunta e deixo que Maurício tome as rédeas dessa situação.

— José Miguel, Ângela, essa é Diandra — diz ele, rejeitando a pergunta deixada no ar. — Diandra, esses são os pais de Vallentina.

Faço apenas um aceno de cabeça, pois sei que apertar a minha mão está longe de ser algo que eles queiram fazer agora. O mais adequado seria apertarem meu pescoço.

— Deixa eu adivinhar... — inicia dona Ângela, de quem Vallentina herdou o tom ruivo dos cabelos. Seus olhos estão cravados em Maurício, como se eles pudessem feri-los apenas por estarem em sua direção. — Você trouxe sua amante pra cá só pra...

— Peraí! — interrompo-a, me colocando entre os dois. Consigo sentir Maurício segurando meu braço como um lembrete do que me pediu minutos atrás. — Em primeiro lugar, eu não sou amante de Maurício! Em segundo, estou aqui a pedido do médico responsável pelo caso de Bernardo. Em terceiro...

— Por que a gente não vai pra um lugar mais reservado? — pede Maurício, forçando meu braço um pouco mais dessa vez. — Se vocês querem entender o que aconteceu, não podemos ter essa conversa na rua.
— Eu tive uma ideia melhor — diz o velho que ainda não tinha aberto a boca. Ele alterna olhares entre mim e Maurício sem nem piscar —, nós poderíamos incluir Vallentina nessa conversa. Acho que ela merece participar e falar por si.

Não consigo evitar que uma ruga se forme no meio da minha testa, e acho que emiti algum som estranho, de quem quer rir e depois dizer que isso é uma ideia idiota, mas tudo ao mesmo tempo.

— Vallentina teve um surto psicótico, José Miguel — Maurício o lembra. Ângela desvia o olhar para o lado e depois abaixa a cabeça. — Mordeu uma enfermeira e teve que ser sedada.

Entre erros e acertosDove le storie prendono vita. Scoprilo ora